A devoção ao Imaculado Coração de Maria

No sábado seguinte à solenidade do Sagrado Coração de Jesus, que é celebrada na segunda sexta-feira depois da solenidade de Corpus Christi, comemoramos, anualmente, a memória ao Imaculado Coração da Santíssima Virgem Maria. A devoção ao Imaculado Coração de Maria remonta aos inícios da Igreja, tendo em vista que as suas raízes são bíblicas e fazem parte da tradição da Igreja.

Nas Sagradas Escrituras, encontramos duas referências ao Coração Imaculado. No Evangelho segundo São Lucas, considerado o “pintor” da Virgem Maria, a primeira menção do Coração de Maria se dá depois do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo — quando Ela ouviu as palavras dos pastores a respeito do Menino divino: “Maria conservava todas estas palavras, meditando-as no seu coração” (Lc 2, 19).

E a segunda se dá depois de Nossa Senhora e São José encontrarem o Menino Jesus no meio dos doutores no Templo de Jerusalém  — quando eles o viram, ficaram admirados. E sua mãe disse-lhe: “Meu filho, que nos fizeste?! Eis que teu pai e eu andávamos à tua procura, cheios de aflição”. Respondeu-lhes ele: “Por que me procurá­veis? Não sabíeis que devo ocupar-me das coisas de meu Pai?”. Eles, porém, não compreenderam o que ele lhes dissera. Em seguida, desceu com eles a Nazaré e lhes era submisso. Sua mãe guardava todas estas coisas no seu coração (Lc 2, 48-51).

A festa do Imaculado Coração de Maria

A semente do Evangelho, plantada pelos apóstolos e discípulos de Jesus Cristo, germinou na doutrina dos Santos Padres, nos primeiros séculos da Igreja. Desenvolveu-se com os teólogos e místicos na Idade Média. Nos séculos seguintes, surgiram outros grandes devotos do Imaculado Coração de Maria. Como São Bernardo, Santa Gertrudes, Santa Brígida, São Bernardino de Sena e São João Eudes. Este último é considerado o maior apóstolo da devoção ao Imaculado Coração.

No ano de 1648, o Padre João Eudes obteve a aprovação da celebração da festa do Imaculado Coração de Maria, na diocese de Autun, França. A partir disso, a devoção tornou-se cada vez mais conhecida e a celebração da festa foi aprovada em várias dioceses.

No início do século XIX, a Santa Sé mostrou-se oficialmente favorável ao culto ao Imaculado Coração. Em 1805, o Papa Pio VII autorizou a celebração da festa para todas as dioceses e congregações religiosas. Em 1855, o Papa Pio IX aprovou a Santa Missa e o Ofício próprios do Imaculado Coração de Maria. No século XX, 8 de dezembro de 1942, na solenidade da Imaculada Conceição de Maria, o Papa Pio XII consagrou a Igreja e todo o gênero humano ao Imaculado Coração. Três anos depois, estendeu a festa do Imaculado Coração de Maria para toda a Igreja Católica.

A reparação ao Imaculado Coração da Virgem Maria

Nossa Senhora começou a revelar a devoção reparadora ao seu Imaculado Coração, a partir da sua segunda aparição em Fátima, Portugal, 13 de junho de 1917, aos três pastorinhos: Lúcia, Francisco e Jacinta. A Santíssima Virgem disse à Lúcia, a mais velha das três crianças: “Ele [Jesus] quer estabelecer no mundo a devoção do meu Imaculado Coração”1. Logo depois de ouvir essas palavras, Maria apareceu aos pastorinhos com um coração na mão, todo cercado de espinhos. As três crianças compreenderam que aquele era o seu Imaculado Coração. Os espinhos e ofensas cometidas contra Ela precisavam de reparação.

