Por que os pais não conseguem impor limites aos filhos?



Por que os pais não conseguem impor limites aos filhos?


Não é fácil corrigir; seria mais fácil e conveniente dizer sempre ‘sim’


As estradas aqui nos Estados Unidos são largas e nelas é possível dirigir em alta velocidade, especialmente as do Estado da Geórgia. Um dia desses, dirigindo em uma delas, observei muitos motoristas ultrapassando o limite de velocidade permitido. Notei também alguns carros no acostamento, que foram parados pela polícia. Aliás, aqui os motoristas são bem vigiados e as infrações são punidas com multas de valores altos.



Diante desse cenário, comecei a meditar sobre qual seria a causa do ser humano ter dificuldades de viver dentro dos limites ou de cumprir o que lhe é imposto. Poderia analisar vários fatores, mas vou me deter nesta causa de suma importância: a falta de limites na educação dos filhos.



Na nossa infância, será que nos determinaram os limites necessários? Infelizmente, há muitos pais que estão criando “reis” e “rainhas” dentro de casa e se colocando como seus súditos, pois não têm tempo nem disposição para ditar as regras da casa, então quem manda são os filhos. Alguns fatores apontam as causas da falta de limites na educação das crianças de um modo geral, destacando os valores morais e religiosos que sumiram da sociedade moderna. Outro aspecto importante é a ausência dos pais na vida da criança, em virtude da carga horária dedicada ao trabalho, deixando a educação dela aos cuidados da escola, desde os primeiros momentos, nas creches e nas instituições educacionais. Esta omissão na educação gerou um sentimento de culpa nos pais, que, para compensar, acabam sendo permissivos em demasia com os seus filhos.



É de suma importância o “não” dos pais, assim o filho aprende que na vida nem sempre será feita a sua vontade e que ele precisa atingir a maturidade na idade adulta; caso contrário será uma eterna criança mimada. Aliás, existe por aí muita criança tentando educar crianças; quando surge um problema sério, esses pais querem fugir dele. Uma criança não sabe decidir com juízo, nem o que é melhor para ela. Nem tudo o que queremos é o melhor para nós. Lembro que o meu filho mais velho, ao chegar na adolescência, não queria mais ir à Santa Missa, querendo fazer “corpo mole”, colocando dificuldades ou procurando justificativas. Meu marido e eu decidimos e comunicamos a ele, com firmeza, que ele teria de ir todos os domingos, sem exceção. E embora fosse de cara amarrada, descontente, muitas vezes, ficando no último banco da igreja, o problema foi cortado pela raiz, antes que se transformasse numa situação trágica. Hoje, nos alegramos por ter um filho fiel a Deus e que trabalha para a construção de homens novos para um mundo novo, pois ele e a sua linda esposa são funcionários da Canção Nova, em Cachoeira Paulista, SP.



“Ensina à criança o caminho que ela deve seguir: mesmo quando envelhecer, dele não se há de afastar” (Pv 22,6). Não é fácil corrigir e dizer “não”, seria mais fácil e conveniente dizer sempre “sim”, pois quem diz “não” se expõe e, muitas vezes, atrai sobre si a ira do outro. Quem corrige, mesmo querendo o bem do outro, corre o risco de ser mal interpretado, contudo, demonstra um grande amor e cuidado com o outro. Só quem nos ama nos diz “não”. Para educar é preciso esforço, dedicação, perseverança, paciência…, sobretudo, amor. Quem nos ama, os que sinceramente se interessam por nós, não têm medo de nos dizer a verdade e de nos corrigir. Se você não consegue impor limites aos seus filhos, não desanime. É preciso tentar, começar, recomeçar… sempre é tempo de recomeçar! Confie em si mesmo, peça o Dom da Sabedoria ao Espírito Santo e mude, assumindo as responsabilidades e transmitindo os valores morais e religiosos aos seus filhos. Mais tarde eles vão lhe agradecer, tenha certeza.



Deus abençoe a nossa árdua e difícil missão de educar e formar os nossos filhos.



Marina Adamo


 

Qual a lei que rege sua vida?


