Indepêndecia???


Independência do Brasil
Edna de F. Leite – editornet@liberal.com.br
 


Será mesmo?! Quando D.Pedro gritou “Independência ou Morte!”, ele deveria ter dito uma outra frase: “Liberdade com Independência!”


Na verdade, ele estava começando um ciclo de liberdade sem independência, e pior que ele já tinha noção disso! Já naquela época a nossa independência de Portugal nos custou o valor de dois milhões de libras esterlinas emprestados da Coroa Britânica. Pois é, desde aquela época estamos com a corda no pescoço, endividados e devendo obrigações à nações que nos ignoram. Ignoram nossas capacidades, nossos talentos, nossos valores como cidadão do Mundo, e visam somente interesses exploradores. E pior do que isso, mais lamentável ainda, são os nossos governantes, insensíveis à responsabilidade sócio-econômica que lhes cabem. Deixam, ainda mais, esse povo a mercê de suas trapaças grosseiras que visam somente seus lucros e interesses pessoais!


Violência, fome, falta de moradia , falta de emprego, corrupção, mensalão, inflação(por mais que apontem negativo, ela existe), salário mínimo: MÍNIMO, desrespeito à Educação, Saúde e muito mais…


Até quando? Até quando teremos que suportar a miséria desnecessária e injusta? Temos tudo para ser um povo livre, independente, e mais ainda, exemplo importante para o resto do mundo! Afinal, o nosso povo está dentro de uma terra abençoada por um imenso e rico ecossistema e mais , livre de catástrofes como as que acontecem em outros lugares.


E para combinar com toda essa natureza deslumbrante que nos foi dado, está a solidariedade do brasileiro que acolhe com amor os filhos de outras nações.


Este nosso País é a Patria do Mundo, e com certeza, vocês que estão aqui hoje, crianças, serão os adultos do amanhã que provarão  tudo isso. Por isso busquem o conhecimento que é o maior tesouro que o ser humano pode adquirir, mas não esqueçam que conhecimento intelectual só tem verdadeiro valor e sentido quando caminha junto a outros como: respeito, solidariedade, honestidade, ética, responsabilidade e também patriotismo! E não esquecer jamais da espiritualidade que deve ser a base de todo ser huimano.


Cresçam, estudem, trabalhem, construam, escolham seus líderes conscientes, vençam! Este  País somos todos nós e poderemos fazer dos próximos 7 de Setembro, uma data de real independência e verdadeira liberdade!!
 
Edna de F. Leite é professora do Ensino Fundamental da Rede Estadual e Rede Sesi.
 

Congresso é contra descriminalização do aborto


Parlamentares se unem para evitar que o aborto deixe de ser crime e tentam endurecer legislação sobre o assunto


Quase sempre acusado de estar em dissonância com a opinião pública, em poucos temas o Congresso Nacional reflete tanto o que pensa a maioria dos brasileiros como no caso do aborto. A maioria dos parlamentares não só é contra a descriminalização da prática como defende, inclusive, o endurecimento da legislação sobre o assunto. Há proposições, inclusive, que tornam o aborto crime hediondo ou que o classificam como tortura.

Segundo pesquisa realizada recentemente pelo DEM (ex-PFL), 76,3% dos brasileiros são contra qualquer alteração no Código Penal para tirar o aborto da lista dos crimes previstos no país. No Congresso, o conservadorismo do eleitor faz eco: das 22 proposições ativas sobre o tema que tramitam na Câmara, 12 tornam mais rígidas as regras vigentes, enquanto nove ampliam as possibilidades de abortamento legal. Uma pode ser considerada neutra, porque prevê a convocação de um plebiscito para que a população decida.

No Senado, tramitam três propostas sobre o assunto: duas buscam atenuar as atuais regras, em vigor desde 1940, e a terceira, já aprovada na Comissão de Constituição e Justiça, estabelece normas para realização de plebiscito sobre o tema.

No Brasil, só é possível interromper a gravidez quando ela é fruto de estupro ou quando há risco de morte para a mãe. Fora disso, o aborto é crime, com pena prevista de um a três anos de detenção para a gestante e de um a 20 anos para o médico.

A prática é legal em qualquer circunstância em 55 países e proibida totalmente em apenas quatro: El Salvador, Chile, Malta e Vaticano. “No Brasil, é improvável que as propostas que endurecem a lei em vigor sejam aprovadas, mas também não vão passar as que legalizam a prática até a décima semana”, prevê o deputado Luiz Bassuma (PT-BA), autor de um dos quatro projetos que tornam o aborto crime hediondo.


