O SANTO ROSÁRIO: INAPRECIÁVEL TESOURO DE GRAÇAS

Como uma doce melodia que, superando a agressiva cacofonia hodierna, chama todos a se voltarem com confiança para a Mãe de Deus, assim ressoou nos corações católicos a Carta Apostólica O  Rosário da Virgem Maria, na qual o Papa João Paulo II proclama o Ano do Rosário e acrescenta-lhe os Mistérios Luminosos. Desejosos de fazer eco à voz do Sumo Pontífice, oferecemos a nossos  leitores alguns comentários de Dr. Plinio sobre essa devoção.

Sempre me foi motivo de sumo agrado tratar das excelências do santo Rosário, na medida em que para isso auxiliem minha adesão a essa insigne prática, além das recordações que conservo dos fatos históricos que a concernem. Nelas me apoio, portanto, para traçar aqui mais algumas considerações sobre essa devoção de inestimável valor para a piedade católica.

A revelação a São Domingos

Como se sabe, o Rosário foi revelado por Nossa Senhora a São Domingos de Gusmão, o grande fundador da Ordem Dominicana, numa época em que a Cristandade se via ameaçada pelo alastramento da heresia albigense por quase toda a Europa. Para detê-la, Deus suscitou aquele santo varão, que se empenhou de modo ardorosíssimo na conversão dos hereges, cujo foco de proselitismo se assentava na cidade de Albi, no sul da França.

Depois de muitos e baldados esforços, São Domingos se recolheu e passou três dias jejuando e rezando continuamente, a fim de obter do Céu o socorro de que tanto necessitava. Porém, como último resultado de preces tão fervorosas, não obteve senão o minguamento de suas forças. Ele, vigoroso, pugnaz e piedoso, acabou desfalecido.

E é tocante imaginá-lo nessa hora de esmorecimento, em que ele se volta a Nossa Senhora, e Lhe dirige uma derradeira súplica: Minha Mãe, não tenho mais forças, mas em Vós eu confio. E continuo a rezar, a rezar e a rezar, enquanto meus lábios puderem articular alguma palavra.

Vós sabereis o que fazer de minhas pobres orações. Depois de uma tão longa espera, diante de uma impetração tão meritória, o Céu afinal se manifestou. A Santíssima Virgem aparece e revela a São Domingos a devoção do Rosário, a suprema arma com a qual ele venceria a heresia. Mais ainda, entrega-lhe a prática piedosa que prolongaria por séculos a duração da Civilização Cristã, além e incutir alento a uma das maiores ordens religiosas da Igreja, em cujo seio floresceria São Tomás de Aquino e tantos outros heróis da Fé.

Torrentes de graças sobre a Igreja

E como se não bastassem esses benefícios, a recitação do Rosário se dilatou de tal maneira que, durante muito tempo, identificou-se com a piedade católica: uma e outra eram a mesma coisa. Fosse nos atos cotidianos da vida espiritual, fosse nas festas e celebrações de maior significado,  o Rosário  ou o terço sempre esteve presente como expressão do fervor das almas devotas. São Domingos recebeu da Rainha do Céu este mesmo Rosário cuja forma hoje conhecemos: começando pelo Crucifixo, que devemos oscular pedindo à Mãe de Deus que seja nossa intermediária e apresente a seu Filho nossas orações; em seguida, um Padre-Nosso, três Ave-Maria, um Glória, e depois as cinco dezenas em que meditamos nos principais Mistérios da vida de Jesus e de Maria Santíssima  Gozosos, Dolorosos e Gloriosos.

É simplesmente incalculável a torrente de graças que se efundiu sobre a Igreja Católica com a prática de recitar assim o Rosário, de onde o número também imenso de papas e autoridades eclesiásticas elogiando essa devoção. Louvores estes coroados pelas diversas aparições de Nossa Senhora, nas quais Ela se apresenta com o Rosário em suas mãos virginais, especialmente nas  visões de Fátima, em Portugal, quando recomendou aos homens, com tocante insistência, a recitação diária do terço. Além disso, a Igreja enriqueceu o Rosário com muitos privilégios e indulgências, inclusive plenárias, de maneira a fazer dele um verdadeiro tesouros de bênçãos inapreciáveis.

A beleza material e simbólica do Rosário

Entretanto, a meu ver a beleza do Rosário não se restringe apenas a essas excelências de ordem espiritual que ele proporciona às almas. A sua maravilhosa eficácia impetratória, o quanto ele é  agradável a Deus e a Nossa Senhora, externam-se também na forma material do terço, cercada de imponderáveis que nos fazem sentir a pulcritude dessa devoção, e com algo de bonito e de indizível que me parece superiormente adequado e insubstituível.

