Evangelho deste domingo, 29, serviu de inspiração para o exame de consciência provocado por Francisco quanto ao desperdício de alimentos
Da redação, com Boletim da Santa Sé
Papa Francisco durante o Ângelus deste domingo, 29/ Foto: Reprodução Youtube Vatican News
Na manhã deste domingo, 29, Papa Francisco chamou atenção dos fiéis quanto ao desperdício de alimentos. “Nunca jogar fora a comida que sobra”, pediu o Santo Padre. O tema foi desenvolvido pelo Pontífice durante a sua tradicional reflexão que antecede a oração do Ângelus, e teve como inspiração o evangelho de hoje, que apresenta a história da multiplicação de pães e peixes, e a preocupação de Jesus para que nenhum alimento multiplicado fosse perdido.
O Santo Padre aproveitou a oportunidade para questionar os fiéis sobre o destino que eles costumam dar aos alimentos que sobram das refeições. “Cada um de nós pense: a comida que sobra no almoço, na janta, para onde vai? Na minha casa, o que se faz com a comida que sobra? Se joga fora?”, perguntou. Francisco recordou as pessoas que têm fome e pediu a todos que reutilizem os alimentos ou os dê para os que têm necessidade. “Este é um conselho e também um exame de consciência”, afirmou.
Além da questão alimentar, o Papa refletiu sobre outros ensinamentos presentes no evangelho e recordou como aconteceu o milagre da multiplicação. Segundo o pontífice, Jesus ao ver a grande multidão que o seguiu perto do lago de Tiberíades, percebeu junto aos apóstolos que eles não possuíam dinheiro suficiente para alimentar aquela multidão. André, um dos doze discípulos, levou Jesus a um menino que havia oferecido tudo que tinha, cinco pães e dois peixes.
“Bravo rapaz! Ele, também ele, via a multidão; também via os cinco pães. Disse: “Mas eu tenho isto, se serve estão à disposição”. Este rapaz nos faz pensar um pouco em nós… Aquela coragem: os jovens são assim, têm coragem. Devemos ajudá-los a levar em frente esta coragem. (…) Com esta passagem do Evangelho, a liturgia nos leva a não desviar o olhar daquele Jesus que, no domingo passado, no Evangelho de Marcos, vendo “uma grande multidão, teve compaixão deles”. Também aquele rapaz dos cinco pães entendeu esta compaixão, e disse; “Ah, pobre gente…. Eu tenho isto”. A compaixão o levou a oferecer o que tinha”, comentou.
De acordo com Francisco, a partir da doação do rapaz, Jesus ordenou aos discípulos que fizessem as pessoas sentarem, pegou os pães e peixes, deu graças ao Pai, os distribuiu e todos puderam comer e ter saciedade. “Para as multidões, Jesus não se limitou a dar isto – ofereceu a sua Palavra, a sua consolação, a sua salvação e finalmente a sua vida – mas certamente fez também isso: cuidou da comida para o corpo”, observou.
Diante do exemplo de Jesus, o Pontífice reafirmou a postura que os cristãos, como discípulos de Cristo, devem ter. “Não podemos fazer de conta que não sabemos nada. Somente ouvindo as demandas mais simples das pessoas e colocando-se ao lado de suas situações existenciais concretas, se poderá ser escutados quando se fala de valores mais elevados”, pontuou.
O Papa prosseguiu reafirmando o amor de Deus pela humanidade e a Sua graça divina que nunca falha. “Jesus continua também hoje a satisfazer a fome, a tornar-se uma presença viva e consoladora, e faz isso através de nós. Portanto, o Evangelho nos convida para sermos disponíveis e atuantes, como aquele rapaz que se dá conta de ter cinco pães e diz: ‘Mas, eu dou isto, depois tu verás”, exortou.
Ao final da reflexão, Francisco convidou todos os presentes na Praça São Pedro, para que rezassem junto a ele, para que no mundo prevaleçam os programas dedicados ao desenvolvimento, à alimentação, à solidariedade e não àqueles do ódio, dos armamentos e da guerra.
Em uma síntese a sua reflexão, o Santo Padre pediu que duas coisas não fossem esquecidas, a coragem do jovem que dá o pouco que tem para alimentar uma grande multidão e o exame de consciência: “O que você faz em casa com a comida que sobra?”, concluiu.
Depois do Angelus
Depois da oração do Ângelus, o Papa fez memória ao Dia Mundial contra o Tráfico de Pessoas, data promovida pelas Nações Unidas e que será celebrada nesta segunda-feira, 30. “Este flagelo escraviza muitos homens, mulheres e crianças para fins de exploração laboral e sexual, tráfico de órgãos, mendicidade e delinquência forçada. Mesmo aqui, em Roma, as rotas de migração também costumam ser usadas por traficantes e exploradores para recrutar novas vítimas de tráfico. É responsabilidade de todos denunciar injustiças e se opor firmemente a esse crime vergonhoso”, afirmou.