Créditos: Arquivo CN

Na aparição seguinte, 13 de julho, a Santíssima Virgem concedeu a Lúcia, Francisco e Jacinta uma visão do Inferno. Na qual os demônios e as almas dos condenados gritavam e gemiam de dor e desespero. Após conceder-lhes esta terrível e assustadora visão, a virgem Maria disse aos pastorinhos: “Vistes o inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores; para as salvar, Deus quer estabelecer no mundo a devoção a Meu Imaculado Coração”2.

Nas suas aparições em Fátima, Nossa Senhora não revelou como deveríamos reparar as ofensas ao seu Imaculado Coração. Mas, prometeu que voltaria para pedir esta devoção reparadora. No entanto, as três crianças foram ensinadas a oferecer orações. Especialmente o Santo Rosário (Terço), penitências e sacrifícios pela conversão dos pecadores.

A revelação a devoção reparadora

Somente depois de oito anos, 10 de Dezembro de 1925, em Pontevedra, Espanha, a Virgem Santíssima apareceu a Lúcia. Então, postulante na casa da Congregação de Santa Doroteia, hoje conhecida como Santuário das Aparições e local de peregrinação, revelou a devoção reparadora dos Cinco Primeiros Sábados do mês. Todavia, Lúcia hesitava em tornar pública a devoção reparadora. Após dois anos, em dezembro de 1927, por ordem de seu confessor, Lúcia deu a conhecer as palavras da Virgem Maria a respeito da devoção reparadora ao seu Imaculado Coração:

“Olha, minha filha, o Meu Coração cercado de espinhos, que os homens ingratos a todos os momentos Me cravam com blasfêmias e ingratidões. Tu, ao menos, vê de Me consolar, e dize que todos aqueles que durante cinco meses, no primeiro sábado, se confessarem, recebendo a Sagrada Comunhão, rezarem um Terço, e Me fizerem quinze minutos de companhia, meditando nos quinze mistérios do Rosário, com o fim de me desagravar, Eu prometo assistir-lhes, na hora da morte com todas as graças necessárias para a salvação dessas almas”3.

A devoção dos sábados em honra a Maria

A consagração dos sábados a Santíssima Virgem faz parte da tradição da Igreja. O fato de Maria pedir a devoção reparadora dos primeiros sábados foi uma providencial confirmação dos Céus da antiga piedade mariana. O sábado como dia especialmente dedicado a Nossa Senhora é uma tradição que remonta, muito provavelmente, aos primórdios da Igreja. “A presença da Missa de Nossa Senhora nos Sábados, no missal romano de São Pio V, de 1570, mostra a antiguidade desta prática que consiste em honrar especialmente a Santa Mãe de Deus nesse dia da semana”4.

Apoiados nesta bela e piedosíssima tradição, os membros das confrarias do Rosário consagravam, todos os anos, quinze sábados consecutivos em honra a Virgem Maria. Durante esses sábados, “eles se aproximavam dos sacramentos e cumpriam exercícios de piedade particulares em honra dos quinze mistérios do Santo Rosário. Em 1889, o Papa Leão XIII concedeu, a todos os fiéis, uma indulgência plenária a ser ganha durante um desses quinze sábados”5.

A consagração dos Sábados e a devoção

O grande Papa São Pio X aprovou e encorajou a devoção dos Primeiros Sábados. Em 10 de Julho de 1905, o Papa Pio X indulgenciou a devoção mariana. Em 13 de Junho de 1912, o Pontífice concedeu “indulgência plenária, aplicável às almas dos defuntos, no Primeiro Sábado de cada mês, por todos aqueles que, nesse dia, se confessarem, comungarem, cumprirem exercícios particulares de devoção em honra da bem-aventurada Virgem Maria, em espírito de reparação”6.

Por desígnio da divina Providência, cinco anos depois, no dia 13 de Junho de 1917, Lúcia, Francisco e Jacinta testemunharam a primeira grande manifestação do Imaculado Coração de Maria, vendo-o “cercado de espinhos que pareciam enterrados nele. (…) Depois desta visão, os Pastorinhos intuíram:] Compreendemos que era o Imaculado Coração de Maria ultrajado pelos pecados da humanidade que queria reparação”7.