Recordo-me de quando eu era ainda aluno no Colégio São Luís, no início da década de 20, e percebi que começavam a difundir um tipo novo de terço, mais discreto, como pretendiam seus  idealizadores. Tratava-se de um objeto parecido com certas máquinas calculadoras de então, com duas fileiras de contas superpostas, umas maiores em que se rezavam as Ave-Maria e Padre-Nosso, e outras menores que marcavam os Mistérios meditados.

Era um objeto pequeno, para tomar o mínimo de espaço no bolso e se fazer ver o menos possível pelos outros.  Tinha tudo a seu favor: prático, barato, portátil e escondível (o que representava uma grande vantagem para os católicos com respeito humano). Não vingou…Nada podia substituir o velho Rosário, o maravilhoso Rosário de sempre, nas suas mais variadas modalidades!

Rosários pequenos, rosários graciosos, elegantes, delicados, para crianças de trato. Rosários modestos, rosários de operários, de trabalhadores manuais, pesadões e rústicos como é tantas vezes o trabalho manual, mas rosários fortes, dedilhados por mãos fortes que vão por cima daquelas contas. Rosário sério, rosário varonil, de guerreiro. Rosários de princesas, de rainhas, lavorados como verdadeiras jóias, assim como os rosários preciosos que pendem das mãos das imagens de Nossa Senhora.

Quantas formas de Rosário! Algumas falam de graça, de charme, fazem-nos ver algo da suavidade e da bondade régias de Maria. Outras nos fazem vê-La como protetora das crianças; outras, enquanto auxiliadora do homem pobre e trabalhador como foi o principesco esposo dEla, São José, descendente de David e carpinteiro. Outras, ainda, nos falam da piedade do varão guerreiro, do batalhador pelos ideais católicos, como foi o próprio São Domingos, enfrentando e vencendo com o Rosário a heresia albigense.

Aliás, esse atributo do Rosário como verdadeira arma do católico toda a vida me atraiu de maneira muito particular, razão pela qual sempre me pareceu que o terço ao lado de uma espada formava um conjunto de extrema beleza.

Estando uma vez em Buenos Aires, fui convidado à casa de um senhor que possuía uma das mais lindas coleções particulares de armas que tenho visto. Dispostas primorosamente em vitrines e estantes, eram de todos os tipos, sobretudo diversas formas de espadas e gládios. Ao contemplá-las me ocorreu este pensamento: Se eu tivesse liberdade com este homem, recomendar-lhe-ia que constituísse uma coleção de rosários tão rica quanto esta de espadas. E que a cada dia, no centro desta sala, sobre uma bonita mesa coberta de um forro prestigioso, ele renovasse a espada e o rosário em honra de uma imagem de Nossa Senhora que presidiria a coleção inteira. Creio que o seu museu particular tomaria outra vida e outra riqueza, de tal modo o rosário e a espada se  conjugam bem.

Nunca nos separemos do Rosário

E não será mesmo demasiado insistir nesta verdade: o Rosário é, para o católico, uma magnífica arma de guerra, dessa guerra mais importante e superior que é a batalha espiritual presente na vida de todo homem. Essa guerra que travamos diariamente contra as tentações e as ciladas do demônio que procura perder nossas almas. Dessa guerra, portanto, em que lutamos para resistir às investidos do inimigo de nossa salvação, para expulsá-lo, para vencê-lo, e para deixar nossos corações dispostos a receberem as graças de Deus.

Como já tive ocasião de comentar, o demônio tem ódio e horror ao Rosário, pois se este o põe em fuga é porque vem a ser um elo poderosíssimo que liga o homem a Nossa Senhora. E, portanto, se alguém se sente tentado, lembre- se de pegar logo o seu terço, e de pegá-lo fisicamente. Melhor e mais recomendável: nunca, nunca, nunca nos separemos dele. De tal maneira que o tragamos  conosco quando dormimos, quando descansamos; quando estivermos lendo ou fazendo toda e qualquer coisa, que o Rosário esteja sempre junto a nós. Mais ainda: durante o sono da noite, procuremos ter o Rosário nas mãos. E se recearmos que ele caia  e ele deve ser tratado com muita reverênciapenduremo-lo ao pescoço ou no braço, ou arranjemos um outro modo de o conservar ligado ao nosso corpo. Jamais larguemos o Rosário. É mesmo um conselho que se diria supérfluo para os autênticos devotos de Nossa Senhora.

