O que é a fé?

O que é a fé?

A fé católica é coisa absolutamente diversa de uma simples
crença

 Em artigo nosso anteriormente
publicado
, falamos do equívoco que é ver a religião como fenômeno
exclusivamente
sentimental e subjetivo, sem
relevância intelectual e sem referência à realidade das coisas. Dizíamos que
tal equívoco nasce de dois outros erros: (1) um que faz a religião depender somente
da fé, como se não houvesse verdades religiosas que o homem pudesse conhecer à
luz de sua razão natural; (2) outro que consiste numa falsa visão da fé, que é
confundida com mera crença. Ora, como dissemos naquela oportunidade, esses dois
erros são eliminados quando mostramos que: (1) existem verdades religiosas
naturalmente acessíveis ao conhecimento humano; (2) a fé católica, como virtude
teologal, é coisa diferente de uma simples crença.

E vamos começar
desenvolvendo o segundo desses pontos: a fé católica é coisa absolutamente
diversa de uma simples crença
. É importante frisar isso,
porque, hoje em dia, as pessoas parecem já não mais saber o que é fé, acham que
ter fé é acreditar em qualquer coisa. Porém, como sublinhou o atual Papa Bento
XVI, quando ainda era o Cardeal Ratzinger, responsável pela Congregação da
Doutrina da Fé (órgão que assessora o Santo Padre na defesa da fé), na famosa
declaração Dominus Iesus: «Deve-se
manter firmemente a distinção entre a fé teologal e a crença nas outras religiões»
(n. 7 do documento).

Precisamos, portanto, retomar o sentido da fé. Para isso, podemos recorrer ao
significado primitivo e etimológico da palavra. Fé (do latimfides) significa a
confiança que depositamos na palavra de alguém. Este sentido ainda está bem
presente em expressões legais, como “boa-fé” ou “má-fé”. Um oficial de justiça,
por exemplo, quando atesta algum acontecimento, escreve “certifico e dou fé”;
com isso ele quer dizer que é verdade o que ele está atestando e que as pessoas
podem confiar no que ele está falando. Dos documentos lavrados em cartório
também se diz que têm “fé pública” – é mais uma aplicação do mesmo sentido.

Quando confiamos na palavra de um
homem, temos o que se chama “fé humana”. A
fé humana é um meio de conhecimento
, grande parte dos conhecimentos que
temos de história, geografia ou de ciências naturais chega a nós por meio da fé
humana. São conhecimentos que não podemos verificar por nós mesmos; todavia,
nós os aceitamos confiando na palavra dos que nos ensinaram. Por exemplo, só
sabemos que a Independência do Brasil foi proclamada em 1822 porque confiamos
nos documentos que nos relatam isso e acreditamos no magistério dos
historiadores – nenhum de nós já havia nascido àquela época e poderia verificar
tal fato por si mesmo.

Como afirmei acima, quando
aceitamos como verdade o que nos diz determinado homem, digno de confiança,
temos o que se chama fé humana. Porém, quando aceitamos como verdadeira a
Palavra revelada de Deus, temos o que se chama “fé divina”. É por isso que o
Catecismo da Igreja Católica, nos seus parágrafos 142 e 143, define a fé como
«a resposta do homem ao Deus que se revela».

Ter fé, portanto, não é
acreditar em qualquer coisa;
 ter fé é aceitar como
verdadeira a Palavra revelada de Deus, é aderir
voluntariamente às verdades que Deus comunicou à humanidade, sem as aumentar
nem as diminuir.

Isso, por si só, já mostra
o quão distante está a fé católica de uma simples crença. A fé é um
conhecimento, mas uma simples crença não é conhecimento. Uma crença pode ser
puro fruto da imaginação, da fantasia e da subjetividade do crente. No entanto,
a fé está baseada no fato histórico e objetivo da Revelação. A fé é um
conhecimento sobrenatural historicamente transmitido por Deus à humanidade.
«Deus, tendo falado outrora muitas vezes e de muitos modos a nossos pais pelos
profetas, ultimamente, nestes dias, falou-nos por meio de seu Filho» (Hb
1,1-2).