Pelotão de resistência
Espírita kardecista, Bassuma é coordenador de uma das três frentes parlamentares criadas no Congresso especialmente para evitar que o aborto deixe de ser crime no Brasil. Apesar de informal, a frente Em defesa da vida, contra o aborto tem o apoio de 194 parlamentares.

A maioria dos opositores à descriminalização da prática está distribuída entre a Frente parlamentar da família e apoio à vida, com 215 membros, e a Frente parlamentar contra a legalização do aborto, pelo direito à vida, com 230 integrantes. O pelotão de resistência é formado ainda pelos 43 congressistas que compõem a bancada evangélica.

Apesar desses números expressivos, não é possível precisar quantos deputados e senadores resistem a qualquer mudança na lei do aborto, sancionada há 67 anos. Isso porque vários deles participam de mais de uma frente.

De qualquer forma, esse grupo é responsável pela existência de mais proposições que endurecem a atual legislação em comparação com as propostas que pretendem atenuar a norma legal.


Divisão interna
Do lado oposto desse cabo de força, até agora, não há nenhum movimento organizado de parlamentares. No Congresso, os principais defensores da legalização do aborto são ativistas em defesa dos direitos humanos e mulheres ligadas a movimentos feministas, com destaque, na atual legislatura, para as deputadas Cida Diogo (PT-RJ) e Luciana Genro (Psol-RS). Ambas são autoras de projetos que legalizam a interrupção da gravidez em caso de anencefalia (ausência de cérebro) do feto.

Extremamente polêmica, a questão ultrapassa, inclusive, barreiras partidárias. Há uma semana, a ex-senadora Heloísa Helena, presidente do Psol, recebeu sonora vaia de seus colegas de partido ao evocar argumentos científicos e religiosos para evitar que o partido aprovasse uma moção de apoio à descriminalização do aborto. Heloísa se reelegeu presidente da legenda, mas acabou derrotada em sua posição sobre o assunto.

Mesmo sendo o partido do presidente da Frente parlamentar contra a legalização do aborto, deputado Leandro Sampaio (RJ), o PPS divulgou nota assumindo a defesa da descriminalização do aborto. No Senado, quando foi informado de que o DEM fecharia questão contra a legalização, o senador Heráclito Fortes (PI) correu até a tribuna para anunciar que discordava do comando de seu partido. “Essa não é uma questão programática, mas, sim, de consciência”, reclamou.


Saúde pública
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que no Brasil sejam provocados anualmente mais de 1,2 milhão de abortos clandestinos. Em 2006, complicações resultantes de interrupções de gravidez levaram à internação de 230 mil mulheres no Sistema Único de Saúde (SUS), o que custou ao Estado cerca de R$ 33 milhões. Em Salvador, abortos ilegais são a principal causa de mortalidade materna.

O assunto voltou a ganhar destaque no cenário nacional durante a visita do papa Bento XVI ao Brasil, em maio. Enquanto o papa fazia sua pregação contra a prática, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, não fugiu da polêmica ao defender a discussão imediata da questão.

Temporão repetiu que considera o debate sobre a legalização do aborto uma discussão de saúde pública e não religiosa e chamou de agressivos os líderes católicos que censuram as discussões sobre o aborto. “Não é possível ignorar que milhares de mulheres se submetem a esse procedimento e as pessoas digam que nada está acontecendo”, avaliou.

Ativistas em favor da descriminalização também destacam que a descriminalização do aborto é uma questão de saúde pública. “O problema não é dizer quando começa a vida, mas, sim, dizer que a vida da mulher também tem valor”, argumenta Elizabeth Saar, assessora técnica do Centro Feminista de Estudos e Assessoria (Cfemea), citando a principal questão de impasse entre defensores e críticos da legalização.

Apesar de os grupos contrários à liberalização da lei serem majoritariamente ligados a igrejas cristãs, principalmente a católica e as evangélicas, os parlamentares evitam vincular suas posições a argumentos religiosos. “Sou católico, mas a frente é composta por movimentos em favor da vida e o que queremos é mostrar que não está diretamente vinculado às igrejas, embora elas sejam importantes”, explica Leandro Sampaio.