E quando nossas mãos não puderem mais nem se abrir nem se fechar, mas forem fechadas por outros para a nossa última atitude de oração, que o Rosário esteja enleado no meio de nossos dedos. De maneira que, chegado o momento da grandiosa ressurreição dos mortos, e dentro do caixão em que fomos sepultados o nosso corpo recobrar vida, entre nossos dedos revivificados esteja o  santo Rosário. Assim, com este anseio e esta esperança, concluo: eu quisera que, no augusto momento em que todos os católicos forem chamados à ressurreição, e eu também ressurgir, o meu primeiro ósculo fosse dado ao Rosário que eu encontrasse cingido às minhas mãos…

 

Plinio Corrêa de Oliveira

Papa pede consciência e fim ao desperdício de alimentos

EXAME DE CONSCIÊNCIA

No Ângelus, Papa pede consciência e fim ao desperdício de alimentos

Evangelho deste domingo, 29, serviu de inspiração para o exame de consciência provocado por Francisco quanto ao desperdício de alimentos

Da redação, com Boletim da Santa Sé

Papa Francisco durante o Ângelus deste domingo, 29/ Foto: Reprodução Youtube Vatican News

Na manhã deste domingo, 29, Papa Francisco chamou atenção dos fiéis quanto ao desperdício de alimentos. “Nunca jogar fora a comida que sobra”, pediu o Santo Padre. O tema foi desenvolvido pelo Pontífice durante a sua tradicional reflexão que antecede a oração do Ângelus, e teve como inspiração o evangelho de hoje, que apresenta a história da multiplicação de pães e peixes, e a preocupação de Jesus para que nenhum alimento multiplicado fosse perdido.

O Santo Padre aproveitou a oportunidade para questionar os fiéis sobre o destino que eles costumam dar aos alimentos que sobram das refeições. “Cada um de nós pense: a comida que sobra no almoço, na janta, para onde vai? Na minha casa, o que se faz com a comida que sobra? Se joga fora?”, perguntou. Francisco recordou as pessoas que têm fome e pediu a todos que reutilizem os alimentos ou os dê para os que têm necessidade. “Este é um conselho e também um exame de consciência”, afirmou.
Além da questão alimentar, o Papa refletiu sobre outros ensinamentos presentes no evangelho e recordou como aconteceu o milagre da multiplicação. Segundo o pontífice, Jesus ao ver a grande multidão que o seguiu perto do  lago de Tiberíades, percebeu junto aos apóstolos que eles não possuíam dinheiro suficiente para alimentar aquela multidão. André, um dos doze discípulos, levou Jesus a um menino que havia oferecido tudo que tinha, cinco pães e dois peixes.

“Bravo rapaz! Ele, também ele, via a multidão; também via os cinco pães. Disse: “Mas eu tenho isto, se serve estão à disposição”. Este rapaz nos faz pensar um pouco em nós… Aquela coragem: os jovens são assim, têm coragem. Devemos ajudá-los a levar em frente esta coragem. (…) Com esta passagem do Evangelho, a liturgia nos leva a não desviar o olhar daquele Jesus que, no domingo passado, no Evangelho de Marcos, vendo “uma grande multidão, teve compaixão deles”. Também aquele rapaz dos cinco pães entendeu esta compaixão, e disse; “Ah, pobre gente…. Eu tenho isto”. A compaixão o levou a oferecer o que tinha”, comentou.

De acordo com Francisco, a partir da doação do rapaz, Jesus ordenou aos discípulos que fizessem as pessoas sentarem, pegou os pães e peixes, deu graças ao Pai, os distribuiu e todos puderam comer e ter saciedade. “Para as multidões, Jesus não se limitou a dar isto – ofereceu a sua Palavra, a sua consolação, a sua salvação e finalmente a sua vida – mas certamente fez também isso: cuidou da comida para o corpo”, observou.

Diante do exemplo de Jesus, o Pontífice reafirmou a postura que os cristãos, como discípulos de Cristo, devem ter. “Não podemos fazer de conta que não sabemos nada. Somente ouvindo as demandas mais simples das pessoas e colocando-se ao lado de suas situações existenciais concretas, se poderá ser escutados quando se fala de valores mais elevados”, pontuou.

O Papa prosseguiu reafirmando o amor de Deus pela humanidade e a Sua graça divina que nunca falha. “Jesus continua também hoje a satisfazer a fome, a tornar-se uma presença viva e consoladora, e faz isso através de nós. Portanto, o Evangelho nos convida para sermos disponíveis e atuantes, como aquele rapaz que se dá conta de ter cinco pães e diz: ‘Mas, eu dou isto, depois tu verás”, exortou.