O católico, portanto, não é um crente, mas
um fiel, que guarda na inteligência e no coração o conhecimento sobrenatural transmitido aos homens por Deus. Este conhecimento
sobrenatural em que consiste a fé está depositado nas duas fontes da Revelação
divina, a Sagrada Escritura e a Tradição Apostólica, e nos é transmitido por
intermédio do magistério da Igreja. Entretanto, existe um conhecimento natural
de Deus que, de certo modo, consiste num preâmbulo da fé e do qual pretendemos
falar, com a ajuda do Altíssimo, no próximo artigo.

 

Rodrigo
R. Pedro

Palavra aos jovens sobre sexo

Palavra aos jovens sobre sexo

Castidade: sem ela não se alcança a firmeza

 Tenho recebido muitos e-mails de jovens que me perguntam como
viver a castidade no namoro
; como vencer o vício da masturbação, entre
outros.Certamente para o
jovem cristão hoje, no meio deste mundo erotizado,
viver a castidade é uma conquista heroica; pois tudo o convida a manter vida
sexual antes do casamento. 
 Os filmes pornográfico são abundantes nas locadoras, nos
canais de TV por assinatura; as músicas estão repletas de letras excitantes; os
rebolados indecorosos de moças seminuas na TV, etc., lançam pólvora no sangue
dos rapazes e das moças.

 Então, para viver na castidade hoje, como Deus manda no Sexto
Mandamento (Não pecar contra a castidade), o jovem precisa ter muito amor ao
Senhor. Só trocamos um amor por outro maior, diz o ditado. Só o amor a Jesus
Crucificado por nós poderá ser para o jovem de hoje um forte motivo para ele
ser casto e aceitar o que o Papa Bento XVI tem chamado de “martírio da
ridicularização”, diante dos que zombam de nossa fé.

 A gravidade do pecado da impureza, luxúria, é que com ele se
mancha o Corpo de Cristo. “Ora, vós sois o corpo de Cristo e cada um de sua
parte, é um dos seus membros” (I Cor 12,27).  “Não sabeis que vossos
corpos são membros de Cristo?” (I Cor 6,15). 
 “Fugi da fornicação. Qualquer outro pecado que o homem comete é
fora do corpo, mas o impuro peca contra o seu próprio corpo” (I Cor 6,18). São
Paulo ensina que devemos dar glória a Deus com o nosso corpo: “O corpo, porém
não é para a impureza, mas para o Senhor e o Senhor para o Corpo” (I Cor 6,20).

 Jovem, se você quer viver a castidade, então, antes de tudo,
precisa saber o seu valor; para isso escrevi um livro “O BRILHO DA
CASTIDADE”, mostrando toda a sua importância e beleza. Quanto mais for
difícil vivê-la, tanto mais bela e mais importante ela será. Vejo o jovem casto
hoje como aquele lírio branco que nasce no meio da podridão do lodo. Serão
esses jovens que sustentarão a civilização que hoje desliza para o abismo.
 



Para
haver a castidade nos nossos atos
 é
preciso que antes ela exista em nossos pensamentos e palavras. Jamais será casto aquele que permitir que os seus pensamentos, olhos e
ouvidos vagueiem pelo mundo do erotismo. É por não observar esta regra que a
maioria pensa ser impossível viver a castidade. Não se iluda. Não brinque com
fogo!

 “A castidade é a virtude
que nos eleva da natureza humana à natureza angélica”, afirmou o santo Padre
Pio de Pietrelcina. Victor Hugo disse que: “A mais forte de todas as forças é o
coração puro”.
 O Papa Bento XVI, no Campo de Marte, São
Paulo, em 11/05/2005, declarou aos jovens: “É preciso dizer ‘não’ àqueles meios
de comunicação social que ridicularizam a santidade do matrimônio e a
virgindade antes do casamento”.

 Jesus proclamou no Sermão da Montanha: “Bem-aventurados os de
coração puro porque verão a Deus”. “Para o homem de coração puro, tudo se
transforma em mensagem divina”, disse São João da Cruz, doutor da Igreja
espanhol. Santo Efrém, também doutor da Igreja,
ensinava que a castidade nos faz
semelhantes aos anjos
. Enfim, a castidade é uma
virtude dos fortes que se dominam. Paul Claudel disse que “a juventude não foi
feita para o prazer, mas para o desafio”.

