Ascese: Organizar o tempo


Ascese: Organizar o tempo


Não podemos viver ao sabor do improviso


A palavra “ascese” precisa deixar as páginas empoeiradas de nossos dicionários e ganhar espaço na vida. Junto com ela a palavra “mística” são como os dois trilhos por onde caminha o trem da santidade. A mística significa “buscar as coisas do alto”. Um resumo do caminho místico está na primeira parte da oração do pai-nosso. Louvamos o Pai que está no céu, santificamos seu nome, pedimos que venha logo o Reino do Céu, e desejamos que sua vontade soberana reine em nosso mundo do jeito que já reina no paraíso.



A “ascese” significa a disciplina necessária para “buscar as coisas da terra”. Não somos anjos. A segunda parte do pai-nosso é um roteiro de “ascese” para nós, comuns mortais. Pedimos o pão de todo dia, conquistado pelo suor e pelo trabalho. Combatemos toda preguiça. Nos compromentemos a viver em fraternidade, perdoando o que for necessário e pedindo perdão a Deus. Suplicamos que o Senhor nos preserve em pé na hora da tentação e que nos liberte de todo o mal.



Uma das formas de viver a “ascese” é organizar bem o nosso tempo. Como pecamos pela perda de tempo!!! Muitas vezes gastamos horas com bobagens. A ascese de usar bem cada minuto exige disciplina e inteligência. Conheço pessoas que simplesmente não sabem o que fazer com o tempo livre. Acabam deixando os minutos passarem e aquela listinha de coisas a fazer continua pendurada na porta da geladeira.


Faça o teste. Se você quiser pedir um favor, peça-o para alguém ocupado. Pessoas que tem tempo sobrando normalmente não têm tempo para ninguém.



É curioso o modo como Jesus utilizou seu tempo. Ficou 30 anos em Nazaré trabalhando com seu pai. Em três anos apenas tornou-se o pregador mais famoso da história e realizou seu plano de salvação. Precisamos aprender esta lição. É necessário gastar mais tempo preparando bem as coisas do que executando-as. Não podemos viver ao sabor do improviso. Jesus se preparou bastante. Bastaram três anos para realizar a obra. Quando prepara um retiro, um sermão, uma palestra, um show de evangelização, uma aula, normalmente o tempo que levo preparando é maior do que os minutos da apresentação. Mas quanto mais preparo, mais as pessoas se sentem amadas na hora da apresentação. Um músico ensaia horas para executar uma canção de 4 minutos. Isto é a “ascese do tempo”.


Padre Joãozinho, SCJ


 

VIDA: Dom precioso de Deus


VIDA: DOM PRECIOSO DE DEUS


 


            “Antes de formar você no ventre de sua mãe, eu o conheci; antes que você fosse dado à luz, eu o consagrei” (Jr 1,4-5).


            Deus, autor da vida, que nos criou à sua imagem e semelhança; conhecia-nos antes mesmo de nós contemplarmos a luz do mundo, pois somos criaturas queridas d´Ele. Ele confiou aos homens e mulheres a missão de “perpetuar a espécie” ao dizer: “sejam fecundos, multipliquem-se, encham e submetam a terra” (Gn 1,28b). 


            Bela, sublime e admirável missão a de gerar filhos para Deus, pois é a maneira de contribuir para que a criação continue a acontecer. Enquanto homens e mulheres mantiverem o desejo de ter filhos, o mundo, como criação, estará garantido. Mas, se por desobediência, o ser humano deixar de lado esta missão a “espécie humana” correrá risco de extinção”.


INVERSÃO DE VALORES: Ao sair das mãos de Deus tudo era bom: “Deus viu tudo que havia feito, e tudo era muito bom.” (Gn 1,31); Perguntemos então, será que tudo continua bom? Será que cuidamos como devíamos de toda obra criada? Infelizmente vemos maus tratos graves para com a natureza e sentimos depois as conseqüências. Mas o pior são os “atentados” contra a vida humana, que é a “obra prima” da criação de Deus. Nem sempre os idosos são respeitados como merecem; matam-se jovens e adultos para roubar coisas, às vezes insignificantes, e, o mais doloroso, matam-se filhos de Deus antes mesmo de nascerem. Perguntemos novamente: será que tudo continua bom como ao sair das mãos de Deus?