Luiz Bassuma cita pesquisas que concluem que a vida começa no momento da concepção. Recorre, também, ao artigo 2º do Código Civil, que “põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro [termo modernamente utilizado em substituição a feto]”.

“Cada um acredita no que lhe é colocado. Como ele afirma que cientistas dizem que existe vida a partir da fecundação, outros cientistas dizem que até a terceira semana é apenas um macerado de células, sem características orgânicas que remetem à vida, como um sistema nervoso”, critica a também petista Cida Diogo, autora de um dos projetos que legalizam o aborto em caso de anencefalia.


Briga na Justiça
Há pouco tempo o ministro Marco Aurélio Mello, do STF, decidiu favoravelmente ao aborto em casos de ausência de cérebro. A decisão, porém, foi cassada pelo próprio Supremo, após fortes protestos liderados pela Igreja Católica.

Recentemente, o STF realizou audiência pública para tentar chegar a uma definição sobre qual corrente científica a legislação brasileira deve seguir: se a que afirma que há vida desde a concepção ou a que diz que só pode ser considerado vivo o ser humano que tem um sistema nervoso ativo, ou seja, com ao menos dez semanas de gestação.

O tribunal ainda não tem uma posição oficial, mas, segundo Bassuma, a tendência é que opte pelo caminho do meio e decida que, para fins legais, a vida tem início no momento em que o embrião se fixa na parede do útero, o que acontece entre o sétimo e o décimo dia de gravidez. Desse modo, não seria considerado atentado contra a vida a pesquisa com embriões produzidos in vitro ou mesmo o uso da pílula do dia seguinte. Mas o aborto, sim.

“Não é direito da mulher decidir, ela não pode decidir pela vida de outras pessoas, como o bebê. Não quer ficar com a criança, entregue para a adoção”, sentencia Leandro Sampaio. “Nós somos claramente contra o aborto porque ele é uma interrupção de um projeto de vida que não pertence mais a um homem, pertence a Deus e à Criação”, acrescenta o bispo Robson Rodovalho (DEM-DF), presidente da Frente da família e apoio à vida.


Entre o endurecimento e a liberação
As proposições que ampliam as situações em que pode ser realizado o aborto legal dividem-se basicamente em quatro vertentes. Seis propostas descriminalizam a interrupção de gravidez caso não haja perspectiva de sobrevivência após o nascimento; três legalizam a prática em qualquer circunstância, variando apenas o estágio limite da gravidez que poderá ser interrompida; um legaliza o aborto caso a mulher seja vítima de qualquer tipo de violência, não só o estupro; e o último obriga o SUS a realizar os abortos permitidos em lei.

Por outro lado, as propostas que endurecem a legislação em vigor seguem os seguintes caminhos: cinco delas criminalizam o aborto em caso de gravidez fruto de estupro, sendo que um deles transforma em crime a interrupção de gravidez também quando houver risco de morte para a mãe e outro tipifica o aborto ilegal como crime hediondo; três transformam o aborto em crime hediondo; dois o incluem entre os crimes de tortura; um cria a Semana Nacional de Prevenção do Aborto; e outro cria um programa de orientação das mães sobre os riscos do aborto legal.

Há, ainda, dois projetos, um tramitando na Câmara e outro no Senado, que tratam da realização de plebiscito para que a população decida se o aborto deve ser legalizado no Brasil. Um deles, o PDS 1494/2004, de autoria do senador Gerson Camata (PMDB-ES), é a única das 26 proposições cuja tramitação teve avanço considerável: foi aprovada na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado em dezembro de 2006 e será agora analisado pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa.


Crime hediondo
Apesar de praticamente não terem avançado desde que foram apresentadas, as propostas que transformam o aborto ilegal em crime hediondo são as que mais preocupam ativistas em defesa da legalização. Isso porque, de acordo com a Lei dos Crimes Hediondos (8072), o condenado por esse tipo de crime não pode receber anistia, graça ou indulto nem ser libertado mediante pagamento de fiança. Além disso, só tem direito a progressão de regime o criminoso hediondo que cumprir, no mínimo, 2/5 da pena – para os demais crimes, basta cumprir 1/6.

“É absurdo tornar criminosa a mulher que toma decisão muito difícil e em um momento de muita preocupação. Ela não faz isso rindo. Da mesma forma o médico que resolve ajudar para dar condições de higiene e saúde não pode ser taxado de criminoso”, avalia a deputada Cida Diogo. 