Os termos usados pelo Papa São Pio X são quase os mesmos do pedido de Nossa Senhora à Irmã Lúcia. Principalmente, quando ressaltam “a extrema importância da intenção reparadora, única capaz de afastar e apaziguar a cólera de Deus”8.

Depois de conhecer um pouco mais sobre a consagração dos Sábados e a devoção ao Imaculado Coração, percebemos que, nas suas aparições em Fátima e Pontevedra, a Virgem Maria não é inovadora, e sim deu a nós uma confirmação do Céu a respeito da devoção mariana. Além disso, Nossa Senhora deu um novo impulso à devoção dos Primeiros Sábados. Unindo-a com a devoção ao seu Coração Imaculado.

Como praticar a devoção dos Cinco Primeiros Sábados?

Foi a própria Virgem Maria quem nos ensinou a praticar a devoção reparadora das ofensas ao seu Imaculado Coração. Para praticar perfeitamente esta devoção — durante cinco Primeiros Sábados de cinco meses seguidos, na intenção geral de reparar os nossos próprios pecados e os de toda a humanidade cometidos contra o Imaculado Coração de Maria —, devemos realizar quatro atos de piedade:
1 – Confissão: devemos confessar-nos preferencialmente no Primeiro Sábado do mês. No entanto, caso seja impossível, ou muito difícil, podemos confessar até com oito dias ou mais antecedência. No entanto, deve-se estar em estado de graça no Primeiro Sábado do mês, para poder comungar nesse dia.

No ato da confissão, é indispensável a intenção de reparar as ofensas contra o Imaculado Coração de Maria. Esta intenção reparadora, não precisa se dita ao confessor, mas apenas colocada, em oração, antes da confissão. O Senhor disse a Irmã Lúcia que, se esquecermos a intenção reparadora, podemos colocar esta intenção na próxima confissão. Todavia, devemos aproveitar a primeira ocasião que tivermos para nos confessar;

2 – Terço Mariano: rezar o Terço, meditando qualquer um dos mistérios (gozosos, dolorosos, luminosos ou gloriosos), faz parte da devoção dos cinco Primeiros Sábados. Também deve ser rezado na intenção da reparação ao Imaculado Coração de Maria;

3 – Meditação dos mistérios do Rosário: Nossa Senhora pediu que fizéssemos companhia a ela durante pelo menos 15 minutos, meditando sobre os 15 mistérios do Rosário, igualmente na intenção da reparação ao seu Imaculado Coração. Esta meditação não precisa ser de todos os 15 (ou 20, no caso de meditar os mistérios luminosos,) mistérios do Rosário. Podemos meditar sobre apenas um, dois, três ou mais mistérios, conforme a nossa escolha pessoal;

A comunhão é essencial

4 – Comunhão: a comunhão reparadora é um ato essencial da devoção ao Imaculado Coração de Maria. Recordemos que a comunhão milagrosa, dada a Lúcia, Francisco e Jacinta pelo Anjo da Guarda de Portugal, no outono de 1916, teve um caráter eminentemente reparador. Este caráter reparador evidencia-se na oração ensinada pelo Anjo da Paz, que repetiu seis vezes, três vezes antes e três vezes depois da comunhão dos pastorinhos:

“Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, eu vos adoro profundamente e vos ofereço o preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os sacrários da Terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido; e pelos méritos infinitos de seu Sacratíssimo Coração e do Imaculado Coração de Maria, peço-vos a conversão dos pobres pecadores.”

