Os interessados em estabelecer um poder global influenciaram para que fossem criadas diversas propagandas e leis com o objetivo de reforçar na sociedade um comportamento politicamente correto. De tal maneira que, aqueles que fogem à regra são excluídos do debate público ou são enquadrados em alguma lei que os façam pagar um alto preço, quando não as duas coisas. Isso nos faz recordar das palavras do então Cardeal Joseph Ratzinger:
“Quantos ventos de doutrina conhecemos nestes últimos decênios, quantas correntes ideológicas, quantas modas de pensamento… A pequena barca do pensamento de muitos cristãos foi, muitas vezes, agitada por estas ondas lançada de um extremo ao outro: do marxismo ao liberalismo, até à libertinagem, ao coletivismo radical, do ateísmo a um vago misticismo religioso, do agnosticismo ao sincretismo e por aí adiante. Cada dia surgem novas seitas… Ter uma fé clara, segundo o Credo da Igreja, muitas vezes, é chamado de fundamentalismo.
Enquanto o relativismo, isto é, deixar-se levar “aqui e além por qualquer vento de doutrina”, aparece como a única atitude à altura dos tempos hodiernos. Vai-se constituindo uma ditadura do relativismo que nada reconhece como definitivo e que deixa como última medida apenas o próprio eu e as suas vontades”¹.
Nesta sociedade em que o relativismo digladia com a verdade, o politicamente correto, brota como erva daninha. Surgem ideias do tipo:Quais as questões envolvem o comportamento “politicamente correto”?
1. Adivinhação
Que um católico não pode — a partir da doutrina da Igreja —, ensinar que: “todas as formas de adivinhação devem ser rejeitadas: recurso a satanás ou aos demônios, evocação dos mortos ou outras práticas supostamente «reveladoras» do futuro. A consulta dos horóscopos, a astrologia, a quiromancia, a interpretação de presságios e de sortes, os fenômenos de vidência, o recurso aos “médiuns”, tudo isso encerra uma vontade de dominar o tempo, a história e, finalmente, os homens, ao mesmo tempo que é um desejo de conluio com os poderes ocultos. Todas essas práticas estão em contradição com a honra e o respeito, penetrados de temor amoroso, que devemos a Deus e só a Ele” (Cf. CIC 2116).
2. Masculino x Feminino
Somos obrigados a admitir que a espécie humana não se divide entre masculino e feminino, e que não existe uma complementariedade sadia entre suas diferenças. A Igreja, corretamente, diz o seguinte: “O homem e a mulher são feitos «um para o outro»: não é que Deus os tenha feito «a meias» e «incompletos»; criou-os para uma comunhão de pessoas, em que cada um pode ser «ajuda» para o outro, uma vez que são, ao mesmo tempo, iguais enquanto pessoas («osso dos meus ossos») e complementares enquanto masculino e feminino” (Cf. CIC 372).
3. Casamento
Tentam nos empurrar goela abaixo que casamento tradicional está ultrapassado. Algo contrário ao que lemos do Catecismo: “O vínculo matrimonial é, portanto, estabelecido pelo próprio Deus, de maneira que o matrimônio ratificado e consumado entre batizados não pode jamais ser dissolvido. Esse vínculo, resultante do ato humano livre dos esposos e da consumação do matrimônio é, a partir de então, uma realidade irrevogável e dá origem a uma aliança garantida pela fidelidade de Deus. A Igreja não tem poder para se pronunciar contra essa disposição da sabedoria divina (Cf. CIC 1640).
4. Drogas
Que o uso de drogas deve ser legalizado. O que também é contrário ao ensinamento da Igreja: “A comunidade política tem o dever de honrar a família, de a assistir e de nomeadamente lhe garantir: a proteção da segurança e da salubridade, sobretudo no que respeita a perigos como a droga, a pornografia, o alcoolismo etc.” (Cf. CIC 2211).
5. Legítima defesa
Que as pessoas não possuem o direito de legítima defesa. Também contrário ao ensinamento da sã doutrina: “O amor para consigo mesmo permanece um princípio fundamental de moralidade. É, portanto, legítimo fazer respeitar o seu próprio direito à vida. Quem defende a sua vida não é réu de homicídio, mesmo que se veja constrangido a desferir sobre o agressor um golpe mortal” (Cf. CIC 2264).
6. “Pronomes neutros”
Mais recentemente, porém, não menos pior, tenta-se obrigar a maioria das pessoas a usarem o que chamam de “pronomes neutros”, por exemplo: “elu”, “delu”, “todes” etc., ignorando completamente o fato de a Língua Portuguesa ser derivada do Latim e não existirem precedentes históricos para esse tipo de modificação na gramática. Além do fato de, na medida em que se obriga a maioria das pessoas a seguirem determinadas regras impostas por uma minoria não eleita, vai-se na contramão do entendimento de democracia.
7. Esportes
E, como se não bastasse, nos esportes, homens que se identificam como mulheres — em nome de uma suposta inclusão —, possuem o direito de competir com outras mulheres, mesmo que tenham vantagem física sobre elas. Conforme esclarece a matéria do Conexão Política: estudo constata que atletas trans têm vantagens no esporte feminino, mesmo após 12 meses de terapia hormonal².