Congresso Em Foco

Igreja promove o GRITO PELA VIDA!

Igreja Católica promove o “grito pela vida”


por Redacao em Junho 15, 2007 @ 8:36 am


No próximo dia 30, a Igreja Católica, através da Renovação Carismática Católica (RCC) realiza em todo o Brasil o “Grito pela Vida”. A data será marcada por uma grande mobilização nacional em torno da vida e da família. Em Rondonópolis, será na Praça Brasil, começa às 8h da manhã e terá continuidade de 3 a 6 de julho, nos colégios da cidade.


Cada cidade determina o formato desta mobilização, que contará com um carro de som animando os participantes com músicas, orações e palavras em favor da vida. A coordenação é da RCC, mas devem ser convidados a participar organismos da sociedade civil, demais movimentos, pastorais e entidades que lutam a favor da vida.


Marizete Martins, da RCC Brasil, coordenadora nacional da mobilização  “Grito pela Vida” afirma: “sendo mãe, mulher, advogada e esposa de médico preciso me colocar a favor da vida em todos os sentidos. Primeiro, porque ela é dom de Deus e em segundo lugar é um direito assegurado pela Constituição Federal que diz que ‘todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida…’ (art. 5º)”.


Marizete, que foi pregadora do Anuncia-Me 2007 declara que nós católicos e cristãos temos que assumir nosso posto e lutar pelo nosso povo. “Precisamos afirmar perante os poderes constituídos que somos contra a legalização do crime do aborto, contra o uso das drogas e outros males que matam o Dom da vida.”


Serão entregues panfletos sobre o posicionamento cristão diante das realidades sobre aborto e eutanásia. Além de conscientização de que a castidade, fidelidade e paternidade/maternidade responsável são os melhores meios de “lutar pela vida”.


Durante o “Grito pela Vida” um abaixo-assinado em todo Brasil estará sendo realizado contra o projeto de lei 1135/91 que prevê a descriminalização do aborto no Brasil, com o agravante de que até a 12ª semana de gestação seja assegurada pelo SUS e planos de saúde.


Até agora já foram reunidas mais de 280 mil assinaturas em todo o Brasil. Mas, para o abaixo-assinado ser reconhecido é preciso de 1 milhão de assinaturas.



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Notícia impressa de A TRIBUNA – O melhor jornal da região: http://www.atribunamt.com.br


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Governo diz que nao vai ceder…

Governo não vai ceder à pressão da Igreja, diz Temporão



O ministro da Saúde, José Ramos Temporão, disse nesta semana que o governo não vai se dobrar à pressão da Igreja e recuar nos programas de distribuição de anticoncepcionais e vai continuar defendendo a mudança na legislação do aborto como uma questão de saúde pública.



“A Igreja que transmita aos seus fiéis os seus princípios, o Estado tem que cuidar da saúde pública. Não estou nem um pouco preocupado com isto. Isto pra mim não tem a menor importância”, afirmou o ministro, em entrevista à BBC Brasil.



Sobre o aborto, o ministro disse que “não se pode fechar os olhos e fingir que não está acontecendo”.



“Aí surge a discussão de como se enfrenta isso. Um, através de uma política de planejamento familiar, democrática e acessível. Dois, através de mudanças na lei”, afirmou.



Ele declarou que espera que o projeto de lei apresentado em 2005 pela ex-deputada Jandira Fegalli seja desengavetado agora e entre na pauta de discussões do Congresso.



BBC Brasil – O Ministério da Saúde está preparando um PAC da Saúde . Quando ele deve ser anunciado e quais são as principais ações?



José Ramos Temporão – Nossa idéia é que no segundo semestre esta proposta esteja pronta e operacionalizável. Ela pretende ter uma visão abrangente da saúde com algumas dimensões: a primeira é a promoção da saúde. Queremos trabalhar álcool, fumo, obesidade, padrão alimentar e atividade física. A segunda dimensão é da atenção à saúde, o atendimento quando a pessoa já está doente.



Esta é mais complexa, porque ela trata a maneira como você organiza o sistema, a qualidade da atenção e uma questão fundamental normalmente esquecida que é a qualidade dos profissionais que trabalham no sistema. A terceira dimensão é a gestão. Tem que melhorar a gestão. A administração pública saindo da administração direta para uma administração fundacional. Mas não é uma administração privada, é administração pública.