 O Mahatma Gandhi, libertador da Índia, que não era católico,
afirmou: “A castidade não é uma cultura de estufa […]. A castidade é uma das
maiores disciplinas, sem a qual a mente não pode alcançar a firmeza necessária.
A vida sem castidade me parece vazia e animalesca. Um homem entregue aos
prazeres perde o seu vigor e vive cheio de medo. A mente daquele que segue as
paixões baixas é incapaz de qualquer grande esforço. Deus não pode ser compreendido
por quem não é puro de coração”. (
Toschi
Tomás, “Gandhi, mensagem para hoje”, Ed. Mundo três, SP, 1977, pg. 105s
).

 Uma vida lutando pela castidade dá ao jovem o autodomínio sobre as
paixões e as más inclinações do coração e o prepara, com têmpera de aço, para
ser um verdadeiro homem, e não um frangalho humano que se verga ao sabor dos
ventos das paixões, da influência da mídia e dos cantos das sereias deste
mundo. Eu entendi que a castidade é o esteio que sustenta o equilíbrio de um
homem. Os homens e mulheres casados traem seus cônjuges porque não souberam
exercitar a força de vontade na luta da castidade.
 Um
casamento forte só pode existir quando ambos aprenderam a se dominar no namoro
e no noivado.
 Mais
importante que dominar uma cidade é dominar-se a si mesmo, diz o livro dos
Provérbios.

 Por tudo isso, jovem cristão, não desanime
nem desista de lutar
; cada um de nós tem a sua cruz nesta vida; mas com a
graça de Deus é possível carregá-la até onde E
le
quer. Tenha uma vida de “vigilância e oração”, como Jesus mandou; esse é o
grande remédio para não pecar. Não se entregue a maus pensamentos eróticos nem
aos filmes, revistas e coisas do tipo; fuja disso heroicamente. Suplique sempre
a graça de Deus. Consagre-se todos os dias a Nossa Senhora e peça sua ajuda.
Participe da Missa e da comunhão sempre que puder, e se confesse sempre que
pecar, para ter forças de não cair novamente.

 Jamais dê ouvidos a quem lhe disser que “a masturbação não é
pecado”, e que o sexo no namoro também não o é; pois o Catecismo da Igreja
Católica afirma a desordem existente nessa prática. Ainda que você caia, se
continuar a lutar, se continuar a dizer “não” ao pecado no seu
coração, levante-se, confesse-se com um sacerdote e continue sua luta e sua
caminhada. Não importam quantas vezes você cai; importa que se levante. Jesus
sabe que você está numa guerra e que numa guerra, às vezes, o soldado pode cair
e ser até baleado, mas nem por isso deve desistir de lutar.

 Muitos são os psicólogos não cristãos, e também outros
“orientadores”, e a mídia de modo geral, que induzem o jovem à masturbação, ao
relacionamento sexual no namoro e fora dele, etc.
 O namoro não existe para que vocês
conheçam os seus corpos, mas sim as suas almas. Alguns querem se permitir um
grau de intimidade “seguro”, isto é, até que o “sinal vermelho seja aceso”; aí
está um grave engano. Quase sempre o sinal vermelho é ultrapassado e, muitas
vezes, acontece o que não deve. Quantas namoradas grávidas…

 Um namoro puro só será possível com a graça de Deus, com a oração, com a vigilância e,
sobretudo quando os dois
quiserem se preservar um
para o outro. Será preciso, então, evitar todas as ocasiões que possam
facilitar um relacionamento mais íntimo. O provérbio diz que “a ocasião faz o
ladrão”, e que, “quem brinca com o perigo nele perecerá”. É você quem decide o
que quer.

 

O jovem casto é hoje a esperança de Deus e da Igreja para renovar
esse mundo apodrecido pelo pecado do sexo desregrado, que profana a mais
sagrada criatura, templo do Espírito Santo. São Paulo diz que: “de Deus não se
zomba. O que o homem semeia, isto mesmo colherá” (Gl 6,7); a castidade que o
jovem semear na juventude será transformada em frutos doces na sua futura vida
familiar.

Felipe
Aquino


felipeaquino@cancaonova.com

 

BENTO XVI PREPARA LIVRO E ANIVERSÁRIO DO VATICANO II


BENTO XVI PREPARA LIVRO E ANIVERSÁRIO DO VATICANO II

Durante
seus dias de férias na residência de Castel Gandolfo

 

CASTEL
GANDOLFO, quinta-feira, 21 de julho de 2011 (
ZENIT.org) –
Nestes dias de descanso, Bento XVI prepara seu novo livro sobre Jesus, além de
suas viagens apostólicas à Espanha e à Alemanha, bem como o 50º aniversário da
inauguração do Concílio Vaticano II.

