De todas as mulheres, Maria é o modelo perfeito

“De todas as mulheres, tú, Maria, és o primeiro modelo”

A primeira comunidade cristã, aquela que nos é narrada no livro dos Atos dos Apóstolos, desponta como um modelo para a Igreja católica universal.

O leitor que se dedicasse à leitura dos 28 capítulos ficaria surpreendido com o modo no qual o Espírito Santo guiava os primeiros missionários e como distribuía dons extraordinários a quem, de coração, os desejava. Um outro ponto de surpresa que o autor, Lucas, faz questão de notar é a numerosa presença de mulheres como discípulas e missionárias de Cristo.

As mulheres são muito diferentes entre si: algumas são nominadas, outras permanecem anônimas, algumas oferecem um exemplo edificante, como Tabithà (At 9,36-42) e as suas boas obras; outras, como Saffira (At 5,1;2.7;11), deixam-se levar pelo egoísmo.

De todas as mulheres, Maria se destacou de modo luminoso

Essas mulheres eram colaboradoras dos apóstolos e participavam ativamente da história da salvação com um serviço louvável de oração, hospitalidade, caridade, instrução catequética etc. De todas elas, o nome de uma se destaca de modo luminoso: é Maria, o primeiro nome feminino citado nos Atos. Separado por uma vírgula, lhe vem atribuído um substantivo e adjetivo feminino que não coube a nenhuma outra na história: é a Mãe de Jesus.

“Todos eles perseveravam unanimemente na oração, juntamente com as mulheres, entre elas Maria, Mãe de Jesus, e os irmãos dele.” (At 1,14).
Já este breve versículo nos permite intuir a posição toda especial reservada a Maria na vida do povo de Deus. Definindo-a como “Mãe de Jesus”, Lucas ressalta a missão que ela teve na história da salvação. Percebam que ela vem mencionada ao início do evangelho de São Lucas e nos Atos dos Apóstolos. Ao início da vida de Jesus, como ao início da vida da Igreja. “É por meio de Maria que tem origem o Jesus histórico, é com ela que tem início o Cristo místico: nenhuma comunidade pode nascer e se desenvolver sem Maria.”

Maria, a porta que nos abre ao Pai, ao Filho e ao Espírito

No tempo que precedia a chegada do Espírito Santo, todo o grupo dos discípulos era coeso, unânime e perseverante na oração. A pequena comunidade cristã esperava com concórdia e oração pelo paráclito – “entre não muitos dias, serão batizados com o Espírito Santo” – todos juntos, sem privilégios.

Maria era a figura essencial de toda essa espera, devido ao fato de que foi a primeira a receber sobre si o Espírito por uma maternidade divina. Com ela, o Santo Espírito vem derramado sobre a Igreja por uma nova maternidade espiritual. É a porta que nos abre ao Pai, ao Filho e ao Espírito. Foi tocada primeiro pela Trindade!

Esperemos concordes e unânimes na oração

Em unidade com toda a Igreja, nós também, neste tempo, esperamos pelo Pentecostes. Não nos basta esperar como comunidade sem o cuidado de quem vigia pelo nosso interior e resgata a nossa dignidade com olhar materno. Com Maria, queremos o Espírito, pois é também sua esposa e a vida da sua alma.

Rezemos juntos com as palavras de San John Henry Newman e esperemos concordes e unânimes na oração: “Oh, Maria, pura e bela, tú és a Rainha de maio; a nossa coroa cobre os teus cabelos, e ela nunca mais cairá!”

Hugo Mota, seminarista da Comunidade Canção Nova

Maria, mulher de oração contínua e singela

O nascimento de Maria tem, antes de tudo, o protagonismo em Deus, que, para pôr em prática o Seu plano eterno de salvação, constrói uma casa por ação do Espírito Santo, a fim de que Seu Filho, sendo Deus, se fizesse homem e habitasse entre nós. Essa casa é Maria, mulher de oração.

Em seguida, nos relatos da antiga tradição, o casal Joaquim e Ana não podiam ter filhos. Por meio de lágrimas, penitências e orações, alcançaram esta graça de Deus, e concebem Maria.

Nessa família, a igreja doméstica, uma escola de fé, de sacrifícios e orações, Maria foi concebida, gerada e educada. Maria é fruto da vontade de Deus, e Ele contou com a colaboração de Joaquim e Ana, os quais, com insistente oração, clamavam ao céus a concepção de um filho. Maria é fruto da vontade divina e da oração de seus pais.