            Deus sempre propõe planos para recuperarmos os males que causamos, porque Ele é bom e quer o nosso bem. Um exemplo clássico é o chamado de Moisés para ser libertador do povo escravizado. Moisés, em nome e guiado por Deus, conduz o povo para a terra prometida, a terra da liberdade. Este povo, que foi criado e libertado por Deus, inúmeras vezes caiu na idolatria e no pecado, ou seja, se afastou do criador. Mas Deus, na sua infinita misericórdia, envia sem cessar profetas para denunciarem os erros, para prepararem a vinda do salvador e indicarem o caminho que conduz à salvação. Quando o povo aceita as correções a vida cresce, quando não aceita a vida perece.


            Não bastando os ensinamentos dos profetas, Deus envia seu próprio filho Jesus Cristo para reconciliar toda criatura com o Criador. Ele nos mostrou por palavras – ensinamentos – e ações como devemos amar e defender a vida: multiplicou pães para saciar os famintos, curou os enfermos, ressuscitou mortos, perdoou os pecadores arrependidos… Ele colocou a vida acima de qualquer lei. Exemplo maior foi de entregar sua vida para salvar a nossa. Com a ressurreição Ele vence a morte que é o maior inimigo da vida, assim, Jesus Cristo mostra que vida não pára aqui, ela continua em Deus.


            A missão de defender a vida e pregar a ressurreição Jesus confia à Igreja que é iluminada e conduzida pelo Espírito Santo. Por isso todo fiel cristão tem o direito e o dever de ser promotor da vida desde a sua concepção. É agindo desta maneira que podemos fazer o mundo voltar a ser completamente bom sem violência, ódio, rancor e destruição, voltar a ser como saiu das mãos de Deus.


            A você, caro leitor (a), desejo que possa amar a vida e defende-la em toda e qualquer situação. Saiba que o movimento Rosário Perpétuo é fruto da iluminação do Espírito Santo, é instrumento de libertação de Deus, e tem uma missão a cumprir nesta terra. Que Deus dê as forças necessárias para serem autênticos (as) discípulos missionários de Jesus Cristo. Encerro com o conselho deixado por Deus no livro do Deuteronômio: “Diante de ti coloco a vida ou a morte, a bênção ou a maldição; escolha a vida e viverás, você seus descendentes.” Dt 30, 19b – 20. 


Pe.  Paulo Francini


Reitor do Seminário Diocesano Nossa Senhora de Belem


 


 