Ao final da reflexão, Francisco convidou todos os presentes na Praça São Pedro, para que rezassem junto a ele, para que no mundo prevaleçam os programas dedicados ao desenvolvimento, à alimentação, à solidariedade e não àqueles do ódio, dos armamentos e da guerra.

Em uma síntese a sua reflexão, o Santo Padre pediu que duas coisas não fossem esquecidas, a coragem do jovem que dá o pouco que tem para alimentar uma grande multidão e o exame de consciência: “O que você faz em casa com a comida que sobra?”, concluiu.

Depois do Angelus

Depois da oração do Ângelus, o Papa fez memória ao Dia Mundial contra o Tráfico de Pessoas, data promovida pelas Nações Unidas e que será celebrada nesta segunda-feira, 30. “Este flagelo escraviza muitos homens, mulheres e crianças para fins de exploração laboral e sexual, tráfico de órgãos, mendicidade e delinquência forçada. Mesmo aqui, em Roma, as rotas de migração também costumam ser usadas por traficantes e exploradores para recrutar novas vítimas de tráfico. É responsabilidade de todos denunciar injustiças e se opor firmemente a esse crime vergonhoso”, afirmou.

Entenda qual é o verdadeiro papel da mulher na sociedade

A identidade e a força do papel e do ser mulher

revolução sexual trouxe um novo olhar sobre a mulher, mas está querendo tirar dela o seu verdadeiro papel, a sua verdadeira identidade.

Eu faço parte das mulheres do século XXI e tenho convivido com os inúmeros conflitos e questionamentos, que dizem respeito à mulher atualmente. Sinceramente, penso que nunca, em toda a história, nós tivemos tantas crises de identidade como hoje. Desde a revolução sexual, nos anos 60, a identidade e o lugar da mulher na sociedade são interrogados.

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Foto Ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Qual o valor da mulher? Ela nasceu apenas para ser mãe e dona de casa? Ela tem os mesmos direitos que o homem? A mulher é proprietária do seu corpo e, por isso, tem direito de fazer dele o que desejar?

Por outro lado, também são inquestionáveis as inúmeras conquistas femininas ao longo dos últimos séculos: o direito de votar, de participar ativamente na sociedade e no trabalho. É impossível não se lembrar da médica Zilda Arns, que trabalhou incansavelmente contra a mortalidade infantil, e fundou a Pastoral da Criança e do Idoso. Com certeza, você também deve lembrar-se de outras grandes mulheres que fizeram a diferença na história do mundo. Hoje, elas já têm um vasto espaço conquistado e consolidado.

Mas por que os conflitos continuam?

Em 1968, na cidade de São Francisco, nos Estados Unidos da América, as mulheres queimaram seus sutiãs. Para elas, isso representou a “queima” da opressão feminina. Hoje, muitas continuam afirmando que o topless é uma maneira de serem livres e usarem do seu corpo como desejarem. Mas, eu lhe pergunto: para você, isso é liberdade?

Entre a liberdade e a libertinagem existe um abismo. Sim, a revolução sexual trouxe um novo olhar sobre a mulher, mas trouxe, também, dilemas que tocam a própria dignidade humana. Usar a liberdade é o maior desafio existencial. Direito de ser mulher? Sim, é nosso direito assumir nosso ser feminino. Contudo, só quem sabe seus direitos é capaz de usá-los com a devida liberdade sem partir para a libertinagem. Quando somos libertinos, não há limites, tudo é válido e, por isso, não há mais o conceito de certo ou errado; qualquer coisa é relativa ou “normal”.


Relembro outra grande mulher dos nossos tempos, Madre Teresa de Calcutá, ela ganhou o prêmio Nobel da Paz, teve reconhecidos seu valor e seu papel como mulher na sociedade, mas nunca precisou queimar o sutiã para mostrar sua dignidade.

Explico-lhe, agora, o significado da palavra “dignidade” e a coloco no feminino. Segundo o dicionário, digna é aquela merecedora de elogios; honesta; honrada. Sinônimos para “digna” são: casta; correta; íntegra; imaculada. Quando nós deixamos de exercer a liberdade e passamos à libertinagem, ouso dizer que começamos a ser o antônimo de digna, ou seja, passamos a ser indignas; vis; inadequadas; inconvenientes; obscenas; indecentes; escandalosas; imorais; menosprezíveis; vergonhosas; baixas; pornôs; (o dicionário relata 75 antônimos para digno). É o resultado do mau uso da dignidade, virtude a que somos chamadas a viver como mulheres.