Na devoção dos cinco Primeiros Sábados, a intenção reparadora é importantíssima em todos os quatro atos de piedade. As ofensas contra o Imaculado Coração de Maria também ofendem gravemente o Sacratíssimo Coração de Jesus. Caso não seja possível fazê-la no sábado, pode também ser feita no domingo seguinte ao primeiro sábado do mês. Mas desde que seja por motivos justos e com a autorização de um Sacerdote.

O poder e a eficácia da devoção ao Imaculado Coração

A devoção dos Primeiros Sábados em reparação das ofensas cometidas contra o Imaculado Coração de Maria nos foi revelada para salvação dos pecadores, de muitas almas do Inferno. Muitas almas se perdem em nosso tempo. Multiplicam-se os ataques contra a dignidade, os privilégios e as honras devidas a Nossa Senhora. Além disso, há uma diminuição considerável do culto mariano em quase toda a Igreja.

A intenção reparadora nos dias de hoje

Em nossos dias, a impiedade das pessoas com a Virgem Maria é pior do que em qualquer período histórico da Igreja. Sendo assim, a intenção reparadora na prática da devoção dos Cinco Primeiros Sábados é muito mais necessária. Conscientes disso, reparemos as ofensas cometidas contra o Imaculado Coração de Maria. Tão ultrajado pela ingratidão dos homens, através da devoção que ela mesma nos ensinou.

Em sua carta a Dom Manuel Maria Ferreira da Silva, Arcebispo titular de Gurza, escrita no dia 27 de maio de 1943, a Irmã Lúcia nos ajuda a compreender melhor o poder e a eficácia sobrenaturais da devoção ao Imaculado Coração de Maria: “Os Santíssimos Corações de Jesus e Maria amam e desejam este culto [para com o Coração de Maria] porque dele se servem para atrair todas as almas a eles e isto é tudo o que desejam: salvar as almas, muitas almas, todas as almas”.

Imaculado Coração de Maria, rogai por nós!

“Nosso Senhor me dizia, há alguns dias: ‘Desejo ardentemente a propagação do culto e da devoção ao Coração de Maria, porque este Coração é o ímã que atrai as almas para mim, a fornalha que irradia na terra os raios de minha luz e de meu amor, fonte inesgotável de onde brota na terra a água viva de minha misericórdia’”9.

Conscientes da eficácia sobrenatural da reparação dos cinco Primeiros Sábados, peçamos a Virgem Maria, com insistência e perseverança, as boas disposições de nossas almas, para bem praticarmos essa devoção.

Referências e notas:
1 SANTUÁRIO DE FÁTIMA. A segunda aparição de Nossa Senhora na Cova da Iria (13.06.1917), p. 4.
2 Idem. A terceira Aparição de Nossa Senhora na Cova da Iria em 13 de julho de 1917, p. 6.
3 CAPELA. A devoção reparadora dos cinco primeiros sábados do mês.
4 Idem, ibidem.
5 Idem, ibidem.
6 Idem, ibidem.
7 Idem, ibidem.
8 Idem, ibidem.
9 Idem, ibidem.

A ligação de Nossa Senhora Aparecida a Imaculada Conceição

A ligação de Nossa Senhora Aparecida com a devoção portuguesa a Imaculada Conceição

No dia 12 de outubro, celebramos a solenidade de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil. Esta devoção a Nossa Senhora da Conceição tem sua origem entre o povo português e está ligada a grandes e decisivos acontecimentos para a Independência de Portugal e a formação de sua identidade nacional.

Nos primórdios da história de Portugal, foi celebrada uma Missa pontifícia em honra e ação de graças a Imaculada Conceição, após Lisboa ter sido retomada dos muçulmanos, em 1147, pelo primeiro Rei de Portugal, Dom Afonso Henriques.

Depois da vitória portuguesa na Batalha de Aljubarrota (1385) contra os castelhanos, Dom Nuno Álvares Pereira (São Nuno de Santa Maria, canonizado pelo Papa Bento XVI em 26 de abril de 2009) mandou construir a Igreja de Nossa Senhora do Castelo, em Vila Viçosa, e tomou as providências para que aquele templo católico fosse consagrado a Nossa Senhora da Conceição . Além disso, São Nuno Álvares recomendou, na Inglaterra, uma imagem de Nossa Senhora da Conceição para ser venerada nessa igreja.