Qual a lei que rege sua vida?



Jesus tem o poder de quebrar todas as cadeias que nos prendem


Jesus disse: “Tirai a pedra!” Marta, a irmã do morto, disse-lhe: “Senhor, já cheira mal, pois é o quarto dia”. Jesus respondeu: ”Não te disse eu: Se creres, verás a glória de Deus?” (Jo 11,39-40).



Quando justificamos nossa vida pelos acontecimentos do passado ou por aquilo que trazemos no nosso inconsciente, estamos deixando de lado a realidade de que Jesus é o Senhor da nossa vida. Ele é Senhor de tudo, é Senhor também do nosso inconsciente e, portanto, tem o poder de ordená-lo para o amor e de nos libertar de tudo o que nos acusa e nos prende, e acima de tudo, daquilo que estabelecemos como lei em nossa vida.



Quantas vezes, vivemos escravizados por condicionamentos do nosso passado em situações vividas, as quais não foram curadas, ou melhor, não a colocamos sob os cuidados do Ressuscitado para que as ordenasse em nós. Dessa forma, vivemos anos e anos arrastando essas lembranças de nossas vidas.



Jesus, uma vez ressuscitado, tendo vencido a cruz, Ele tem o poder de quebrar todas as cadeias – que estabelecemos em nossas vidas – como lei que nos regem, nos prendem e escravizam. E, com isso, também escravizam aqueles que convivem conosco, não nos permitindo viver para o amor perfeito.



Se você é uma pessoa que traz em si conceitos preestabelecidos e os traz para sua vida como verdades absolutas, deixando seu passado reger sua vida e ser o sinalizador do seu presente – vivendo um eterno sentimento de coitadinho e de vítima de tudo o que já aconteceu – saiba que você precisa passar por uma experiência da ressurreição na sua vida.



Jesus tem poder de ordenar tudo em nós para o amor em nosso passado e presente fazendo-nos viver uma liberdade interior, nos quais o próprio Cristo passar a ser o Centro e Senhor de todas as coisas em nossa vida, de forma que o passado e as lembranças, que nos escravizavam, começam a perder forças, dando lugar à força do Ressuscitado agir e nos levar a ser aquilo que o próprio Deus nos criou no seu desígnio de amor.



Para isso é necessário ter a coragem de nos abrir a essa busca de tocar em nossa história e querer passá-la pela luz da ressurreição de Jesus. Será necessária também a coragem de deixar Jesus entrar no “túmulo” do nosso passado, por mais fedido que esteja e por mais que já tenham passado muitos anos… De forma a deixar nosso passado se encontrar com a Luz do Ressuscitado e, assim como Lázaro, vir para fora e viver uma vida nova.



Deus abençoe sua decisão de provar a força do Ressuscitado em sua vida.



Com carinhos e orações,


Cícera Gonçalves
Canção Nova – São José do Rio Preto/SP


19/02/2008 –

Confira, na íntegra, a Declaração de Aparecida em Defesa da Vida

Confira, na íntegra, a Declaração de Aparecida em Defesa da Vida



Canção Nova Notícias, Aparecida (SP)



Kelen Galvan

 

Dom Dimas Lara Barbosa, secretário geral da CNBB, lendo a Declaração de Aparecida em Defesa da Vida

Nós, reunidos no Santuário Nacional de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Brasil, de 6 a 10 de fevereiro de 2008, representantes brasileiros e do continente europeu no I Congresso em Defesa da Vida promovido pela Comissão em Defesa da Vida da Diocese de Taubaté com o apoio do Conselho Episcopal Latino Americano e do Caribe (Celam), Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Arquidioceses de Aparecida e de Brasília, Santuário Nacional de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Associação Nacional Pró-Vida e Pró-família, Federação Paulista em Defesa dos Movimentos em Defesa da Vida, Associação Nacional Mulheres Pela Vida, Frente Parlamentar contra a Legalização do Aborto, Human Life International, Alianza Latinoamericana para la Família, Agência Zenit e outras entidades representativas da sociedade civil bem como membros do Congresso Nacional Brasileiro, de Assembléias Legislativas, de Câmaras Municipais e de pastorais diversas, procuramos ser uma resposta imediata ao que propõe a CF-2008 no Brasil com o tema: Fraternidade e Defesa da Vida e Lema: Escolhe Pois a Vida tendo realizado um intenso e aprofundado intercâmbio cultural e de experiências no que tange ao respeito à vida e à dignidade da pessoa humana, especialistas das mais diversas ciências e renomadas personalidades da bioética com expressivas lideranças nacionais e internacionais, no esforço de ampliar a conscientização das inúmeras ameaças e ataques sem precedentes à família e à dignidade da pessoa humana, que contrariam a Lei Natural e a garantia do primeiro de todos os direitos humanos que é o direito à vida.

