Catedral Nossa Senhora de Belém celebra mais uma edição da Festa da Padroeira

No dia 11 de novembro de 2018, a Catedral Nossa Senhora de Belém, em Guarapuava, completa seus duzentos anos de fundação.

No próximo dia 02 de fevereiro, Guarapuava celebra mais uma edição da festa da padroeira, Nossa Senhora de Belém. O evento, tradicional no município, será na Catedral Nossa Senhora de Belém, Rua Visconde de Guarapuava, 236, centro da cidade.

Este ano, o tema escolhido para os festejos será: “Duzentos anos, aprendendo com Maria”, em celebração aos duzentos anos de fundação da Catedral de Guarapuava, enquanto paróquia.

Como em anos anteriores, uma programação diversificada vem sendo preparada desde os últimos meses, com o intuito de atender a contento aos participantes.

Em 23 de janeiro, às 19 horas, será celebrada uma missa de envio dos trabalhadores da festa. Todos são convidados a participar deste momento considerado um dos mais importantes das comemorações, uma vez que centenas pessoas doam seus serviços em favor do evento que é marco na história da cidade.

De 24 de janeiro a 01 de fevereiro, às 19h15, haverá novena com temas marianos, seguida de barraquinhas de doces e salgados. Nos dias 25 e 30 de janeiro, das 09h às 18h, haverá a Bênção dos Veículos. Na noite de 26 de janeiro, às 19h, os presentes poderão comprar a tradicional “Costela Minga”.

No dia da festa, 02 de fevereiro, às 7h, haverá a Missa dos Festeiros. Às 8h, terá início a 6ª edição da Corrida da Padroeira. A programação do evento segue com Missa Solene e Bênção das Velas às 9h30. Ao meio dia, será servido um almoço à base de churrasco e acompanhamentos. À noite, às 19h15, haverá a Missa de Encerramento das atividades.

Segundo o pároco da Catedral e vigário-geral da diocese de Guarapuava, padre Acácio Evêncio de Oliveira, todos são convidados a participar de mais este momento importante para toda a comunidade.

DUZENTOS ANOS

No dia 11 de novembro de 2018, a Catedral Nossa Senhora de Belém, em Guarapuava, completa seus duzentos anos de fundação. Por noventa e sete anos, a partir do momento em que foi instituída, a comunidade paranaense era a maior paróquia do Estado, sendo elevada à condição de Catedral no dia 16 de dezembro de 1965, quando então, através da Bula “Christi Vices”, era criada a diocese de Guarapuava.

E os dois séculos de existência desta que é, atualmente, a maior diocese do Paraná, já estão sendo comemorados com muita festa desde novembro de 2017, quando então, se iniciaram os festejos jubilares.

HISTÓRIA

No Brasil, como em muitos países, a maioria das cidades foi fundada em torno de uma comunidade católica. Grande parte destas cidades têm nomes de santos ou algo que remeta ao cristianismo, ao catolicismo, em si. Com Guarapuava, não foi diferente. Embora a cidade não leve o nome de santo, o catolicismo está tão arraigado na história do município que é impossível separar uma situação da outra.

A hoje paróquia e Catedral Nossa Senhora de Belém, foi ponto chave para que os aspectos físicos da cidade tivessem melhor direcionamento.

Muitos acontecimentos que até certo ponto seguiam paralelos, em dado momento se entrecruzaram com a história da Catedral e, assim, à forma de unicidade, seguiram até os dias atuais.

IMAGEM DA SANTA

Segundo a oralidade popular, a imagem de Nossa Senhora de Belém veio de Portugal em 1818, trazida por Laura Rosa da Rocha Loures. A caminho da região, a expedição foi atacada por índios Kaigangs, às margens de um rio. Devota da Virgem, Laura, por sua vez, fez a promessa de que, se conseguisse sobreviver ao ataque, construiria uma capela para homenagear Nossa Senhora. A mulher foi ferida, mas sobreviveu, apesar de muitos da expedição terem perdido suas vidas no ataque. Desta forma, o rio onde a batalha ocorreu às suas margens, passou a ser chamado de Rio das Mortes, atualmente, ponto de referência para o município e também para o Paraná.