Julgamento cabe a Deus


Julgamento cabe a Deus


Não posso fazer-me de juiz do meu irmão


As aparências enganam. O comportamento de uma pessoa não diz de sua essência ou daquilo que, de fato, ela é. Por isso, todo julgamento é pecado. Só Deus tem o poder para julgar. É Ele que conhece o profundo das pessoas.
Quem julga o próximo está condenando a si próprio; pois quem julga o outro acaba fazendo coisa pior.
Não posso fazer-me de juiz do meu irmão. Acabo pegando um fato isolado de alguém, abrindo um processo, condenando, dando a sentença, até a morte. Não podemos parar nos fatos isolados dos nossos irmãos. Somos chamados a ser misericórdia de Deus para a vida do outro. “Não julgueis e não sereis julgados. Pois o mesmo julgamento com que julgardes os outros servirá para vós; e a mesma medida que usardes para os outros servirá para vós. Por que observas o cisco no olho do teu irmão e não reparas na trave que está no teu próprio olho?” (Mateus 7,1-3).
Assim como queremos que Deus não nos condene, também não podemos condenar o irmão por qualquer coisa que ele tenha feito, por pior que tenha sido, a Deus cabe o julgamento, “porque Deus não faz distinção de pessoas” (Romanos 2,11).
Deus sempre julga tudo do homem conforme sua justiça e amor. Ele não julga como nós julgamos ou entendemos ser julgamento. Não queiramos olhar para Deus com parâmetros humanos. Nossos pensamentos não são os pensamentos do Senhor.
Como já disse, somente Deus pode julgar, porque todos nós temos “culpa no cartório”, o nosso julgamento precisa ser transformado em acolhimento, amor, alegria e justiça.
A justiça de Deus dá a vida a todos os homens. Justiça significa retribuir ao outro aquilo que lhe é devido. Por isso, a justiça de Deus precisa ultrapassar a nossa mentalidade e nos levar a uma mudança de coração para que tratemos o outro como verdadeiro filho de Deus.
Por causa do nosso julgamento, muitas vezes, estamos nos afastando de Deus e as pessoas de nós e de Deus. Porque se vermos uma pessoa diferente se aproximando e entrando na igreja, temos logo um juízo temerário e a condenamos, atribuímos muitas vezes coisas que aquela pessoa nem é – como, por exemplo, prostituta, ladrão etc, sem realmente ter conhecimento de sua vida ou passado.
Mas precisamos ser instrumentos de acolhimento como Jesus foi; levar a salvação que vem de Deus e do seu Evangelho.
Devemos levar os outros à compreensão de que a nossa salvação está unicamente em Jesus Cristo. Aderir ao Senhor pela força da nossa fé. Pois o Evangelho de Jesus tem a força de salvação e purificação: “Pois ele [Evangelho] é uma força vinda de Deus para a salvação de todo aquele que crê (Romanos 1,16b).”



Padre Reinaldo
blog.cancaonova.com/padrereinaldo

O Paraiso de Deus é o coração do homem


O Paraiso de Deus é o coração do homem



O grande erro é tratar Deus com desconfiança


Deus vos ama! Amai – O.(…)
Habituai- vos a falar- lhe a sós, com familiaridade, confidência e amor como a um vosso amigo, ao amigo mais caro que têm e que mais vos ama.
E se é um grande erro, como foi dito, o tratar Deus com desconfiança (…) erro maior será pensar que conversar com Deus só seja aborrecimento e amargura.
Não, não é verdade: – porque a sua conversação não tem nada de desagradável, nem a sua convivência nada de fastidioso – (Sb 8,16).
Perguntai às almas que o amam com um amor verdadeiro e vos responderão que nas penas das suas vidas não encontraram maior e verdadeiro alívio que naquele que encontraram conversando amorosamente com Deus.
Não é que se vos pede uma aplicação contínua da vossa mente para que vos esqueceis dos vossos afazeres e do vosso entretenimento.
O vosso Deus está sempre perto de vós, ou melhor, dentro de vós: (Act 17,28).
Não existe um porteiro para quem deseja falar- lhe; pelo contrário, Deus aprecia que vós lideis confidencialmente com ele.
Falai- lhe dos vossos afazeres, dos vossos projetos, dos vossos temores e de tudo aquilo que vos pertence.
Fazei- o sobretudo, como eu disse, com confidência e de coração aberto, porque Deus não sabe falar com uma alma que não lhe fala; dado que não estando habituada a lidar com ele, entenderá mal a sua voz quando ele lhe falará.
Ele, sem esperar que vos dirijais a ele, quando desejais o seu amor, antecipa-se trazendo-vos as suas graças e os seus remédios dos quais precisais. Só espera que lhe faleis, para vos demonstrar o quanto vos está próximo e pronto para vos escutar e consolar(…).
O nosso Deus habita no alto dos céus, mas não desdenha de entreter-se, dia e noite, com os seus filhos fiéis e participa-lhes as suas consolações divinas, das quais somente uma supera todas as delícias que ele pode dar ao mundo, e só não as deseja quem não as experimenta.
Extraído de “Opere Ascetiche” de S. Alfonso Maria de Liguori, (CSSR, Roma 1933, Vol. I, pp. 316-318)