Nossa Senhora da Conceição Aparecida

Crédito: Sidney de Almeida

A proclamação de Nossa Senhora da Conceição como Rainha e Padroeira de Portugal

Depois da restauração da Independência de Portugal (1640), Dom João IV, então Rei de Portugal, da Casa de Bragança e descendente de Dom Nuno Álvares Pereira, proclamou solenemente Nossa Senhora da Conceição como Rainha e Padroeira de Portugal e de todos os seus territórios ultramarinos, por provisão régia de 25 de Março de 1646. Nesta provisão, que posteriormente foi confirmada pelo Papa Clemente X na bula Eximia Dilectissimi, de 8 de maio de 1671, declarou que: “Estando ora juntos em Cortes com os três Estados do Reino (…) e nelas com parecer de todos, assentamos de tomar por padroeira de Nossos Reinos e Senhorios a Santíssima Virgem Nossa Senhora da Conceição”1.

Neste documento, o Rei prometeu confessar e defender sempre, até dar a vida se necessário, que a Virgem Maria, Mãe de Deus, foi concebida sem pecado original. Após esta proclamação, Dom João IV corou a imagem de Nossa Senhora da Conceição em Vila Viçosa. A partir deste ato simbólico, em sinal de reconhecimento de que Nossa Senhora é a verdadeira Rainha e Padroeira de Portugal, os reis nunca mais colocaram a coroa real na cabeça, e a coroa ficou apenas colocada sobre uma almofada, ao lado direito do rei.

A Imaculada Conceição

A partir de 1646, por insistência de Dom João IV e dos franciscanos, o corpo docente da Universidade de Coimbra passou a jurar defensor público e especificamente que a Virgem Maria foi concebida sem a mancha do pecado original, ou seja, a sua Imaculada Conceição. No entanto, com a proclamação do dogma da Imaculada Conceição de Maria, em 8 de dezembro de 1854 pelo papa Pio IX, através da Bula Ineffabillis Deus, julgou-se necessariamente continuar a prestar este juramento.

Em 1654, Dom João IV investiu a todo o Império Português uma cópia da inscrição comemorativa do juramento solene prestada em 25 de março de 1646, e planejou que a inscrição fosse gravada em pedra e colocada em locais públicos das cidades e vilas portuguesas. Em 1717, o Rei Dom João investiu uma carta circular à Universidade de Coimbra e a todos os prelados do Reino de Portugal, na qual recomendou que fosse celebrada, anualmente, a festa da Imaculada Conceição nas suas joias, registrando o juramento de Dom João IV, seu antecessor.

Depois da proclamação do dogma da Imaculada Conceição, desenvolveu-se em Portugal um movimento que apoiou a construção de um monumento nacional em comemoração da proclamação, feita em 1854 por Pio IX. Em 1869, foi erigido o primeiro monumento no Sameiro, em Braga. No mesmo local, foi construído, posteriormente, um santuário dedicado a Imaculada Conceição de Maria, cuja imagem foi solenemente coroada em 1904.

O vínculo espiritual do Brasil com Portugal

No dia 25 de março de 1946, comemorou-se o tricentenário da proclamação da Imaculada Conceição como Padroeira de Portugal, com a solene consagração de Portugal a Virgem Maria, Mãe de Deus.

A devoção portuguesa a Nossa Senhora da Conceição foi reservada e chegou ao Brasil, que, na época, fazia parte do Reino de Portugal. Em 1717, o encontro da imagem da Imaculada Conceição, no rio Paraíba do Sul, fez com que a devoção a Nossa Senhora da Conceição, carinhosamente chamada de “Aparecida”, a partir da fé dos pescadores João Alves, Felipe Pedroso e Domingos Garcia e seus famílias, aos poucos passasse a fazer parte também de nossa devoção e espiritualidade.