BBC Brasil – Precisa de mais dinheiro para isso, além do orçamento atual?



Temporão – Não. Não vou dizer com certeza que não, mas se precisar é de pouco dinheiro. Tenho impressão que com o que o Ministério da Saúde gasta hoje com os nossos hospitais ele tem condições de fazer muito mais do que faz. É muito dinheiro, perto de R$ 1 bilhão que a gente gasta nos hospitais.



BBC Brasil – O senhor falou bastante nos últimos meses de assuntos muito polêmicos, mudanças na legislação de propaganda de bebida, ampliação da distribuição de anticoncepcionais. Muita gente critica, diz que esses assuntos são da esfera privada e o governo devia se concentrar mais em outras coisas, como epidemia de dengue e filas nos hospitais. Qual é a prioridade do governo?



Temporão – Esta é uma visão atrasada da saúde, que eu combato. É uma visão estereotipada. No caso da propaganda de bebida, por exemplo, que isso seria uma interferência na liberdade de expressão. Que tipo de expressão? Submeter crianças a uma propaganda obscena, de estímulo irresponsável ao consumo de bebida? Não vejo nenhuma liberdade de expressão nem de opinião. É uma responsabilidade do Estado, proteger a saúde pública. Eu acho que esta é uma questão falsa. Não vejo nenhuma sustentação de que o Estado não tem que se intrometer. Acho até engraçado esta coisa de código de auto-regulamentação.



BBC Brasil – Houve críticas muito duras à distribuição de anticoncepcionais.



Temporão – Só a Igreja que é contra. A Igreja não tem nada a ver com isso. A Igreja tem que prescrever seus dogmas aos que militam. O Estado não está obrigando ninguém a consumir pílula nem nada. Estamos informando para que os casais e as mulheres possam optar conscientemente pelo método que se adapta mais à sua visão de mundo e à sua peculiaridade.



Os casais que seguem os dogmas da Igreja vão usar o método natural, com todos os riscos que este método implica. Agora, a Igreja católica querer prescrever ao conjunto da sociedade sua visão não me parece razoável.



O Estado brasileiro é um Estado laico, não tem nada a ver com a Igreja. A Igreja transmita aos seus fiéis os seus princípios, o Estado tem que cuidar da saúde pública. Não estou nem um pouco preocupado com isto. Isto pra mim não tem a menor importância. Eu diria mais: 90% dos brasileiros aprovam o uso de camisinha, a Igreja é contra. O que eu percebo aí é um grande conflito entre a visão da Igreja e a visão da sociedade. Um conflito total, uma ruptura.



BBC Brasil – E esta resistência não pode levar a uma mudança na política do governo?



Temporão – Não há hipótese de o governo se dobrar à pressão da Igreja. Basta ver a política que o presidente Lula lançou. Já está decidido. Não estamos discutindo. Nós vamos ampliar a oferta de métodos e vamos reduzir os preços nas farmácias.



BBC Brasil – De tudo o que senhor falou o que causou mais polêmica foi o aborto, uma discussão que sempre esteve pairando, mas agora o senhor colocou o dedo na ferida. O senhor chegou a dizer que não ia lançar um projeto sobre o assunto, que a discussão seria da sociedade. Mas não pode acontecer como aconteceu com o Estatuto do Desarmamento, que teve um plebiscito com um resultado contrário à posição do governo?



Temporão – O presidente já foi muito claro em relação a isso: o presidente falou, primeiro, que é um problema de saúde pública. Segundo, ele também disse que acha que a legislação atual não dá conta da realidade. Eu também acho. Terceiro, quem tem que resolver isso é o Congresso nacional.



BBC Brasil – E o que o Executivo vai fazer?



Temporão – Já fez. Lançou a política de planejamento familiar. Porque no limite, quanto mais informada, ou mais acesso aos métodos as pessoas tiverem, em tese, reduz a oportunidade de uma gravidez indesejada e reduz o recurso ao abortamento clandestino. E colocou para a sociedade esta questão.



O Congresso é que vai decidir, se haverá mudanças na legislação, e se ele se dará por lei ordinária ou por consulta pública (um projeto de lei de 2005 sobre o assunto tramita no Congresso).



BBC Brasil – E o governo vai fazer que tipo de pressão para que este projeto seja aprovado?



