Onde mora a felicidade

Onde mora a felicidade?

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Um_Curso_Em_Milagres“Seja grande. Veja o mundo em um grão de areia. Veja o céu em um campo florido; guarde o infinito na palma da mão e a eternidade em uma hora de vida.”  (William Blake)

O grande anseio de todos nós é sermos felizes; este anseio foi posto em nosso coração pelo Criador. Mas a felicidade parece escapar das nossas mãos; ela não se deixa agarrar facilmente. Parece uma eterna fugitiva do homem.

Para uns ela parece uma miragem que nunca pode ser encontrada; para outros ela está nos prazeres do corpo e da alma.

A verdade é que a felicidade não cai do céu; é uma conquista. Não se encontra a felicidade; a construímos no dia-a-dia da vida. Ela não está fora de nós, mas em nosso interior. Ser feliz não é viver sem problemas e sem lutas; é saber o sentido de tudo isto. O homem constrói a sua felicidade como a abelha faz o mel.

Há uma lenda interessante sobre os deuses. Com medo do homem se tornar perfeito e não precisar mais deles, os deuses reuniram-se para decidir o que fazer. O mais sábio dos deuses disse:  “Vamos dar-lhes tudo, menos o segredo da felicidade”. “Mas se os humanos são tão inteligentes, vão acabar descobrindo esse segredo também!”, disseram os outros deuses. “Não”, respondeu o mais sábio – “vamos esconder a felicidade num lugar onde eles nunca vão achar – dentro deles mesmos”.

A maioria das pessoas está procurando pela felicidade fora de si; olhando em volta para ver se a encontram. Este é um grande e simples segredo: a felicidade mora dentro de nós. Ela depende do que você é, e do que do que você faz.

Existe um ditado oriental que diz: “Se você quer saber como foi seu passado, olhe para quem você é hoje. Se quer saber como vai ser seu futuro, olhe para o que está fazendo hoje”.

Procura-se hoje, a todo custo, aquilo que dê prazer, sensação, prestígio, riqueza e poder, como se aí estivesse a verdadeira felicidade, ao mesmo tempo que se foge de tudo o que possa significar austeridade, auto-domínio, paciência, humildade, desprendimento, temperança…Nunca como hoje houve tantas alternativas de diversões, algumas até pouco se importando com as exigências morais das mesmas; mil artimanhas para fazer o homem e a mulher “felizes”.

Mas, que felicidade?  Será que a temos conseguido?

Quanto mais aumentam as redes de negócios, visando  agradar as pessoas e dar-lhes uma vida “regalada”, tanto mais aumentam os problemas e as frustrações.

A grande crise dos nossos tempos é o conflito do “ter” e do “ser”. Santo Agostinho dizia: “não andes averiguando quanto tens, mas o que tu és”. E ainda: “A verdadeira felicidade não consiste em ter muito, mas em contentar-se com pouco”.

A verdadeira felicidade não pode ser amassada em um acidente, nem roubada pelos ladrões, nem queimada pelo fogo. Só é autêntica a felicidade que não é feita de coisas materiais. Ela é feita de coisas que você não pode tocar com as mãos e nem ver com os olhos: a bondade, a paz, o amor, a segurança, a alegria…

Nunca como hoje, o homem e a mulher precisam tanto de meios para conter as próprias frustrações: psicólogos, psiquiatras, psicanalistas, e tanta fuga na bebida, no fumo e na droga.

Nunca como hoje se consome tantos calmantes, soníferos e anti-depressivos. A “doença” que mais afasta as pessoas hoje do trabalho é a depressão. Superou as demais. A conclusão é sintomática: a doença não é do corpo, é do espírito.

É preciso parar e meditar. Alegria e felicidade são coisas diferentes; alegria é a felicidade da alma; prazer é a felicidade do corpo. Os prazeres não nos saciarão nunca, pois o corpo é inferior à alma. A grandeza do homem está na sua alma onde estão as suas faculdades maiores: inteligência, liberdade, vontade, consciência, capacidade de amar, de se compadecer… logo, a felicidade duradoura só pode estar na satisfação da alma.

A felicidade está na virtude; sem ela não é possível fazer nada de bom. Ela traz em si a recompensa. Por isso, aprenda a ser feliz; nunca é tarde.