Tendo em vista o vínculo espiritual do Brasil com Portugal, podemos dizer que o Brasil nasceu sob o manto sagrado de Nossa Senhora da Conceição. Diante dessa verdade, por que não confiamos nela? Recorremos a nossa Mãe Imaculada nestes tempos difíceis em que Satanás parece querer imperar sobre o Brasil através dos maus costumes, da falta de devoção, da perda da fé, do relativismo e do indiferentismo religioso, dos pecados, da mentira, das drogas, do sexo desregrado, das leis injustas, das decisões judiciais injustas, da corrupção, da violência. Quanta miséria o nosso país tem passado por nossa culpa, por nossa falta de conversão, por falta de uma verdadeira devoção a Jesus Cristo e a Virgem Maria!

O Brasil nasceu do manto Sagrado de Nossa Senhora da Conceição

Voltemos às origens da nossa verdadeira identidade. Deus sonhou com o Brasil quando pediu a Dom Afonso Henriques que constituísse um Reino para levar o seu Nome – o nome de Jesus – aos povos estrangeiros, a nós brasileiros. Deus surgiu no Brasil antes mesmo do seu descobrimento, quando produziu a devoção dos portugueses a Nossa Senhora da Conceição. Os reis de Portugal, os professores de Coimbra, os portugueses em geral juraram derramar o seu sangue para defender o dogma da Imaculada Conceição, que ainda não havia sido proclamado.

Em 1822, às vésperas da Independência do Brasil, o príncipe herdeiro do trono, Dom Pedro I, prometeu consagrar o nosso país a Nossa Senhora da Conceição Aparecida.

O Brasil nasceu historicamente de Portugal e, quando se tornou independente, nasceu igualmente sob o manto sagrado de Nossa Senhora da Conceição. Depois da Proclamação da República, Dona Isabel ou Princesa Isabel, que seria nossa futura imperatriz, apresentou uma coroa preciosa a Nossa Senhora Aparecida, que foi colocada em sua cabeça. Através desse ato simbólico, Nossa Senhora da Conceição Aparecida passou a ser verdadeiramente a Rainha do Brasil.

Consagre-se a Nossa Senhora!

Nós temos uma vocação sublime, de levar o Nome de Jesus sob o manto protetor de Maria, que precisamos viver e honrar. Nós, brasileiros, devemos viver e propagar a consagração a Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Ela deve ser verdadeiramente a nossa rainha e, para que isso aconteça, precisamos nos consagrar individualmente a ela. Se nos consagrarmos a Imaculada Virgem Maria, estaremos também nos consagrando a Jesus Cristo, realizando em nós o sonho de Dom Afonso.

Assim, para realizar esta entrega, recomendamos vivamente a consagração total a Jesus Cristo, pelas mãos da Virgem Maria, segundo livro Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem, de São Luís Maria Grignion de Montfort. Quem faz essa consagração se compromete a ser fiel às promessas do batismo, ou seja, renunciar ao mal, ao pecado e a Satanás, e viver a vida nova em Cristo.

consagração nos ajuda a viver essa vida nova e uma verdadeira devoção a Nossa Senhora, que não se limita a venerar e honrar um nome de Maria, mas também a sua pessoa, que hoje registramos carinhosa e amorosamente sob o título de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil e de Portugal!

Nossa Senhora da Conceição Aparecida, rogai por nós!

A Virgem das Dores e o mistério do sofrimento

No dia 15 de setembro celebramos, depois da festa da Exaltação da Santa Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, a memória de Nossa Senhora das Dores.