Em se tratando da construção da Igreja, esta já estava nos planos do vigário curitibano e grande evangelizador que atendia à região. Seu nome era Francisco das Chagas Lima. Vale destacar que no entendimento de padre Chagas, a comunidade se uniria cada vez mais com a construção da nova igreja, tornando o povoado um lugar de destaque no Estado e no Brasil que, à época, passava a se voltar para o interior com interesses visíveis e necessários de povoação e domínios territoriais. Com este intuito, ele próprio (padre Chagas) elaborou o projeto arquitetônico e estrutural da Catedral, buscou recursos através de doações da comunidade, principalmente financiamento político, finalizou as obras em 1818 e, em 1819, conseguiu inaugurar a Igreja que, a partir de então passou a ser ponto referencial na cidade.

PADRE CHAGAS

Padre Francisco das Chagas Lima, o padre Chagas, foi autoridade importante para a construção e manutenção da Igreja Católica na cidade. Há que se destacar também, que a história da Catedral Nossa Senhora de Belém e a criação do município de Guarapuava, se mesclam e chegam até a se confundir. Há uma congruência histórica, um desenrolar de fatos, uma mescla de acontecimentos impossíveis de se separar e, por isso, instigantes como objeto de estudo em se tratando de curiosidades e de conhecimento histórico.

Nascido em Curitiba, em 1757, padre Chagas foi considerado um visionário para sua época. Tornou-se sacerdote muito cedo e as questões indígenas sempre foram seu foco de atuação.

De Julho de 1784 até setembro de 1795, foi Vigário de Curitiba. Em 1800, o governo do Estado de São Paulo lhe designou a tarefa de catequizar os índios que, à época, eram considerados povos errantes. Muitas tribos, além da miséria, eram acometidas por várias doenças e as frequentes guerras que dizimavam centenas de pessoas de uma só vez. Pelo trabalho com este povo, padre Chagas foi considerado “Apóstolo dos Gentios”. Segundo a história, o sacerdote dedicava grande parte do seu tempo à catequese e cuidados com índios doentes. Este apostolado ele exercia com muito amor e dedicação, de acordo com relatos históricos. Ele chegou a escrever um catecismo na língua nacional dos índios Purys, que é a única fonte que se tem atualmente sobre a dialética deste povo que foi extinto e teve sua língua morta.

Em maio de 1804, padre Chagas passa a trabalhar como vigário de Guaratinguetá, em São Paulo. Depois foi o fundador da Aldeia de São João de Queluz, de cuja Igreja foi o administrador das obras. Na ocasião, padre Chagas precisou enfrentar e saber lidar com a extrema pobreza e a fome das pessoas do lugar. Muitas destas pessoas eram caboclas e indígenas. Percebendo a situação precária dos moradores de Queluz, interveio junto ao governo e conseguiu deste, vários talhões de terra para que o povo cultivasse café. A ideia deu certo. Depois da adesão à nova cultura, muitas famílias saíram da linha da miséria e passaram a sobreviver de forma mais digna.

Em 1809, o padre foi promovido ao posto de Primeiro Capelão da expedição a Guarapuava, um trabalho considerado de extrema importância, pois através dele, a abertura de novas Regiões do Brasil seriam possíveis. Padre Chagas foi então nomeado Vigário da Freguesia de Nossa Senhora de Belém, atual cidade de Guarapuava, com o intuito de catequizar os índios chamados Gentios, que habitavam os arredores do Fortim Atalaia, um ponto estratégico onde se travou grandes batalhas naquele período, sempre resultando em muitas mortes.

Padre Chagas chegou a Guarapuava com a Real Expedição do Comandante Diogo Pinto de Azevedo Portugal, da qual faziam parte pelos menos 300 pessoas. Deste grupo, mais de duzentos eram soldados. Segundo dados históricos, muitos escravos também fizeram parte da expedição, mas, como naquele período eram tratados como propriedade e não como pessoas, eles sequer entraram na estatística. Desta forma, os próprios historiadores admitem uma grande deficiência em explicar quantos eram estes homens e mulheres que literalmente abriram caminho por entre a mata e na Região de Guarapuava, se estabeleceram, contribuindo de forma direta e, muitas vezes, com as próprias vidas, para que o lugar se transformasse.