Prof. Felipe Aquino

Caminhar com Deus

Caminhar com Deus

Nem sempre é fácil fazer a vontade do Senhor

“Procurar somente a Deus, ver Deus em todas as coisas, isto é tornar-se superior a todas as coisas humanas” (São Gaspar Bertoni).

Nem sempre é fácil fazer a vontade de Deus. Em primeiro lugar, é necessário o discernimento, pois, muitas vezes, corremos o risco de confundir os desejos e impulsos pessoais com a vontade do Senhor. Nem sempre aquilo que nós desejamos é o que Ele nos pede. Por isso a sabedoria e o discernimento são fundamentais na caminhada espiritual.

Para cultivar uma horta, é necessário saber a época certa do plantio de cada hortaliça, caso contrário, a produção será comprometida. No campo espiritual acontece o mesmo processo. Para se vivenciar aquilo que Deus inspira em nosso coração, é preciso saber o que Ele reserva para cada etapa da nossa existência.

E como descobrir o que Deus deseja? A todo o momento Ele fala com o ser humano por meio de sinais concretos no dia a dia. Não se deve esperar que um anjo apareça e diga: “Você deve fazer isto, pois esta é a vontade do Senhor!” Deus usa de situações, pessoas e acontecimentos para se comunicar conosco.

Olhar a vida com o coração aberto para a presença do Senhor é o primeiro passo para um discernimento espiritual. Somente quando abrimos as portas do coração, para os sinais da presença de Deus no cotidiano, conseguimos ver e ouvir o que Ele nos pede.

Vê-Lo nas diversas situações da vida é também um passo fundamental para o crescimento espiritual. Notar a presença do Senhor na natureza pode desenvolver uma sensibilidade enorme no campo espiritual, mas saber reconhecer essa presença também em um sorriso, uma lágrima, uma situação de luto, uma enfermidade, é fundamental.

Quando se fala em luto e enfermidade, ter discernimento é extremamente importante. Deus não deseja o sofrimento do ser humano, e isso seria contrário à Sua natureza amorosa, pois “Deus é amor”. Sua presença no luto é garantia de que Ele não abandona Seus filhos em nenhum momento, nem mesmo na enfermidade, quando Ele se faz presente ao lado do doente, dando-lhe forças para que possa carregar a cruz com paciência. Deus Pai está presente em cada situação, sendo auxílio, conforto e paz.

Na trajetória da vida, Deus caminha ao lado do ser humano e nunca o abandona. Abrir o coração à presença divina é encontrar-se com o Amor, visível presente do Pai.

 

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Padre Flávio Sobreiro

Minha força, a graça de Deus. Tudo posso unido à Vida.

Minha
força, a graça de Deus. Tudo posso unido à Vida.

 

“Sem Deus
o homem não sabe aonde ir nem tampouco consegue entender quem é. Ante os
grandes problemas que nos levam ao abatimento, vem em nosso auxílio a palavra
de Jesus Cristo que nos faz saber: “Eu sou a videira, vós os ramos. Aquele que
permanece em mim, e eu nele produz muito fruto; 
porque, sem mim, nada podeis fazer”
(Jo 15,5), e nos anima: “E
eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos”
(Mt
28,20). Ante o ingente trabalho que resta a fazer, a fé na presença de Deus nos
sustenta.”       

– cf. Caritas in Veritate-78, Bento XVI. 

             Ao
tentar viver com coerência nossa fé corremos o risco de desanimarmos
rapidamente. O inimigo nos trapaceia de dentro e de fora.  Temos nossas próprias dificuldades pessoais,
nosso mau caráter, nossa preguiça e desejo de uma vida acomodada; como se isso
não bastasse, o mundo também nos coloca numerosos obstáculos de todo tipo:
outras prioridades ou urgências, dificuldades econômicas, profissionais, etc.,
tentações… e inclusive dentro de nosso próprio apostolado podemos constatar um
lento progresso.

             Mediante estas constatações,
gostaríamos de nos unir aos apóstolos que um dia disseram a Nosso Senhor
“Seguir-te é tarefa dura, é melhor nem começar. Quem nos dará a força?” Esta
foi uma pergunta constante em seus corações e Jesus Cristo respondeu-lhes
claramente na última ceia: “Aquele que permanece em mim e eu nele dará muitos
frutos, porque sem mim, nada podeis fazer”. Esta é a mesma experiência que São
Paulo compartilhou com os efésios “Tudo posso naquele que me conforta”. 