Essa cativante festa litúrgica mariana começou a ser celebrada desde os primeiros tempos da Igreja para comemorar as sete principais Dores da Santíssima Virgem Maria, principalmente a sua compaixão materna aos pés da cruz de Cristo, quando com fortaleza heroica suportou aquele tormento espantoso para cooperar, na qualidade de corredentora, com a salvação da humanidade.

Desde o século IV, os Santos Padres falam com ternura da Virgem das Dores, especialmente Santo Ambrósio, São Paulino de Nola, Santo Agostinho e Santo Efrém. Na liturgia grega foram compostos, depois do século VIII, vários hinos sobre as dores de Maria. O mais impressionante de todos é a preciosíssima sequência da Missa dessa festa, intitulada Stabat Mater, provavelmente composta no século XIII, todavia seu autor é desconhecido1.

O sofrimento da Virgem Maria

Segundo São João Paulo II, os sofrimentos da Virgem Maria, numerosos e intensos, sucederam-se com tal conexão e encadeamento que demonstram a sua  inabalável. Além disso, estes sofrimentos foram uma grande contribuição para a Redenção de todos. “Na realidade, desde o colóquio misterioso que teve com o anjo, Ela entrevê na sua missão de mãe a ‘destinação’ de compartilhar, de maneira única e irrepetível, a mesma missão do seu Filho”2.

Desde o princípio, Ela teve a confirmação disso, quer nos acontecimentos que acompanharam o nascimento de Jesus em Belém (cf. Lc 2, 1-21), quer no anúncio explícito do velho Simeão, que Lhe falou de uma espada que trespassaria a sua alma (cf. Lc 2, 25-35), quer, ainda, na ansiedade, nas privações e sofrimentos da fuga apressada para o Egito, motivada pela decisão cruel de Herodes de matar o Menino divino (cf. Mt 2, 13-23).

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Depois das adversidades e vicissitudes da vida oculta e pública do seu amado Filho, por Ela certamente partilhadas com viva sensibilidade, foi no Calvário que o sofrimento da Virgem das Dores, unido ao de Jesus, atingiu o seu ponto culminante, dificilmente imaginável, na sua sublimidade, para o entendimento humano. Sofrimento misterioso, mas certamente fecundo que, de modo sobrenatural, colaborou para o desígnio de salvação da humanidade.

Nosso sofrimento como parte do mistério da salvação

A Virgem Santíssima foi testemunha da paixão não somente pela sua presença aos pés da cruz (cf. Jo 19, 25ss), mas também pela sua compaixão ou participação nos sofrimentos do seu Filho, oferecendo, assim, uma contribuição singular no mistério da Redenção. Ela realizou antecipadamente aquilo que São Paulo afirmaria “completo na minha carne aquilo que falta aos sofrimentos de Cristo” (Col 1, 24). Nossa Senhora experimentou sofrimentos indizíveis na sua alma, unindo-os aos do seu divino Filho, em reparação dos pecados de todos os homens.

Ao meditarmos sobre os sofrimentos da Santíssima Virgem, unidos aos do seu amado Filho, somos também chamados a completar na nossa carne o que falta aos sofrimentos de Cristo, Cabeça da Igreja. Na cruz, Ele já ofereceu seu sacrifício, que tem valor infinito e, portanto, infinitamente suficiente para a salvação da humanidade. No entanto, o Senhor quis associar os sofrimentos da sua Mãe Santíssima e de todos os santos aos seus padecimentos na cruz, para que esses participem efetivamente do mistério da Redenção. Do mesmo modo, Ele quer que unamos os  nossos sofrimentos aos seus, para que, por meio deles, possamos também nós, pobres pecadores, participar do mistério da salvação da humanidade.