Também segundo a história, nem todos esses civis chegaram às novas terras por livre e espontânea vontade. Muitos deles se sentiam amedrontados e ameaçados de morte pelas tribos indígenas que habitavam a vasta extensão de terras. Guarapuava, à época, era chamada de “Koran-bang-rê”.

O Cacique Guairacá (autor da frase: “Esta terra tem dono!”) derrotou o exército paraguaio comandando doze tribos indígenas.

Por ordem do rei, o comandante Azevedo Portugal recrutou os colonizadores entre fazendeiros de Curitiba e pessoas que não possuíam estabelecimento fixo (vieram poucas mulheres e houve muitos casamentos forçados de colonizadores com índias) para participarem da expedição.

Anos depois, entre 1812 a 1859, também foram enviados para continuar o povoamento de Guarapuava muitos criminosos já sentenciados que cumpririam pena de trabalho forçado, sem salário algum nas novas terras.

Padre Chagas, por sua vez, foi quem celebrou a primeira missa em Guarapuava, em 1810, no Fortim Atalaia. Ele foi escolhido para a tarefa, pela facilidade que tinha no trato com os povos indígenas. Relatos escritos à época dão conta de que o fato de ele os tratar com respeito e igualdade, fazia com que estes confiassem em suas ações e aderissem à sua catequese sem muito relutar. Muitos se convertiam ao catolicismo e passavam a ajudar padre Chagas em suas tarefas.

Em seus trabalhos de evangelização, o sacerdote recebeu ajuda de um cacique chamado Antônio José Pahy. Este colaborou com os trabalhos de evangelização entre 1912 e 1819. Conta-se que a Catequese prosperou muito neste período, graças às virtudes do cacique Pahy e seus princípios morais usados para conquistar a confiança dos outros índios para que estes passassem a estudar o cristianismo.

Com a morte de Pahy, foi escolhido pelo comandante para dar sequência aos trabalhos de evangelização, o cacique Luiz Tigre Gacon. No entanto, Gacon era considerado muito cruel e, por exigir que os índios trabalhassem forçadamente, não foi aceito e a Missão de evangelização e de catequese decaiu.

Os índios viviam em grupos e, estes grupos, por sua vez, guerreavam entre si. Havia conflitos frequentes entre os Kaigangs, que viviam nas aldeias os Cayeres, que habitavam a região chamada de sertão. Destes conflitos maiores, outras guerras se formaram entre os Votorões, os Dorins e os Xocrens. Em uma destas batalhas, a aldeia dos kaigangs junto ao Fortim Atalaia, foi destruída e muita gente morreu. Alguns sobreviventes se mudaram para os Campos de Palmas e outros foram para o Norte do Paraná em busca de melhores condições de instalações.

FREGUESIA

Através de sua influência política e pastoral, em 1819, padre Chagas conseguiu um alvará que lhe dava direito à criação de um novo povoado. Criou-se então, a Freguesia Nossa Senhora de Belém. Os primeiros habitantes Da nova vila foram os moradores que sobraram da matança que havia acontecido no Povoado Atalaia, por ocasião da guerra dos índios. A tribo Kaingang, por sua vez, permaneceu na região evitando assim qualquer contato com os brancos e com outras tribos. De certa forma, permaneceram segregados, mas sempre alertas para qualquer imprevisto que pudesse acontecer.

A escolha de uma planície para fundar a Freguesia, se deu pela facilidade geográfica do lugar. O novo povoado ficava a uns nove quilômetros do antigo.

O documento chamado de: “Formal da Criação da povoação e freguesia de Nossa Senhora do Belém nos Campos de Guarapuava”, foi redigido por padre Chagas e o comandante interino da expedição, Antônio da Rocha Loures. Estes figuram na história como os fundadores de Guarapuava, que foi como o lugar passou a ser chamado posteriormente.

Com diplomacia que lhe era nata, padre Chagas costumava fazer a ponte entre índios e colonizadores. Por ter catequizado três tribos indígenas, falava com fluência suas línguas. Especialistas na língua Kaingang, atribuem a ele um vasto vocabulário escrito e publicado anonimamente, em 1852, de um dialeto intitulado “Língua Bugre”.