O
Pontífice transcorre as férias de verão por segundo ano consecutivo em Castel
Gandolfo, a residência pontifícia situada a cerca de 30km ao sul de Roma, pois
nela pode contar com um ambiente conhecido e adaptado à paixão da sua vida: o
estudo e a escrita sobre questões de teologia.

Bento XVI
levou muitos livros e documentos a Castel Gandolfo para a preparação das suas
viagens a Madri, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude (18 a 21 de
agosto), assim como à sua terra natal, onde visitará, de 22 a 25 de setembro,
Berlim, Erfurt, Etzelsbach e Freiburg.

L’Osservatore
Romano
 confirma, na edição italiana de 22 de julho, que nestas
férias seu “compromisso prioritário está dirigido a preparar a redação da
conclusão da obra sobre Jesus de Nazaré, dedicada a uma análise dos Evangelhos
da Infância”.

Trata-se
do terceiro volume desta série de grande êxito editorial, após os dois
apresentados em abril de 2007 e março de 2011.

O jornal
vaticano revela que o Papa trabalha também em outro tema que lhe suscita grande
interesse: “a reflexão sobre a fé, enquanto se aproxima o 50º aniversário da
abertura do Vaticano II (11 de outubro de 1962), do qual Joseph Ratzinger
participou desde o início”.

O
interesse de Bento XVI sobre a virtude teologal da fé é significativo, pois já
dedicou duas encíclicas às duas outras virtudes teologais, a caridade e a
esperança: Deus caritas est (25 de dezembro de 2005) e Spe
salvi
 (30 de novembro de 2007).

Além do
tempo destinado a estudar e escrever, o Bispo de Roma dedica suas jornadas à
oração, ao contato com a natureza e ao descanso.

Ao mesmo
tempo, continua atendendo o governo da Igreja como encontros de trabalho, em
particular com o cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado, e outros
prelados, ou recebendo visitantes em audiência, como aconteceu com o
primeiro-ministro da Malásia, em 18 de julho.

Em geral,
à tarde, ele aproveita um momento para passear pelos jardins da residência
pontifícia, acompanhado de seu secretário particular, Georg Gänswein; tais
passeios costumam concluir com a oração mariana diante de uma imagem de Nossa
Senhora.

 

CANTO LITÚRGICO, CATEQUESE E COMUNICAÇÃO

CANTO LITÚRGICO, CATEQUESE E COMUNICAÇÃO

 

Por Dom
Orani João Tempesta

RIO DE
JANEIRO, sexta-feira, 22 de julho de 2011 (
ZENIT.org) – Ente
as alegrias dos encontros de comunicação que tivemos a oportunidade de hospedar
nas últimas duas semanas, acrescentamos o 50º Curso de Canto Pastoral. Cantar a
Liturgia é também comunicação! Este ano ele foi dedicado ao Mons. Amaro
Cavalcante de Albuquerque Filho que o iniciou aqui no Rio de Janeiro. Foram
muitos encontros nesse mesmo estilo espalhados pelo Brasil na década de 60.
Esses cursos, frutos do “movimento litúrgico”, antecedeu, preparou e
concretizou posteriormente o Concílio Vaticano II. Ele conta com uma parte
teórica e formativa e outra de ensaio das novas melodias que a cada ano
enriquecem o repertório musical de nossa Igreja. Mas, o Canto Litúrgico é
também catequético. Ele supõe e educa à fe. 

O desafio
da Igreja é a evangelização do mundo de hoje, mesmo em territórios onde a
Igreja já se encontra implantada há mais tempo. Nossa realidade pede uma nova
evangelização. A catequese coloca-se dentro desta perspectiva evangelizadora,
mostrando uma grande paixão pelo anúncio do Evangelho. Entrar no Mistério
Pascal supõe uma catequese aprofundada. Talvez a grande dificuldades hoje seja
justamente essa! Não bastam apenas as adaptações exteriores, é importante um
aprofundamento da fé no Mistério Eucarístico.