A legislação não pode basear-se sob um mero consenso político mas, principalmente, sob a moral que se fundamenta sobre uma ordem natural objetiva. A sexualidade compartilha dos direitos e da dignidade do ser humano e declina-se a felicidade e santidade humana e à construção da família segundo a Lei de Deus. Coloca-se também como um dos primeiros frutos da V Conferência Episcopal latino-americana e do Caribe, celebrada neste mesmo local em maio passado que o Santo Padre, o Papa Bento XVI, destacou a necessidade de os povos garantirem o direito a uma vida plena, própria de filhos de Deus, com condições mais humanas. E para isso é preciso fomentar a cultura da vida para desenvolver plenitude à existência humana, em sua dimensão pessoal, familiar, social e cultural no discurso inaugural da conferência. E antes disso, depois de estudarmos e refletirmos sobre esses fenômenos, destacamos:

Desde 1952 foi criado um programa mundial que referente ao controle mundial da população do planeta, em especial aos países mais pobres. Esse programa foi desenvolvido inicialmente pelo Conselho Populacional criado pela Fundação Rockefeller, que inclui a disseminação de uma mentalidade antinatalícia, compreendendo a implantação de anti-conceptivos, o aborto legal e outros ataques contra a vida, dentro de uma perspectiva geopolítica e eugênica ao invés de combater a pobreza investindo no desenvolvimento econômico dos pobres. Esta mentalidade anti-conceptiva implantada, o aborto e também a eutanásia, tornaram-se parte de uma política demográfica integrada a uma política mais ampla de globalização que busca a implantação do monopólio econômico.

Desde os anos 80 o conselho estratégico elaborado pelas grandes fundações que promovem o aborto, as políticas de controle populacional têm sido apresentadas propositadamente camufladas sob a aparência de uma falsa emancipação da mulher e da defesa de pretensos direitos sexuais e reprodutivos difundidos através da criação e do financiamento de uma rede internacional de ONGs que promovem o feminismo, a educação sexual liberal e o homossexualismo.

A Organização das Nações Unidas (ONU), desde a década de 1980, comprometeu-se com as políticas de controle de natalidade que constituem atualmente um grande foco de formação. Através dos seus organismos tem procurado interrogar a Lei Natural Universal e os direitos positivos de cada nação por meio de consensos… (inaudível) em posições econômicas: Fundo Monetário Internacional, Banco Mundial, Banco Interamericano de Desenvolvimento entre outros, criando ainda uma jurisprudência dominante no direito internacional pela qual o relativismo das idéias das ações, desde que havendo seus interesses, é consagrado em detrimento dos direitos fundamentais da pessoa humana, razão esta da sua criação. Assim a decretação da morte de pessoas humanas não nascidas e não produtivas através do aborto e da eutanásia passam a ser reconhecida como direito humano.

A Federação Internacional da Comunidade Planificada que constitui a segunda ONG mais abrangente no mundo, depois da Cruz Vermelha Internacional, com suas filiais locais no Brasil, seus organismos satélites, como o Grupo Parlamentar Interamericano de População e Desenvolvimento e o principal provedor de máquinas de sucção para aborto precoce tem como objetivo a implantação da contracepção, esterilização, aborto, empregamento de profissionais da área da saúde para aceitação destas práticas em todos os países em desenvolvimento.