A virtude da oração contínua de Maria

Diante desse contexto, para Maria a oração era parte da sua vida. A virtude da oração contínua foi arraigada no seio familiar, no modo natural como expressavam a sua fé judaica, ao frequentar a sinagoga, no modo de rezar nos dias especiais das festas religiosas, no dia a dia em família, nas refeições, ao receber a educação religiosa cuja competência é das mães.

Maria vivia na escola da oração, e em todas as circunstâncias elevava a sua mente, o seu coração, a sua voz a Deus, e todo o seu ser para entrar em comunhão com Ele por meio de cânticos, da memorização e recitação dos Salmos.

Maria e sua vida de oração contínua sempre foram inseparáveis. Ela é para nós modelo e mestra da oração: “A oração de Maria nos é revelada na aurora da plenitude dos tempos. Antes da Encarnação do Filho de Deus e antes da efusão do Espírito Santo, sua oração coopera de maneira única com o plano benevolente do Pai” (CIC 2617).

Maria mestra da oração

A pessoa que ora alimenta a esperança. Assim foi a vida de Maria que, diante da opressão do seu povo, clamava a Deus por libertação e nutria a esperança do cumprimento da promessa da chegada do Messias, o Salvador: “… o próprio Senhor vos dará um sinal: uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e o chamará ‘Deus Conos­co’”.

Aquele que ora tem em seu coração a resposta diante das situações da vida. E embora possa não compreender, a vida de oração de Maria estabelece uma união e comunhão com Deus, que faz brotar do seu interior uma profecia: “Então, disse Maria: ‘Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra” (cf. Lc 1,38)”.

A virtude da oração contínua de Maria rega a sua alma no amor a Deus e ao próximo, na alegria e no júbilo que se externizam em seus lábios: “E Maria disse: “Minha alma glorifica ao Senhor, meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador” (cf. Lc 1,46-47).

Maria, mulher de contínua oração, ensina-nos a ser sensíveis à necessidade do outro, pois quem ora exercita a sensibilidade interior que consegue ver com os olhos do coração, e se antecede a Deus intercedendo em benefício: “Como viesse a faltar vinho, a mãe de Jesus disse-lhe: “Eles já não têm vinho” (cf. Jo 2,3).

Oração singela e doce

Precisamos aprender a rezar com Maria, uma reza de modo simples, porque reza o cotidiano da vida, o hoje, o aqui e o agora; porém, uma oração insistente como fez na expectativa da chegada do Messias, todos os dias ao frequentar o templo elevando a Deus o seu clamor compadecida do seu povo, porém com um coração cheio de fé e esperança.

Rezar com Maria é ter a consciência de que a oração é vital para a vida humana, é como o respirar, é cultivar o nosso diálogo com Deus, que está atento às nossas súplicas e deseja estabelecer conosco comunhão de coração e de alma.

Maria é um modelo a seguir, pois foi ela a educadora por excelência de Jesus, que O ensinou a rezar, a estar na constantemente na presença do Pai.

Aprendamos a rezar com Maria, que bem soube rezar a vida de Nazaré ao Calvário, da Ressurreição ao Cenáculo. Desse modo, em cada circunstância da vida estaremos em contínua oração; ora no júbilo em Deus como no Magnificat, ou na aflição como ela ao perder o Filho no templo; ou em Caná ao interceder pelos que precisam; às vezes, em lágrimas diante da dor, porém de pé como Maria aos pés da cruz. Também nas vitórias da vida, como ela ao ver o seu Filho vencendo a morte com a ressurreição, e sempre deixando-se conduzir pelo Espírito Santo numa oração profética e ousada sem medo das adversidades da vida, numa oração que se põe a caminho para servir como fez Maria ao visitar a sua prima Isabel. Ou como evangelizador incansável que deseja ardentemente anunciar Jesus e a vida nova que Ele veio nos trazer, para que cada um cresça em estatura e graça diante de Deus.

Maria, nossa Mãe e mestra, ensina-nos a rezar!