Em 1825, aproximadamente 200 índios do sertão assaltaram a Região de Atalaia, queimaram as propriedades e mataram o cacique Gacon e mais 27 índios. No dia do ataque, padre Chagas, que estava dormindo no aldeamento, ao perceber a emboscada, fugiu para o mato em busca de ajuda. Na manhã seguinte, voltou com reforços para providenciar tudo o que fosse necessário: enterrou os mortos conforme os ritos católicos já que, segundo relatou, todos eles eram batizados com exceção de um que estava sendo preparado para tal ofício cristão. Além dos 28 mortos, toda a colheita de milho e feijão do ano foi incendiada, bem como todas as roupas e objetos que existiam no aldeamento, também. Padre Chagas, como responsável não só pela catequização e evangelização, mas também pelo sustento e alojamento dos indígenas, precisaria encontrar um novo lugar para abrigar os aldeados. Então se encaminhou com os 73 sobreviventes, e mais 30 índios não aldeados que encontrou pelo caminho, para um lugar relativamente próximo da Freguesia Nossa Senhora de Belém. Essa localidade foi denominada por Chagas Lima de “Nova Atalaia”. Padre Chagas escreveu: “Este lugar de Nova Atalaia está à vista da Freguesia, da qual não dista mais que uma légua de bom caminho. É neste lugar que faço minha principal residência, promovendo a feitura de novas casas para moradia dos índios, das quais tenho feito levantar três maiúsculas e outras tantas menores, além de outra mediana, que comprei a um paisano que ali morava, e me ofereceu, quando se quis mudar para outra parte: todas cobertas de palha. Agora estou cobrindo de telhas mais uma, que é grande, com bastante comodidade, para nela se erigir um oratório, em que se possa dizer missa quando necessário”.

INSEGURANÇA E CONFLITOS DE INTERESSES

A violência empregada no ataque a Atalaia causou insegurança entre os fazendeiros da freguesia que à época eram em pequeno número, mas possuidores de grandes extensões de terras. Isso gerou um conflito entre o padre e os proprietários que queriam os índios do sertão mortos e o fim da aldeia dos Kaigangs. Padre Chagas disse: “Quanto não deverei eu estar consternado, e penetrado de dor até hoje […] Porém, o que mais me tem aumentado minhas aflições, é estar vendo e conhecendo, que o povo português que aqui se acha, em vez de me confortar, me impõe, arguindo-me com seus conventículos particulares, como se minhas faltas de prevenções tivessem ocasionado esta desgraça. É desses conventículos que saiu um precipitado e absurdo requerimento para a extinção de todos os selvagens de Guarapuava, pelas armas da expedição”, lamentou em um de seus discursos que se mantém escrito.

Para os fazendeiros os índios eram apenas mão de obra e, por isso, permitiam as aldeias cristãs tão próximas. Para o padre, no entanto, os indígenas eram irmãos de fé, catecúmenos e, sobretudo, filhos de Deus.

EM DEFESA DOS NATIVOS

Em 1824, padre Chagas escreveu, quando houve uma tentativa de abandono em massa por parte dos indígenas da aldeia de Atalaia: “Tendo eu aviso nesta freguesia, que os índios e índias da Atalaia, quase todos […] se tinham retirado em figura de irem estabelecer nos seus antigos lares do sertão; no mesmo instante montei no meu cavalo e […] fui atrás deles; e os convenci a voltarem a sua aldeia; e a seguirem nela como dantes a religião cristã, que haviam professado”.

Os fazendeiros, além de criticar o trabalho de Padre Chagas, dizendo que ele não era rígido com os índios da aldeia, não os reprimindo e que por isso não trabalhavam direito, acabaram por sugerir a guerra contra os “índios do sertão”. Esses povoadores também pediam o fim da separação entre o aldeamento dos índios Kaigangs e a freguesia. Padre Chagas disse aos fazendeiros que não julgava a atitude deles inteligente a de agir com violência contra os indígenas, pois isso somente prejudicaria o contato e a aproximação pacífica a fim de converter aqueles grupos ao cristianismo. No entanto, os colonizadores consideraram como devaneios as ideias de padre Chagas. Este, por sua vez, rebateu dizendo que antes de os fazendeiros chegarem a Guarapuava ou a qualquer região do país, os índios já habitavam o lugar o que, os fazia, por direito, os verdadeiros donos da terra.