O Governo, parlamentares, profissionais da área de saúde, universitários, os meios de comunicação social e a classe jurídica têm sido pressionados e influenciados pelos implantadores desta cultura de morte e suicídio… (inaudível), propondo a total e completa descriminalização do aborto com o que a prática se tornaria livre e por qualquer motivo durante todos os nove meses da gestação da pessoa humana.

O Governo, seja por omissão ou cumplicidade, têm cedido a estas pressões implantando programas ou políticas populacionais visando o controle demográfico.

Por tudo isso, denunciamos a implantação de uma cultura de morte que leva a perda do sentido da vida, dos valores éticos e direitos naturais dos quais deriva todo o direito positivo.

Denunciamos a tentativa de descriminalizar e legalizar o aborto na América Latina.

Denunciamos a fraude no campo científico, a manipulação da linguagem e as autorizações estatais que permitem em nossos países a fabricação e a distribuição de fármacos, ácidos para matar seres humanos, desde suas primeiras horas de vida, como ocorre com a pílula do dia seguinte e o dispositivo intra-uterino, DIU.

Denunciamos os programas estatais para liberar o aborto por via indireta, como as normas técnicas do Ministério da Saúde que autorizam o aborto por mera declaração da interessada.

Denunciamos a implantação de uma educação sexual escolar hedonista, dissociadas ao amor e centralizada na genitalidade, promovendo uma ideologia de gêneros e impondo o homossexualismo às crianças e jovens.

Denunciamos as tentativas de implantar a eutanásia no País por meio de resoluções dos conselhos profissionais.

Propomos manter observadores permanentes no Congresso Nacional e outras Casas de Lei de modo a um acompanhamento eficaz das propostas relativas aos autênticos direitos humanos à vida e à família.

Aproximar ações legais para acertarem as violações dos direitos humanos aqui denunciadas, sem exceção alguma.

Promover o conhecimento da doutrina social da Igreja pelo entendimento e fidelidade na sua vivência dentro da perspectiva do Evangelho da Vida.

Opção decisiva pela vida humana e por sua plena dignidade implementando-a por meio de todas as pastorais educativas.

Exigir o cumprimento da ação efetiva em defesa da vida por todas as instituições, organismos, líderes de poder competente, o respeito integral à vida e à dignidade humana assinalando como primeiro requerimento ou Organização das Nações Unidas pela decretação da Moratória sob a pena de morte no mundo, especificamente dos não nascidos, dos idosos e inválidos.

Santuário de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, 9 de fevereiro de 2008.

Escolhe, pois a vida!


“Escolhe, pois a vida”


 


A vida grita, pedindo socorro, eis a hora de sentar juntos, se organizar e chegar a resultados.


O Rosário Perpétuo é um movimento simples e humilde como Maria, que nos impulsiona pelos braços de mãe a viver e levar esse carisma que é a Defesa da Vida, em todos os sentidos.


Faz-se necessário o esforço e perseverança, pois quanto mais fores humilde, tanto mais se tornara capaz e de satisfazer-se.


Enquanto as montanhas rebatem as águas os vales as recolhem (Santo Agostinho).


A vida é o maior dom de Deus e em seu plano de ataque em sua velha e sabia técnica de não dividir sua gloria com ninguém usa uma estratégia única em seu gênero, usa do simples para envergonhar o forte e aos que não são nada para envergonhar aqueles que crêem ser alguma coisa.


“Assim nenhuma criatura se vangloriará diante de Deus” (1 Cor 1, 29).


Estamos vivendo uma deseducação, junto aos meios de comunicação que decidem, e as novelas ensinam: moda, traição, manipulação, prazer a qualquer custo, lucro etc..


O poder quer que pensemos que nossos desejos e necessidades são os que estão determinados pela mídia, repetidos pela maioria, meu Deus quanta dor, por causa disso!