Temporão – O governo vai participar das consultas públicas, dos debates. Eu como ministro da Saúde vou estar sempre me posicionando sobre esta questão. Não vou fugir do debate não. É uma questão de saúde pública grave, mata mulheres, as mulheres têm que ser ouvidas mais do que têm sido e o Congresso e a sociedade tem que enfrentar esta situação.



BBC Brasil – Mas não é um contrasenso, o Executivo levanta o debate e aí fala: não, eu não vou participar, deixa o Congresso decidir.



Temporão – Porque é uma lei, já foi encaminhado. Só que estava engavetado. E agora está sendo desengavetado. Na semana que vem tem uma audiência pública.



BBC Brasil – O senhor acha que vai ter mudança?



Temporão – Portugal demorou dez anos para aprovar um plebiscito. Isso é uma coisa que depende do grau de maturidade da sociedade. Pelo que tenho acompanhado pela mídia, a negação de que é um problema de saúde pública é muito frágil. Hoje diria que ninguém, nem mesmo a Igreja, pode afirmar isso. Seria uma irresponsabilidade. Não se pode fechar os olhos e fingir que não está acontecendo. Aí surge uma outra discussão, de como se enfrenta isso. Um, através de uma política de planejamento familiar, democrática e acessível. Dois, através de mudanças na lei. É a minha opinião. A opinião da Igreja é outra coisa – das igrejas, porque ela é multifacetada.



BBC Brasil – A Igreja Universal é a favor de mudar a lei. Vocês têm contato, eles poderiam ser um aliado?



Temporão – Durante todo esse processo eu não recebi nenhuma igreja. Nem formalmente nem informalmente. Não fui procurado, nem procurei.



BBC Brasil – Mas o senhor acha que eles poderiam ser um contraponto à Igreja Católica?



Temporão – Eles botaram três milhões de pessoas em São Paulo na semana passada. Parece uma coisa importante. Ou seja, está acontecendo alguma coisa muito importante na sociedade brasileira nesta questão. A legislação brasileira é de 1940. Sem mudança. Em algum momento a sociedade brasileira vai despertar e perceber que está diante de um problema sério.



BBC Brasil – O senhor acha que isso vai acontecer nesta sua gestão?



Temporão – Espero, ficaria muito feliz que isso acontecesse.


BBC Brasil


 
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Legalizaçaõ do aborto é discutida em são Luís

Legalização do aborto é discutida em São Luís



 


Data de Publicação: 17 de junho de 2007
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Zilda Assunção
Especial para o Jornal Pequeno


ENTREVISTA


A ONG Católica pelo Direito de Decidir (CDD) lançou, em São Luís, na última quinta-feira, 14, o livro “Em defesa da vida: aborto e direitos humanos”, como parte de um projeto de discussão e divulgação em várias capitais brasileiras do projeto Católicas em Campanha pela Legalização do Aborto. A divulgação ocorreu no auditório da OAB, com o apoio da Secretaria de Estado da Mulher, da OAB e do Grupo de Mulheres da Ilha, que promoveram uma mesa redonda para discutir a temática sobre o aborto e direitos humanos, numa referência ao Dia de Combate à Mortalidade Materna, celebrada dia 28 de maio. 


 


A CDD é uma Organização Não Governamental feminista, criada em 1993 por teólogos, sociólogos, psicólogos, cientistas da religião e outros profissionais, que proclama em nível nacional a defesa dos direitos sexuais reprodutivos. O livro, organizado por Alcilene Cavalcante e Dulce Xavier, é uma coletânea de artigos divididos por temas: Vida, Saúde, Direito e Lei, escritos por nomes dentre os quais se destacam, Leonardo Boff, teólogo e ex-padre católico; Marco Segre, presidente de honra da Sociedade Brasileira de Bioética (SBB); Ennio Candotti, presidente da Sociedade  Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC); o ex-ministro da Saúde, médico Humberto Costa; Miriam Ventura, advogada e integrante da Rede Feminista em Saúde e Direitos Reprodutivos; e pela coordenadora da Católicas pelo Direito de Decidir, Maria José Rosado Nunes, que concedeu esta entrevista sobre o assunto.


Doutora em Ciências Sociais pela École des Hautes études in Sciences Sociales e professora da PUC, Maria José Rosado Nunes advoga que o aborto por ser uma questão polêmica, deve ser tratado através de uma legislação que garanta direitos às mulheres decidir sobre suas vontades e se querem ou não levar a termo uma gravidez. O Projeto sobre a Legalização do Aborto volta a ser discutido neste segundo semestre na Câmara e Senado.