Consequências do comportamento politicamente correto
Um grande número de cristãos está submerso nessa maneira de ser, mas nem sequer se dão conta do que estão fazendo e das consequências que sobrevirão. Não são poucos que, para alcançar determinados fins, se utilizam de artifícios retóricos, maquiados por uma excessiva polidez e ignoram quase que completamente a realidade. O resultado catastrófico deste comportamento politicamente correto é a criação de um mundo fantasioso, que aprisiona a pessoa cada vez mais, conforme a repetição viciosa deste mau hábito. Ao ponto que o sujeito se encontre preso em uma camisa de força e impedido de agir com liberdade no mundo real.
Posicionamento x zona de conforto
Em uma sociedade que tem o prazer como o maior bem a ser buscado, é comum que não haja um grande número de pessoas viris o suficiente para posicionar-se de forma contrária ao que é imoral. Na lógica do politicamente correto “pega mal” pensar diferente de qualquer coisa que tenha respaldo nas leis civis ou na opinião pública (manipulada pela grande mídia). Nem sequer existe a reflexão sobre o valor moral das leis ou ações. O sujeito, preso nas teias do politicamente correto, não ousa se posicionar como defensor da verdade porque atrairá para si os olhares dos que não concordam com ele e que podem lhe reprovar. Isso é um risco evidente de desconforto, julgamento, sofrimento, etc. Não sabendo lidar com essa “sinuca de bico”, entre a verdade que precisa ser defendida e as consequências que sofrerá, ele permanece em sua zona de conforto, dizendo somente o que é agradável para o seu círculo de amigos.
Aqueles que pensam na contramão do que é proposto pela engenharia social são categorizados como intolerantes. Quando alguém te acusar de intolerante faça o seguinte exercício: confronte o conceito de intolerância com a realidade dos fatos. Pergunte-se: “Quem realmente está se comportando como intolerante, o sujeito que se expressou a partir do que constatou na realidade a qual está inserido ou o sujeito que quer impedir as pessoas de se posicionarem porque deseja controlar a maneira como elas pensam, se expressam e se comportam?”.
Proibição da discriminação x liberdade de opinião
O Cardeal Ratzinger descreveu essa realidade como poucos, ele disse: “O conceito de discriminação se amplia cada vez mais e, assim, a proibição da discriminação pode se transformar progressivamente em uma limitação da liberdade de opinião e da liberdade religiosa. Logo não se poderá afirmar que a homossexualidade, como ensina a Igreja Católica, constitui uma desordem objetiva na estruturação da existência humana. E o fato de que a Igreja está convencida de que não tem o direito de conferir a ordenação sacerdotal às mulheres é considerado, por alguns, como algo inconciliável com o espírito da constituição europeia”³.
Atualmente, qualquer pessoa que se proponha a dizer algo deste tipo corre o risco de ser processada, acusada de homofobia, machismo… Aliás, essa é uma velha estratégia de debate, atribuir algo pejorativo àquele que está defendendo a verdade, assim, retira-se o foco do argumento verdadeiro e direciona-se para a pessoa relacionada com um rótulo negativo, visando diminuir ou acabar com sua credibilidade. Ora, se já existe uma mordaça em nossas bocas, não tardará para que nos coloquem em prisões e nos impeçam de ir e vir. Por conta de nossas lúcidas convicções, chegará o dia em que seremos impedidos de frequentar lugares públicos e privados. A liberdade de qualquer indivíduo, que se apresente contrário aos “novos costumes progressistas”, está em risco, e quanto mais a nossa, de católicos, que temos valores bem definidos e que se chocam com a proposta deste mundo. Isso me faz recordar da palavra de ordem, dita pelo Monsenhor Jonas Abib, na pregação “Por que conspiram as nações?”, ele disse: “Não tenha medo de ser deste pequeno resto que marcha contra a correnteza!”4
“Não defender a verdade é negá-la”
A todo custo tentam subtrair o cristianismo e seus valores de nossa sociedade. Esse não é o momento de nos acovardarmos, mais do que nunca somos chamados a lutar, com unhas e dentes, por nossos valores inegociáveis. Para os tempos em que estamos vivendo, somos chamados a ter o ânimo dos primeiros mártires da Igreja, que eram jogados aos leões, crucificados, queimados vivos, mas não se submetiam a mentalidade mundana. Infelizmente, muitos se perderão na teia do politicamente correto. Mas sobrará um pequeno resto, fiel, piedoso e perseverante nos ensinamentos do Senhor; o nosso esforço deve direcionar-se em sermos parte desse pequeno resto. Para finalizar, quero fazer menção a este ensinamento de São Tomás de Aquino: “Não se opor ao erro é aprová-lo. Não defender a verdade é negá-la”.
Fontes:1 -http://www.archivioradiovaticana.va/storico/2013/03/12/oito_anos_atr%C3%A1s,_a_missa_pro_eligendo_presidida_pelo_card_ratzinger/bra-672479
2 – https://www.conexaopolitica.com.br/mundo/estudo-constata-que-atletas-trans-tem-vantagens-no-esporte-feminino-mesmo-apos-12-meses-de-terapia-hormonal/
3 – A EUROPA NA CRISE DAS CULTURAS Pronunciada pelo Cardeal Ratzinger no Mosteiro de Subíaco em 01 de abril de 2005. Também citado no livro Poder Global e Religião Universal, pag. 91.
4 – https://youtu.be/jchBRZHJ2Ek?t=760
5 – Existem diversas citações do Catecismo no corpo do texto.
Jonathan Ferreira
Missionário da Comunidade Canção Nova