Por dizer sempre o que pensava, padre Chagas fez muitas inimizades. O comandante Antônio da Rocha Loures, não era a favor de matar os índios do sertão. O padre o tinha convencido quando disse: “Além disso, como seriam realizadas as incursões aos sertões sem os índios que serviam de guias? Como ficaria a segurança da freguesia se o período de 12 anos de paz entre índios e povoadores fosse suspenso?”, questionou. Ele acreditava que se houvesse um massacre dos índios, ninguém conseguiria permanecer em Guarapuava, devido à violência a que estariam expostos em virtude das vinganças que lhes seriam aplicadas pelos nativos.

Pensando diferente, o comandante era a favor de que os índios se alistassem e passassem a fazer parte do exército e trabalhassem ao lado dos soldados brancos na defesa do território, porém sem os direitos destes.

Entendendo que os índios não tinham malícia para esta convivência militar com os brancos, padre Chagas discordava da ideia de mesclar os dois costumes neste sentido. Ele entendia que eram díspares as ideias e as ideologias dos dois povos, principalmente no que dissesse respeito a questões militares.

Havia um jogo de interesse na intenção de mesclar brancos e índios, segundo os relatos de alguns historiadores que buscaram documentos da época. Conforme descrevem, os fazendeiros tinham interesse em uma sesmaria que padre Chagas havia doado aos índios. Este, por sua vez, negou com veemência esta prática.

Contrariado pelo sacerdote, o comandante acabou sucumbindo à pressão dos fazendeiros. O padre lembrou ao comandante e aos fazendeiros que era ele quem mantinha a aldeia, os catecúmenos (novos cristãos), citando as doações de terra e animais que havia realizado como forma de manter estas pessoas no lugar, com o mínimo de dignidade. Não houve argumento que dissuadisse o comandante de misturar brancos e índios.

Historiadores afirmam que o trabalho do padre foi todo perdido a partir do momento em que houve esta mistura entre índios e soldados brancos. Valores morais adquiridos ao longo dos tempos foram desfeitos com rapidez, pois os nativos passaram a ser vistos e tratados como selvagens, como animais, destoando completamente do trabalho pastoral e de evangelização proposto por padre Chagas.

MEMÓRIAS

Velho e doente, em 1827, padre Chagas escreveu um livro intitulado: “Memórias sobre a Conquista de Guarapuava”. No ano seguinte, em 1828 ainda mais debilitado, o sacerdote permanecia em Guarapuava e era o único padre a atender a crescente população que buscava na nova cidade uma oportunidade de se estabelecer no Sul do Brasil.

Somente em 1832, padre Chagas foi aposentado pela Corte, por determinação de Diogo Feijó. Viveu seus últimos dias, muito pobre, sem salário algum, na cidade de Parnaíba, na Província de São Paulo, em companhia de seu irmão João Gonçalves de Lima que também era padre. Morreu em outubro de 1832, aos 75 anos, muito debilitado, mas em plena lucidez.

Padre Chagas, além de grande sacerdote, é personagem histórico e heroico de Guarapuava. Sem seus feitos, os rumos da história do lugar poderiam ser outros. A interferência dele em questões delicadas e a intercessão em favor dos mais necessitados elevam o sacerdote no conceito de quem estuda sua vida. Sem ele, destacam os estudiosos, a paz, se é que chegaria, teria demorado muito para se estabelecer no lugar que era tido como inóspito e extremamente violento.

Na década de 1970, a prefeitura de Guarapuava, através do prefeito Nivaldo Passos Kriguer, homenageou padre Chagas trazendo suas cinzas que estavam na cidade de Parnaíba, em São Paulo. As cinzas do padre e fundador da cidade mantêm-se conservadas numa urna, em um totem, na Praça Nove de Dezembro, em frente à Catedral Nossa Senhora de Belém.

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