             Jesus Cristo não nos pede nem por um
momento para nos apoiarmos em nossas próprias forças, recursos ou talentos; se
assim fosse, Ele mesmo sabe que sua causa estaria perdida. Jesus quis precisar
de nós, não é por “tudo aquilo” que possamos fazer por Ele, mas porque não
podemos fazer nada por nós mesmos e assim Ele pode agir por meio de nós.

             O apóstolo é essencialmente um
instrumento, que se abandona com confiança nas mãos do artista sabendo que Ele
fará a obra. O apóstolo não confia em suas próprias forças,

 mas
na graça de Deus que é onipotente e onipresente. E Deus, querendo cada vez uma
amizade mais íntima e pura com cada um de seus eleitos, muitas vezes purifica
nossos esforços deixando-nos experimentar que nada podemos sem Ele.

             Quando ficamos sem recursos humanos
e colocamos em Deus nossa confiança absoluta, então tudo podemos porque Ele
atuará por meio de nós. 

 

 

·       
Entendo
que minha vocação como apóstolo é essencialmente a de ser instrumento nas mãos
de Deus?

·       
Confio
em sua onipotência e bondade?

·       
Recorro
a Ele em todos os momentos ou unicamente quando já não tenho outra opção?

 

O Rosário e a paz

O Rosário e a paz
São Domingos de Gusmão, homem de ardor e zelo apostólicos, grande defensor e propagador do Rosário, fez desta fundamental prática de devoção mariana um eficaz instrumento para suas próprias necessidades, e usou-a com enorme NOSSA SENHORA ROSARIO fruto enquanto método de pregação. E, seguindo os passos de seu fundador, o Rosário tornou-se uma verdadeira glória da Ordem Dominicana, a qual lhe conferiu uma estrutura lógica e atraente, de fácil assimilação. Pouco habituado a longas e elevadas meditações, o povo se encanta com as fórmulas mais singelas.
Assim, o Rosário – ainda mais com o feliz acréscimo dos Mistérios Luminosos – se apresenta como um breve Catecismo sintetizando de maneira viva as principais verdades da fé. Coloca à disposição de quem o reza, um resumo do Evangelho, e quer seja em casa, na Igreja, ou pelos caminhos, recorda-se a Vida, Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor, ao desfiar suas contas pelos Pai-Nossos, Ave-Marias e Glórias. Por outro lado, são numerosos os casos de intervenção marial ao longo da História, a propósito dessa devoção. Ao ponto de Gregório XIII fixar no primeiro sábado de outubro a festa de Nossa Senhora do Rosário. 
Paz, ensina Santo Agostinho, é a tranqüilidade da ordem. Tranqüilidade sem ordem, ou vice-versa, podem até existir, porém, em nenhum dos dois casos haverá paz, pois toda tranqüilidade nasce da quietude das coisas que não lutam por abandonar o lugar em que se encontram. Ora, por sua vez – e penetrando mais a fundo na questão – a paz é fruto do Espírito Santo pois d’Ele procede como de sua real semente, ou raiz.
Conforme nos ensina a Doutrina Católica, no normal processo dos frutos do Espírito Santo, o primeiro é a caridade, e sua conseqüência é o gozo. Ora, é de ambos que procede a paz. São Tomás de Aquino nos ensina que vive-se em perfeita ordem quando se está unido a Deus, por ser Ele o primeiro princípio e último fim de tudo quanto foi criado. Isto se deve a que quanto maior for o grau de união entre o homem e Deus, mais efetivo se tornará o descanso interior (“Sedatio a fluctuatione desiderii”). Também dessa união resultará uma calma confiante na presença de qualquer inimigo externo, e nada poderá incomodar ou perturbar quem se encontra assim relacionado com Deus, tal qual afirma São Paulo: “Se Deus está conosco, quem estará contra nós?” (Rm 8, 31).
Portanto, a paz tem seu fundamento na vida da graça e da caridade, por ser fruto do Espírito Santo. Ela se torna real quando se vive com Cristo Jesus. Em face dessa evidência, uma era histórica constituída na impiedade, no pecado e na maldade não pode gozar da verdadeira paz, como nos afirma Isaías: “Não há paz para os ímpios, diz o Senhor Deus” (Is 57, 20). Daí os crimes, atentados, seqüestros, terrorismos, guerras, etc. Se as calamidades em nossa época vêm atingindo um patamar inimaginável, chegou o momento de se implorar a paz, e o grande meio de obtê-la é o Santo Rosário. Mas, não nos esqueçamos que “Cristo é nossa paz” (Ef 2,14). E de fato Ele o é por ser autor da graça: “A graça e a verdade vieram por Jesus Cristo” (Jo 1, 17).