Separação, morte, depressão e muito mais, vamos nos unir e olhar a nosso redor, darmos as mãos e reconstruir. Sejamos Discípulos e Missionários, pois o Cristo precisa de teus braços, teu coração tua voz, pois a ordem é “levai o evangelho a toda criatura”


As regras são bem claras, Deus deixou tudo bem definido no momento que nos chamou a servi-lo. “Aquele que se exaltar será humilhado, aquele que se humilhar será exaltado” (Mt 23,12)  


Toda ação começa com uma decisão; decida-se pelo amor a vida. Convide as pessoas para participarem da Campanha da Fraternidade 2008, vamos nos mobilizar em ações para que cresçamos na fé, pois a através da fé teremos a inspiração do Espírito Santo para que possamos encontrar as soluções para os problemas humanos.


A proposta de Jesus é:


“Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundancia”.


 


 


 


Simoni Adriani


Coordenadora do Movimento Rosário Perpétuo


 


 


 


 


 

Ameaça à família é ameaça à humanidade


Ameaça à família é ameaça à humanidade



Entrevista com o Prof. Dr. Daniel Serrão, membro da Pontifícia Academia para a Vida




PORTO, sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008 (ZENIT.org).- «A Vida é um dom de Deus» e «a vida humana é uma responsabilidade dos homens, face a Deus. São os homens, nos seus atos concretos de todos os dias, que devem salvar a vida uns dos outros», afirma um renomado militante pró-vida.

Zenit entrevistou o Prof. Dr. Daniel Serrão, médico português, membro da Pontifícia Academia para a Vida, no contexto dos preparativos do I Congresso Internacional em Defesa da vida, que acontece de 6 a 10 de fevereiro, no Santuário Nacional de Nossa Senhora da Conceição Aparecida (São Paulo, Brasil).


–A família, a primeira de todas as instituições (que antecede a todas e é a principal de todas elas, base e suporte para o pleno desenvolvimento da pessoa humana), encontra-se hoje seriamente ameaçada, por inúmeros ataques, medidas legislativas que querem impor novos modelos, que contrariam, em tudo, a lei natural. Como o Sr. vê essa problemática?


–Prof. Dr. Daniel Serrão: Como um desafio, talvez o maior desafio colocado à humanidade, porque ameaça mesmo a sua sobrevivência. Pior que o das armas nucleares. Se os homens e mulheres, no seu conjunto, não arrepiarem caminho, estarão a cavar a sepultura da vida. Esta tomada de consciência de todos e de cada um de nós é mais importante que as leis dos governos, porque estas dependem da vontade das pessoas, nos regimes democráticos. A mesma energia, com a qual tantos combatem, também no Brasil, a degradação da vida natural de animais e plantas, deverá ser canalizada para a defesa da vida humana.


A família irá resistir a todos esses ataques? Como? Quais as iniciativas que devem ser tomadas para isso?


–Prof. Dr. Daniel Serrão: Como católico, acredito que a “vontade” de Deus é que a família se salve de todas as ameaças. Mas Deus atua, no mundo que Ele criou, por meio dos homens aos quais entregou esta tarefa. Quando no Gênesis está escrito que “concluída, no sétimo dia, toda a obra que havia feito, Deus repousou, no sétimo dia, do trabalho por Ele realizado”, a mensagem a receber é a de que o repouso de Deus são os homens que Ele criou à Sua imagem e semelhança. Portanto é aos homens que está entregue a guarda do mundo e a salvação da vida. Sem família a humanidade não terá futuro. O Congresso irá, seguramente, dar oportunidade a que sejam sugeridas muitas iniciativas para a salvação da vida. O próprio Congresso é já uma iniciativa de grande efeito. A seguir, há que mobilizar em permanência, unir com rigor e segurança e motivar a fundo, todos os movimentos e iniciativas que estão no terreno a defender e louvar a família.


Em sua exposição, no I Congresso Internacional em Defesa da Vida, a realizar-se no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, de 6 a 10 de fevereiro, o Sr. irá falar sobre o tema: “Família: futuro da humanidade”. Poderia nos apontar, em linhas gerais, os pontos mais importantes de sua apresentação?