A força da mulher

Lutamos tanto para sermos iguais aos homens, que esquecemos nossa feminilidade. Na Carta Apostólica Mulieris Dignitatem, João Paulo II escreve: “A mulher é forte pela consciência dessa missão, forte pelo fato de que Deus ‘lhe confia o homem’, sempre e em todos os casos, até nas condições de discriminação social em que ela se possa encontrar. Esta consciência e esta vocação fundamental falam à mulher da dignidade que ela recebe de Deus mesmo, e isto, a torna ‘forte’ e consolida a sua vocação. Deste modo, a ‘mulher perfeita’ (cf. Prov 31, 10) torna-se um amparo insubstituível, e uma fonte de força espiritual para os outros que percebem as grandes energias do seu espírito. A estas ‘mulheres perfeitas’ muito devem às suas famílias e, por vezes, inteiras nações”.

mulher tem o papel de gerar vida. Naturalmente, ela tem em si o dom da maternidade. Gerar vida e não morte; gerar alegria e não tristeza; gerar coragem e não medo; gerar união e não discórdia; gerar paz e não guerra; gerar amor e não o ódio.

Magda Ishikawa
Missionária da Comunidade Canção Nova

O direito à paternidade de Deus sobre nós

Deus sempre sabe o que é melhor para nós

A história de Jesus representa até onde Ele vai por você. Deus sabe o que faz com o seu pior. Sua tristeza cabe n’Ele, tem valor para Ele. É assim que Ele o quer assumindo as culpas, reconhecendo quem é, permitindo-se ser aquilo que Ele quer e, diante disso, ficar um minuto, um instante, um momento qualquer diante d’Ele.

Se você entregar sua fraqueza, sua incapacidade, seu choro, seu riso, sua força, seu corpo, sua mente e solidão para Deus, Ele saberá o que fazer. Ele lidará com suas fraquezas não como um emaranhado de coisas, mas com todo esse conjunto que faz parte de você: fraqueza e força, medo e coragem, antagonismos presentes na alma humana.

Provavelmente, Deus não transformará seu choro em riso nem sua fraqueza em força, mas Ele saberá o que fazer com tudo isso. É no processo de rendição do homem que Deus tem enorme interesse. Não lhe cabe meias medidas. Deus não quer o que você tem de melhor para colocar a Seu serviço, Ele não quer sua oração de 12 minutos antes de dormir, não quer sua alegria, não quer só fraqueza, dor nem solidão. Ele quer você e todo o “pacote” que você carrega.

O que percebo é que Ele tem grande interesse no que temos de pior, pois Ele sabe usar, acolher esse nosso lado. Como disse, Ele não transformará uma coisa em outra, o milagre na verdade não é fazer de um fraco forte, isso ocorre nas academias. O milagre consiste em usar de um fraco para conceder força para os que precisam, é, diante de uma cruz, de um homem chagado, pregado, que muitos se entregam, pedem forças para alguém desfigurado. No nosso caso, diferente de Jesus, que surge fraco pelo que fizeram com ele, é o pecado que no desfigura; a raiva, o ódio e o orgulho são sinais de fraqueza. O perdão de Deus, sua ação em um homem orgulhoso e prepotente é sinal de força em nós.

Deus não nos abandona

A rendição acontece quando o homem entrega aquilo que tem de miséria para Deus e sabe reconhecer que ninguém é bom o suficiente para impressioná-Lo. Deus se interessa por nossa dor, Ele é o único presente na solidão. Ele coleciona nossas lágrimas e as devolve para podermos contar a nossa vitória. Ele se interessa pelo mais fraco, Ele volta para buscar aquele que se desgarra.

Sabemos que não nascemos com vocação para ser infeliz. Quando o filho pródigo decide voltar, ele reconhece que precisa do pai. Ele retorna para o coração do pai, demonstra fraqueza, apresenta arrependimento e o pai o acolhe com felicidade. Quando o filho se rende, o Pai exerce sua paternidade sobre nós sem barreiras, permitindo a Deus que exerça isso sobre nós, enquanto acreditamos que conseguimos sozinhos. Ele fica de braços em posição como o de um pai quando está ensinando o filho a andar.

Dar a Deus o direito a paternidade sobre nós consiste em nos rendermos, aceitando quem somos e deixando Deus usar daquilo que em mais nenhum outro lugar teria sentido.

Enviado por Gabriel Antunes, de Montes Claros (MG)