S. Alfonso Maria de Liguori
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Maria, a Mãe de Deus, é modelo para a Igreja


Maria, a Mãe de Deus, é modelo para a Igreja


A devoção a Maria é fonte de compromisso com Deus e com os irmãos


Maria, a Mãe de Deus, é modelo para a Igreja, é Mãe para os remidos. Por sua adesão pronta e incondicional à vontade divina que lhe foi revelada, torna-se Mãe do Redentor, com uma participação íntima e toda especial na história da salvação. Pelos méritos de seu Filho, é Imaculada em sua Conceição, concebida sem a mancha original, preservada do pecado e cheia de graça.
Ao confessar-se serva do Senhor (Lc 1,38) e ao pronunciar o seu sim, acolhendo “em seu coração e em seu seio” o mistério de Cristo Redentor, Maria não foi instrumento meramente passivo nas mãos de Deus, mas cooperou na salvação dos homens com fé livre e inteira obediência. Sem nada tirar ou diminuir e nada acrescentar à ação daquele que é o único Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, Maria nos aponta as vias da salvação, vias que convergem todas para Cristo, seu Filho, e para a sua obra redentora.
Maria nos leva a Cristo, como afirma com precisão o Concílio Vaticano II: “A função maternal de Maria, em relação aos homens, de modo algum ofusca ou diminui esta única mediação de Cristo; antes, manifesta a sua eficácia. E de nenhum modo impede o contato imediato dos fiéis com Cristo, antes o favorece”.
Mãe da Igreja, a Virgem Santíssima tem uma presença singular na vida e na ação desta mesma Igreja. Por isso mesmo, a Igreja tem os olhos sempre voltados para aquela que, permanecendo virgem, gerou, por obra do Espírito Santo, o Verbo feito carne. Qual é a missão da Igreja senão a de fazer nascer o Cristo no coração dos fiéis, pela ação do mesmo Espírito Santo, através da evangelização? Assim, a “Estrela da Evangelização”, como a chamou Paulo VI, aponta e ilumina os caminhos do anúncio do Evangelho.
Este anúncio de Cristo Redentor, de sua mensagem de salvação, não pode ser reduzido a um mero projeto humano de bem-estar e felicidade temporal. Tem certamente incidências na história humana coletiva e individual, mas é fundamentalmente um anúncio de libertação do pecado para a comunhão com Deus, em Jesus Cristo. De resto, esta comunhão com Deus não prescinde de uma comunhão dos homens uns com os outros, pois os que se convertem a Cristo, autor da salvação e princípio de unidade, são chamados a congregar-se em Igreja, sacramento visível desta unidade humana salvífica.
Por tudo isto, nós todos, os que formamos a geração hodierna dos discípulos de Cristo, com total aderência à tradição antiga e com pleno respeito e amor pelos membros de todas as comunidades cristãs, desejamos unir-nos a Maria, impelidos por uma profunda necessidade da fé, da esperança e da caridade. Discípulos de Jesus Cristo neste momento crucial da história humana, em plena adesão à ininterrupta Tradição e ao sentimento constante da Igreja, impelidos por um íntimo imperativo de fé, esperança e caridade, nós desejamos unir-nos a Maria. E queremos fazê-lo através das expressões da piedade mariana da Igreja de todos os tempos.
A devoção a Maria é fonte de vida cristã profunda, é fonte de compromisso com Deus e com os irmãos. Permanecei na escola de Maria, escutai a sua voz, segui os seus exemplos. Como ouvimos no Evangelho, ela nos orienta para Jesus: Fazei o que ele vos disser (Jo 2,5). E, como outrora em Caná da Galiléia, encaminha ao Filho as dificuldades dos homens, obtendo dele as graças desejadas. Rezemos com Maria e por Maria: ela é sempre a “Mãe de Deus e nossa”.

artigo extraido da homilia na dedicação da Basílica Nacional de Aparecida do Papa João Paulo II
Joao Paulo II
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