–Prof. Dr. Daniel Serrão: Certamente. Falarei, primeiro da família como uma estrutura biológica e natural que assegurou, nos tempos primitivos, a sobrevivência da nossa espécie. Depois direi como a família se tornou uma estrutura que permitiu aos seres humanos cobrirem toda a Terra. Esta história de sucesso teve a sua base na família. A família passou, assim, a ser uma estrutura cultural, garantia da sobrevivência e fortemente implantada nos diversos grupos humanos, em todo o mundo. Por estas características, progressivamente adquiridas, a família foi assumida, por todas as religiões ao longo de milênios, como a verdadeira via de salvação. A tradição hebraica deu-lhe um lugar central entre todas as outras estruturas sociais. Mas foi Cristo quem a elevou à dignidade suprema de ser um sacramento. Celebrado pelo par biológico: homem e mulher. Analiso depois as dificuldades de celebrar este Sacramento e todas as manobras para o tornar numa banalidade nos tempos pós-modernos que nos estão a querer impor. Termino com um apelo a todos nós para que transformemos em realidade as palavras do Papa Bento XVI lançadas a mais de dois milhões de pessoas que se reuniram nas praças e ruas de Madrid: “Vale a pena trabalhar em favor da Família e do Matrimônio, porque vale a pena trabalhar pelo ser humano, o ser mais precioso criado por Deus.”


Que políticas públicas o Sr. considera imprescindíveis serem implementadas para proteger a família e dar à pessoa humana as condições adequadas ao seu verdadeiro desenvolvimento?


–Prof. Dr. Daniel Serrão: A primeira política pública é a que reconheça que a Nação, que o poder político governa, é constituída por famílias. Boas ou más, ricas ou pobres, são as famílias que formam a Nação e justificam a existência de Estado e de Governo. Daqui que o primeiro dever da política é reconhecer esta realidade e o segundo é o de que todas as medidas políticas – na educação, na saúde, na economia e impostos, nos transportes, na habitação, etc, etc – sejam sempre a favor das famílias e nunca contra elas. O Governo governa, de fato, famílias, não governa indivíduos isolados.


Como enfrentar o equívoco da educação sexual hedonista, que leva os jovens em direção contrária ao auto-domínio, à responsabilidade e à solidariedade, para estilos de vida individualistas e, portanto, anti-sociais? Que alternativas e que argumentos oferecer para convencê-los da coerência e da sabedoria da moral cristã, que visa acima de tudo a felicidade da pessoa humana?


–Prof. Dr. Daniel Serrão: A educação para a sexualidade saudável só pode ser feita na família e pela família, porque a família é uma estrutura sexuada, é construída sobre a união sexual de homem e mulher. Uma família que realiza, no seu viver quotidiano, uma sexualidade tendencialmente perfeita, é o melhor educador da sexualidade dos seus membros. O exemplo simples da vida real é mais valioso do que mil palavras. Mas porque a família tem este subtil poder de ensinar pelo exemplo, uma família disfuncional na sua expressão da sexualidade, vai provocar, nos seus membros mais jovens, uma sexualidade também disfuncional e, muitas vezes, perversa. É então que outras estruturas podem e devem intervir na formação dos jovens para uma sexualidade saudável. Os professores, fora do espaço pedagógico, que não é adequado, e os cristãos, em tempo e lugar apropriados, podem atuar nestas situações individuais, sabendo bem que estão a intervir e a entrar num espaço pessoal de intimidade que tem de ser respeitado. Não há educação sexual “coletiva”. A educação para o amor, que a moral cristã propõe aos jovens, é o mais sedutor de todos os ensinamentos e deve ser apresentada assim, como uma sedução, e não numa perspectiva de proibições, culpas e castigos.


Na sua opinião, por que não foi possível evitar a legalização do aborto em Portugal? Que fatores contribuíram para isso? E quais têm sido as conseqüências disso?