Eu estava errado. Perdoe-me!

Eu estava errado. Perdoe-me!

Por qual motivo temos dificuldade de pedir perdão?
Em muitas situações de desentendimento e desconfiança nos relacionamentos humanos, bem como nas separações, brigas no trabalho e nos ambientes sociais, é importante reconhecermos uma de nossas grandes falhas: a falta de um pedido de perdão. Não reconhecermos nossos erros é um grande obstáculo na qualidade do convívio. 
Por qual motivo temos estas dificuldades? Um deles é admitir a “perda da nossa dignidade”, ter de passar por cima do nosso orgulho, sentirmo-nos ameaçados ao expormos nossos pontos fracos, ou que, ao pedirmos desculpas, o outro “nos ‘passe na cara’ ou use isto como uma vingança”, ou ainda que “seja lembrado pelos erros ou punido por ser honesto”. (Powell, J. 1985). Acho que, muitas vezes, você já viveu isto, não é mesmo? 
Em várias situações, sentimo-nos inferiores ao pedir desculpas; temos a necessidade de passar parte de nossa vida provando que somos sempre certos, que somos sempre capazes, que somos fortes e invencíveis. De alguma forma, esta necessidade vai sendo imposta a nós e pode ser uma grande armadilha em nossas vidas. 
Em outras situações, posso usar o seguinte pensamento: “se não recebi as desculpas do outro, por que eu vou me sujeitar a pedir desculpas?”. Isto nada mais é do que um grande processo de imaturidade, ao deixarmos que os comportamentos da outra pessoa possam determinar os nossos comportamentos e atitudes. É como achar certo roubar, porque alguém já roubou, não foi descoberto e nunca foi punido. 
Para que possamos chegar ao ponto de pedir desculpas, é válido encontrar um ponto de honestidade com nós mesmos, assumindo falhas e limitações. Esta honestidade interior faz com que vejamos, verdadeiramente, nossa responsabilidade nas situações, possamos reconhecer o que fizemos e entrar numa atitude de reconciliação com o outro. Talvez, nem sempre consigamos perdão, mas a atitude de reconhecer é totalmente sua e, certamente, muito libertadora. 
Peça desculpas, mas livre-se dos que levam você a pensar: “você provocou isto”, “só reagi assim, porque você é culpado”, “estou tratando você como fui tratado por você”. Tais formas “racionais” de explicar um fato, apenas alimentam em nós mais raiva e mais ressentimento. Faz com que cubramos nossos erros e não permite que, honestamente, possamos admitir o que foi feito de errado. 
“O perdão é instrumento de vida” (Cencini, A . 2005) e “força que pode mudar o ser humano”. Certamente, “a falha em pedir desculpas”  e em perdoar só servirão para prolongar a separação entre duas pessoas. Para isto, “a verdade precisa estar presente em todos os sinceros pedidos de desculpa” (Powell, J. 1985), compreendendo a extensão dos prejuízos que nossas atitudes, por vezes desordenadas e desmedidas, possam ter provocado na vida do outro. 
Por vezes, precisamos quebrar nossas barreiras interiores e realizarmos um grande esforço ao dizer: “Eu estava errado, perdoe-me!”, pois este esforço fará sua vida muito melhor, mesmo que o outro não aceite, de imediato, seu pedido, mas sua vida já foi mudada a partir deste gesto. 
 
Pense nisto: Para quem você gostaria de pedir perdão hoje? 
Elaine Ribeiro
elaine.ribeiro@cancaonova.com