Maria José Rosado declarou que, pela primeira vez no país, o pronunciamento favorável de um ministro de Estado da Saúde sobre a legalização do aborto deu impulso para que o projeto seja discutido em nível de governo. Dentre às alegações, argumenta que o aborto em condições de risco no Brasil é a grande causa de mortalidade materna, de modo particular entre mulheres pobres, negras e nordestinas, com gastos enormes para o governo, onde o SUS atende cerca de 240 mil mulheres por ano nessas condições. Acompanhe outros detalhes importantes nesta entrevista.


Pela primeira vez um ministro de Estado da Saúde, José Gomes Temporão, se manifestou em favor da legalização do aborto, embora tenha em seguida recuado. Seria em função da repercussão polêmica pelo fato se tratar de um país com maioria católica que é orientada pela cúpula, como fez o papa recentemente no Brasil ao condenar tal ato?


Maria José Rosado – Nós mulheres feministas que lutamos pela vida das mulheres, sabemos que a legalização do aborto é um ponto importante para que as mulheres continuem vivendo bem. Nós gostaríamos de ver uma ação mais forte por parte do governo e cabe a este, se definir e promover a possibilidade de que se faça um debate para que o aborto seja legalizado no Brasil. No entanto, apesar desse recuo do ministro, eu acho que avançamos muito pelo fato de haver um pronunciamento desse porte e de um ministro da saúde. Nós nunca tivemos isso nesse nível, embora sabemos que o ex-ministro Humberto Costa também apoiava a causa, mas nunca houve uma fala tão direta e contundente. Eu acho que as conseqüências disso foi a provocação de um debate nacional e a vinda do Papa que no final, contribuiu para duas coisas muito importantes: para que o Brasil reafirmasse a sua laicidade, porque o presidente Lula reafirmou com todas as letras dizendo que somos um país católico, respeitamos todas as demais religiões, mas somos um país laico de decisão constitucional, e portanto, temos que atender toda a população. Depois, uma fala forte também no sentido de que não cabe ao chefe de Estado de outro país (no caso o Papa é Chefe de Estado de Roma) ter qualquer ingerência sobre o tipo de política que se pode levar em outro país.


A senhora concorda que, ao invés de o governo defender a legalização do aborto, deveria se preocupar com uma política de saúde de qualidade, universal e humanizadora, trabalhando a prevenção, de modo a evitar gravidez inesperada e indesejada, por exemplo?


Maria José Rosado – Eu discordo da primeira parte e concordo com a segunda. Eu discordo de ‘ao invés de legalizar o aborto’, eu acho que não. Há que se legalizar o aborto, mas há também de prover a sociedade de um excelente serviço de saúde para que as mulheres e os homens tenham acesso amplo e irrestrito aos postos de saúde e a todo o tipo de método anticoncepcional, e que tenham acompanhamento do uso desses métodos. O governo federal acaba de lançar um programa de distribuição ampla dos métodos anticoncepcionais. Isso também é um avanço muito grande e investir também em educação sexual nas escolas que deveria ser parte obrigatória dos currículos, para ensinar crianças a lidarem com a sua sexualidade. Esses dois pontos devem estar juntos com a proposição da legalização do aborto, porque essa é a situação ideal, isto é, de que nenhuma mulher engravide sem assim desejar, só que a gente sabe que isto não é o real da vida das mulheres.


Como coordenadora de uma ONG de nome Católicas pelo Direito de Decidir, a senhora se sente confortável para defender a legalização do aborto, embora saiba que o comando da Igreja Católica orienta seus fiéis a se posicionarem em favor da vida e obviamente contra o processo abortivo de vida humana?