–Prof. Dr. Daniel Serrão: Estive envolvido, até aos ossos, no debate sobre a transformação do abortamento num ato banal e “pronto-a-vestir”. Perdemos este referendo, depois de termos ganho o anterior, basicamente por não termos sabido explicar bem às pessoas que, os que defendiam o sim ao aborto livre, gritavam contra o aborto clandestino, de “vão de escada”, com mulheres a sofrer e a morrer, etc., não por serem contra o aborto mas por ele ser clandestino. O desenvolvimento da aplicação da lei veio mostrar que tudo está a ser feito para que haja muitos abortamentos nos hospitais e nas clínicas privadas com acordos com o Serviço Nacional de Saúde. Os números dos primeiros meses já conhecidos são aterradores e desmentem esses propagandistas do sim que diziam que, com a legalização, os atos de abortamento iriam diminuir. E tudo indica que continuam os abortamentos clandestinos, em privados, muitos certamente para além do prazo legal que é de dez semanas. A lógica é: se pode ser feito até às dez semanas e este prazo não tem qualquer fundamento, porque não se há-de fazer-se depois desse tempo?


Por que o continente europeu tem se voltado às costas para sua rica tradição cristã?


–Prof. Dr. Daniel Serrão: A Europa “sofre de fartura”, como comentou Eça de Queiroz a propósito dos queixumes de um homem rico. Foi a evolução, no século XX, para um grande projeto de enriquecimento, como benefício da paz entre as nações européias, que levou ao desaparecimento do que chamo a “classe média das virtudes”. Este desaparecimento, ou a sua corrupção, levou ao desprezo dos valores sociais como a honestidade, a solidariedade, o respeito pela verdade, a procura de uma felicidade tranquila. Como a religião, em especial o cristianismo, ensinavam estes valores como forma de amar a Deus, da rejeição dos valores resultou a rejeição da religião que os ensinava. Contudo o apelo à transcendência permanece e justifica o aparecimento de seitas do mais diverso modelo. Algumas orientam este apelo profundo para roubarem dinheiro aos crentes ingênuos, que pagam a felicidade ilusória que lhes prometem.


Que esperanças o Sr. têm dos resultados do encontro internacional de especialistas em bioética e lideranças pró-vida a realizar-se em Aparecida?


–Prof. Dr. Daniel Serrão: A minha grande esperança, que vai ser uma certeza, é que o I Congresso Internacional em Defesa da Vida seja o motor poderoso de um grande e ativo movimento da autoconsciência dos homens, no Brasil e lá fora, porque este Congresso irá ter significativa repercussão mundial. Desse movimento das consciências a favor da família e da vida, nascerá em todos nós e nos que nos ouvirem, virem e lerem, um novo impulso para a alegria da ação junto das pessoas e, por estas, nos governos. A mensagem é simples: Defendam e apóiem a Família, porque estarão a defender e a apoiar a Vida. Acabar com a Vida é acabar com o futuro da humanidade.


O que o Sr. poderia destacar como relevante conter na “Declaração de Aparecida em Defesa da Vida”?


–Prof. Dr. Daniel Serrão: Que a Declaração afirme, claramente, que a Vida é um dom de Deus e que a vida humana é uma responsabilidade dos homens, face a Deus. São os homens, nos seus atos concretos de todos os dias, que devem salvar a vida uns dos outros, para salvarem a Vida. Matar um ser humano vivo, seja um embrião que já é vida, seja um doente terminal que ainda é vida, é o mais abominável ato contra a Vida.


O que o Sr. poderia destacar como relevante conter na “Declaração de Aparecida em Defesa da Vida”?


–Prof. Dr. Daniel Serrão: Praticando a “cultura da vida”, sempre e em todos os tempos, lugares e situações. Dizer e praticar um não absoluto e coerente à morte do homem pelo homem, à guerra e à sua indústria criminosa de armamentos, à pena de morte, ao assassinato insidioso de idosos dependentes e de doentes terminais, à hecatombe de milhões de crianças, em todo o mundo, mortas antes de nascerem, porque são abortadas, ou mortas depois de nascerem, pela violência, por doenças evitáveis ou pela fome. Quando estas situações que estão à nossa volta, desaparecerem desta Terra que Deus criou para os homens nela viverem felizes, então triunfará a “cultura da Vida”.


[Por Hermes Rodrigues Nery]