Nosso Senhor Jesus Cristo quer penetrar em nossos corações sofredores através do coração da sua Mãe Santíssima, primícia e vértice de todos os redimidos. “Como que a prolongar aquela maternidade, que por obra do Espírito Santo lhe havia dado a vida, Cristo ao morrer conferiu à sempre Virgem Maria uma nova maternidade — espiritual e universal — em relação a todos os homens, a fim de que cada um deles, na peregrinação da fé, à semelhança e junto com Maria, lhe permanecesse intimamente unido até à Cruz; e assim, todo o sofrimento, regenerado pela virtude da Cruz, de fraqueza do homem se tornasse poder de Deus”3.

 O ensinamento de Nossa Senhora de Fátima para os três Pastorinhos

Nas suas aparições em Fátima, Portugal, a Virgem Maria ensinou aos três Pastorinhos, Lúcia dos Santos, São Francisco e Santa Jacinta Marto, como unir seus sofrimentos aos de Cristo. Concretamente, lhes fez compreender que poderiam oferecer a Deus seus sofrimentos, como as incompreensões e perseguições por causa da Mensagem, aqueles sofrimentos que inevitavelmente nos visitam.

Ensinou também a oferecer voluntariamente sofrimentos, por meio de orações, penitências e sacrifícios, pela conversão e salvação dos pecadores. As três crianças faziam frequentemente jejuns, passavam horas e horas em oração, amarravam uma corda áspera à cintura, tudo isso em sacrifício de expiação pela salvação das almas.

No dia 13 de Maio de 1917, a Virgem de Fátima perguntou aos Pastorinhos: “Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores?” [Lúcia, Francisco e Jacinta responderam:] “Sim, queremos”4.

E nós, queremos nos oferecer a Deus e suportar os sofrimentos que Ele nos enviar, como ato de reparação pelos pecados, com os quais é ofendido, e de súplica pela conversão dos pecadores? Queremos fazer sacrifícios voluntários pela salvação das almas? Que Nossa Senhora das Dores nos ajude a compreender o mistério do sofrimento e que, se somos cristão, devemos tomar a nossa cruz, nos unir à paixão e morte de Cristo, para também participarmos da sua gloriosa ressurreição. E, se o sofrimentos nos visitar e formos tentados e desistir, recordemos as palavras da Virgem de Fátima para a pequena Lúcia: “Não desanimes. O meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá até Deus”5.

Referências:

1ROYO MARÍN, Antonio. A Virgem Maria. Anápolis: Magnificat, 2020, p. 493.
2PAPA SÃO JOÃO PAULO II. Carta Apostólica Salvifici Doloris, 25.
3Idem, 26.
4PE. LUIS KONDOR. Memórias da Irmã Lúcia: A pastorinha de Nossa Senhora da Fátima. São Paulo: Loyola, 2016, p. 200.
5Idem, p. 202.

Continuemos a rezar pelos povos que sofrem com as guerras, pede Papa

Após o Angelus, Francisco saudou os fiéis, renovou seu apelo pela paz e lembrou da missa que vai celebrar no Cemitério de Guerra de Roma, no Dia de Finados

Da redação, com Vatican News

Foto: REUTERS – Yara Nardi

Nas saudações após o Angelus desta quarta-feira, 1º, o Papa Francisco voltou a falar sobre as guerras que afligem o mundo. O apelo do Pontífice é para que os fiéis não parem de rezar pelos povos que estão vivendo esses conflitos.

“Continuemos a rezar pelos povos que sofrem com as guerras de hoje. Não nos esqueçamos da martirizada Ucrânia, não nos esqueçamos da Palestina, não nos esqueçamos de Israel, não nos esqueçamos de tantas outras regiões onde a guerra ainda é muito forte.”

Saudações

Nas saudações, dirigindo-se à multidão presente na Praça São Pedro, o Santo Padre agradeceu aos grupos de peregrinos presentes, entre eles os participantes da tradicional Corrida dos Santos promovida pela Fundação Missões Dom Bosco “para viver em uma dimensão de festa popular” a Solenidade de Todos os Santos.

A Corrida dos Santos, que já está em sua 15ª edição, contou com a passagem dos participantes pelo centro de Roma.