Por isso
seria importante que, como consequência dos encontros de Comunicação (Seminário
dos Bispos e Mutirão Brasileiro de Comunicação) e do jubileu de ouro dos
encontros de Canto Pastoral, que pudéssemos estar nos comprometendo ainda mais
com a Iniciação Cristã para uma catequese que aprofunde a fé de nosso povo.

Sendo o
anúncio de Jesus Cristo um momento da evangelização (querigma), a
catequese  é um modo, dando-lhe continuidade. Sua finalidade é aprofundar
e amadurecer a fé, educando o convertido para que se incorpore à comunidade
cristã. A catequese sempre supõe a evangelização. Por sua vez à catequese
segue-se o terceiro momento: a ação pastoral para os fiéis já iniciados à fé,
no seio da comunidade cristã através da formação continuada. Catequese e ação
pastoral se impregnam do ardor missionário, visando à adesão mais plena a Jesus
Cristo. 

A
atividade da Igreja, de modo especial a catequese, traduz sempre a mística
missionária que animava os primeiros cristãos. A catequese exige conversão
interior e contínuo retorno ao núcleo do Evangelho (querigma), ou seja, ao
Mistério de Jesus Cristo em sua Páscoa libertadora, vivida e celebrada
continuamente na liturgia. Sem isso, ela deixa de produzir os frutos desejados.
Toda ação da Igreja leva ao seguimento mais intenso de Jesus e o compromisso com
seu projeto missionário. 

A
liturgia é comunicação, mas é também catequese. Por isso, junto com o primeiro
anúncio, sempre temos que nos preocupar com o aprofundamento da fé.

O fruto
da evangelização e da Catequese é o fazer discípulos: acolher a Palavra,
aceitar Deus na própria vida, como dom da fé. Há certas condições da nossa
parte, que se resumem em duas palavras evangélicas: conversão e seguimento. A
fé é uma caminhada, conduzida pelo Espírito Santo, a partir de uma opção de
vida e uma adesão pessoal a Deus, através de Jesus Cristo, e ao seu projeto
para o mundo. Isso supõe também uma aceitação intelectual, um conhecimento da
mensagem de Jesus. O seguimento de Jesus Cristo realiza-se, porém, na
comunidade fraterna. O discipulado, que é o aprofundamento do seguimento,
implica renúncia a tudo o que se opõe ao projeto de Deus e que diminui a
pessoa. Leva à proximidade e intimidade com Jesus Cristo e ao compromisso com a
comunidade e com a missão.

A
catequese é, em primeiro lugar, uma ação eclesial: a Igreja transmite a fé que
ela mesma vive e o catequista é um porta-voz da comunidade e não de uma
doutrina pessoal. A catequese faz parte do ministério da Palavra e do
profetismo eclesial. O catequista é um autêntico profeta, pois pronuncia a
Palavra de Deus, na força do Espírito Santo. Fiel à pedagogia divina, a
catequese ilumina e revela o sentido da vida. 

A
catequese comunica uma experiência de vida, um compromisso de fé, um caminho de
seguimento. “O que existia desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos
com os nossos próprios olhos, o que contemplamos, o que nossas mãos tocaram
acerca da palavra de vida… isto vo-lo anunciamos, a fim de que estejais
unidos a nós” (cf 1Jo 1,1-3).

A
catequese, mais do que transmitir verdades, comunica uma mensagem de vida, de
fé, de compromisso com Deus, consigo mesmo, com o irmão e com a comunidade.

A
catequese acontece através da intercomunicação pessoal e através da comunicação
grupal como exercício de vida comunitária e partilhada.

A
catequese agora necessita avançar para o uso dos equipamentos modernos de
comunicação. As novas gerações nascem dentro da tecnologia.

A
catequese na sua missão de fazer ecoar a mensagem da Boa Nova de Cristo, deve
criar instrumentos que garantam um processo de comunicação participativo e circular;
valorizar a presença na comunidade local dos catequistas com uma formação
especial no campo da comunicação. A Igreja deve estar atenta às perspectivas
que se abrem no campo da educação a distância.

O
educador na fé procura continuar a missão iniciada por Jesus guiado pelo
Espírito Santo. Este serviço na Igreja é de fundamental importância. A Igreja
valorizando o ministério dos catequistas atesta que serviço mais belo que o do
catequista que anuncia a Palavra divina, que se une com amor, confiança e
respeito ao próprio irmão, para ajudá-lo a descobrir e realizar os desígnios
providenciais de Deus sobre ele. Eis que a missão do catequista consiste também
em fomentar que as nossas comunidades sejam mais acolhedoras e
catequizadoras. 