Maria é a chave do nosso encontro pessoal com Deus

    Todas as vezes que me vejo tendo que, de alguma forma, descrever a influência de Maria na história da Humanidade meu coração arde com mais intensidade. Isso deve ser porque tenho por Ela um amor extravagante e inegociável.
    Sim, Maria Santíssima é, para mim, o ideal de vida a ser imitado, creio que não estou sozinho nessa, pois pensar em Maria e falar de Maria é olhar para o ser humano que deu certo!

    Nada em Maria Santíssima carrega a marca do erro, muito menos do pecado, n’Ela está impregnada a excelência da perfeição humana, inatingível a qualquer outro, mas que deve ser a referência de qualquer um que almeja pelo convívio dos eleitos.

    Quando o Arcanjo Gabriel fez a visitação e, por consequência, o anúncio da encarnação do Verbo, que nós meditamos nos Mistérios Gozosos do Santo terço, ele, como mensageiro da Verdade celeste, entregou uma Palavra não só profética como também reveladora sobre a intimidade da Virgem Maria com Deus – “O Senhor está contigo”(c.f LC 1,28).

    Maria nos aproxima e ensina sobre amor de Deus

    É enganosa a ideia de que Maria passou a ter intimidade com Deus somente a partir da visita do Arcanjo, definitivamente, não. A proclamação angélica – “O Senhor está contigo” é na verdade uma constatação, um reconhecimento por parte do Céu do que Maria já vivia com o Criador, antes de Ela receber a visitação e a revelação da encarnação do Verbo.

    Maria, como uma boa filha nutrida pelos santos costumes judaicos herdados de seus pais, São Joaquim e Santa Ana foi desenvolvendo intimidade com Deus desde pequenina. Para se ter uma ideia, uma criança judia de costumes religiosos era ensinada a ler a Torá, o livro sagrado dos judeus, até os 12 anos de idade, ainda hoje é assim. E foi essa referência tradicional e familiar adquirida por Maria que foi usada para educar Seu filho, Jesus, além disso, deu a Ele a autoridade de proclamar o texto do profeta Isaías, capítulo 61, numa sinagoga, narrado pelo evangelista São Lucas, no capítulo 4, quando Jesus tinha exatamente 12 anos.

    Quando Maria Santíssima fez a viagem de sua cidade, Nazaré, rumo à Ain Karen, trajeto em torno de 150 km, onde estava Isabel, grávida há seis meses de João Batista, dois fatos revelam categoricamente a intimidade que Maria mantinha com Deus.

    Os sinais de Deus na vida de Maria

    O primeiro: a saudação da Virgem Mãe à Isabel em sua chegada foi o suficiente para que a criança no ventre da anfitriã estremecesse. Aos olhos da fé, só consigo enxergar que, por meio da Virgem Maria, foi promovido um Batismo no Espírito Santo tanto em João Batista quanto em sua mãe, Isabel.

    O segundo: logo após esse inesquecível estremecer no ventre, Isabel, a visitada, exclamou com inconfundível convicção: “Bendita és Tu entre as mulheres e bendito é o fruto do Seu ventre! Como me acontece que a Mãe do meu Senhor venha me visitar?” (cf.LC 1,42-43).

    É aqui, caro irmão leitor, que está escancarada na exclamação de Isabel o ápice da relação entre Deus e a Virgem Maria, ela é a Mãe do Salvador.

    Qual é a chave para a intimidade com Cristo?

    Logo, a grande chave para nós que queremos alcançar a intimidade, o encontro com Deus é acessarmos a maternidade de Maria. Sim, a maternidade de Maria é o grande elo que liga a Virgem de Nazaré ao Pai, achegar-se a essa maternidade, que está disponível a mim e a você, é estabelecer intimidade com Deus.

    Alguns atributos do profundo conhecimento nas relações humanas estão diretamente ligados à maternidade: uma mãe conhece os filhos pelo olhar, pelo andar; mãe conhece até o jeito que os filhos giram a chave da porta ou qual filho toca a companhia.

    E o mais extraordinário é sabermos que: a maternidade de Nossa Senhora, dedicada ao Filho por 30 anos de forma exclusiva e que se tornou um pouco acessível nos três anos de vida pública do Mestre, foi compartilhada do alto do madeiro no Calvário para todos que, como o Apóstolo João, queiram levá-la para casa como sendo sua.

    A maternidade de Maria é uma porta permanentemente aberta, entrar por ela é a forma mais acertada para firmar comunhão com Aquele que conhece quem Ele mesmo escolheu para entrar no mundo e chamá-la de Mãe.