O
catequista é um anunciador da Palavra, alguém que procura de fato vivenciá-la
no dia a dia. Seu testemunho é fundamental, pois não se pode separar a fé da
vida quotidiana. O educador na fé tem uma tarefa extremamente árdua e delicada,
porque a catequese não é um simples ensino, mas a transmissão de uma mensagem
de vida, como jamais será possível encontrar em outras expressões do pensamento
humano. Quem diz ‘mensagem’, diz algo mais do que doutrina. Quantas doutrinas
jamais chegam a ser mensagem! A mensagem não se limita a expor idéias, ela
exige uma resposta, pois é interpelação entre pessoas, entre aquele que propõe
e aquele que responde. A mensagem é vida. Cristo anunciou a Boa Nova, a
salvação e a felicidade. Por ser uma mensagem de vida, é que a Igreja catequiza
o povo.

A
Catequese nos últimos anos deu passos significativos. Em toda parte percebe-se
um fervilhar de novas experiências e métodos mais adequados que nos orientem na
caminhada. Este processo de renovação depara-se com alguns desafios: a
catequese não pode ser uma simples iniciativa baseada na boa vontade, na
improvisação. Disso decorre a necessidade de pensar, organizar e atualizar a
catequese, buscar novos areópagos, animar os catequistas, criar um clima
humano-afetivo.  Surge assim a missão da Igreja do qual depende, em grande
parte, a dinâmica e a renovação da catequese numa comunidade. Não tenha medo e,
avance nas águas mais profundas atendendo ao apelo de Cristo e da Igreja, de
anunciar o Evangelho e catequizar os homens e mulheres de boa vontade.

Dom Orani
João Tempesta, O. Cist., é arcebispo metropolitano de São Sebastião do Rio de
Janeiro

 

Igreja deve aprender a liguagem dos jovens

IGREJA DEVE
APRENDER LINGUAGEM DOS JOVENS

 

Dom
Fisichella afirma que liberdade e ciência são dois valores dominantes

 

MADRI,
quinta-feira, 21 de julho de 2011 (
ZENIT.org) – Para
evangelizar os jovens, a Igreja precisa compreender sua cultura, na qual a
liberdade e a ciência são valores dominantes, considera o arcebispo Rino
Fisichella.

Segundo o
presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização, não se
pode falar de Cristo aos jovens “sem falar da liberdade, pois o jovem de hoje a
colocou em sua cultura, mas a liberdade tem de estar sempre em relação com a
verdade, pois é a Verdade que produz a liberdade”.

Ao mesmo
tempo, acrescenta, “não se pode falar de Deus aos jovens sem conhecer a cultura
dos jovens de hoje, que é a científica. A cultura de hoje, seu conteúdo, está
repleto de axiomas de ciência”.

O prelado
italiano compartilhou sua análise da evangelização dos jovens ao participar, em
20 de julho, do curso de verão “Os jovens e a Igreja Católica”, organizado pela
Universidade Rei João Carlos.

Esclareceu
que a Igreja está “a favor da ciência, mas esta tem de estar a favor da
humanidade e nunca contra ela”.

“Chegará
o momento em que a própria ciência pedirá ajuda à teologia para conhecer mais
amplamente os âmbitos da realidade e poder dar resposta à dor, à traição, à
morte”, em definitiva, “às grandes perguntas, as perguntas de sentido”, afirmou
Dom Fisichella, em uma conferência intitulada “Os jovens e Deus, os jovens e
Jesus Cristo, os jovens e a vida eterna”.

O prelado
destacou que “a interação ciência-vida pessoal-ética é necessária, não se pode
viver sem ela”.

Como
exemplo, Fisichella contou o caso do diretor do Projeto Genoma, Francis S.
Collins, que se adentrou na linguagem de Deus, porque “a verdadeira ciência nos
coloca às portas do transcendente”.

E
concluiu afirmando que “se pode ser católico e cientista ao mesmo tempo. Viver
o conhecimento científico não implica em ser ateu. O cientista tem seus
limites, não pode afirmar a não-existência de Deus”.