Maria José Rosado – É uma coisa muito interessante no trabalho de Católicas. Muitas mulheres que havia se desligado de praticar a religião e se dizerem católicas, quando lêem nossas publicações e ouvem as nossas falas, vão aos nossos encontros e dizem: que bom que agora eu posso voltar a ser católica. De parte da hierarquia da Igreja, que são homens todos celibatários, é claro que dado a um lugar de poder religioso que ocupam e para que eles possam fazer carreira dentro da instituição, eles têm que reafirmar esses princípios doutrinários da Igreja, porém, a grande maioria de fiéis católicos tem outra posição. Entendem que esses princípios estão aí colocados pela Igreja, mas que a vida das pessoas é outra e que Deus as entende. Católicas pelo Direito de Decidir tem feito pesquisas de opinião e, recentemente realizou uma entre jovens, em todas elas, os resultados apontam um percentual altíssimo de discordância da forma como a Igreja lida com a sexualidade e com a questão reprodutiva. É o caso do uso de camisinha onde 95% dos jovens católicos discordam da posição da Igreja e 93% dizem se sentir confortáveis em ser católicas e defendem o uso de camisinha. Isto porque entendem que não estão transgredindo os valores da sua religião. Então eu acho que a ONG Católicas pelo Direito de Decidir, é a voz de uma grande parte da população católica que discorda da hierarquia e não tem outra voz para falar por elas.


Um fato curioso é a explicação que vem sendo dada durante os debates, de que o embrião até a 12ª semana pode ser abortado, o que significa que não há vida até aí. Essa justificativa é uma posição da comunidade científica. Explique melhor.


Maria José Rosado – De fato essa é uma questão complicada, e não dá para tratarmos de uma maneira rápida, como se fosse uma questão simples, o que não é. Só que chega um momento que, quando a gente quer propor uma legislação, se faz necessário achar um parâmetro. Há quem pense que, por exemplo, seria melhor deixar fora do Código Penal e não legislar. Atualmente, a posição de uma grande parte do movimento de mulheres não é essa, e sim em dizer que a gente tem que legalizar, o que significa, colocar limites, colocar parâmetros. Como é que se colocam esses parâmetros: levando em conta as proposições médicas atuais sobre a questão da vida cerebral a partir de quando a gente pode dizer que, de fato, temos ali uma pessoa humana numa fase de desenvolvimento que vai permitir a ela um nascimento normal, com uma qualidade boa de vida. Os países que legalizaram o aborto, com exceção de apenas dois, se me parece, deixaram o livre arbítrio à mulher sem colocar nenhum parâmetro. Todos os que têm parâmetros tem mais ou menos isso de que até a 12ª semana é possível a gente admitir de que haja interrupção, porque o processo gestacional é muito inicial e, portanto, não há nenhuma possibilidade de sobrevida fora do útero materno, já que há um começo de partes cerebrais sendo formada, considerando que a partir daí não se deve interromper. Esse é um critério que é usado. Agora, há uma diferença fundamental entre vida humana e pessoa humana. Vida existe no espermatozóide, no óvulo e um óvulo fecundado. Mas daí dizer que um óvulo no momento exato de fecundação já é uma pessoa humana, uma vida humana, que é mais digna de respeito e de valor que a vida da mulher, que tem esse início de gestação em seu corpo, a gente discorda desse tipo de concepção, porque é uma forma de não considerar a dignidade e a vida das mulheres que são, no final, as responsáveis por esse processo.


O livro que está sendo lançado “Em defesa da vida: aborto e direitos humanos” não é contraditório, quando aqui se fala de legalização do aborto?


Maria José Rosado – Nós escolhemos esse título ‘Em Defesa da vida: aborto e direitos humanos’, exatamente porque defendemos a legalização do aborto e estamos defendendo a vida das mulheres. Defendemos por mais paradoxal que isso possa parecer, a dignidade da maternidade. Nós queremos que se pense a maternidade como um processo que é resultante de um ato humano de desejo, de vontade e de um assumir realmente aquela gravidez e não como um resultado de um processo biológico que começou, e que não me sinto no direito de interromper. Como diz o prefácio do livro, “este livro é um ato de amor a favor da vida de milhares de mulheres”. Nós não queremos que a maternidade continue sendo esse processo que respeita unicamente a possibilidade biológica que as mulheres têm de gerar, mas que ela seja o resultado de um processo de pensamento, de recepção e de desejo da mulher colocar no mundo um ser humano, e para isso, é necessário que ela tenha o direito legal de interromper esse processo quando ela considera que naquele momento ela não pode ou não quer levar avante esse processo de gerar um novo ser humano. Então é um respeito por esse processo maravilhoso, essa capacidade incrível que tem o ser humano, que é de gerar novos seres humanos com consciência, com respeito e dignidade. Portanto é um livro em defesa da vida.


Há uma idéia de que, quando se fala em legalização do aborto, se pensa em movimento feminista, mulheres liberadas. Nesse contexto atual de discussão sobre a liberação do aborto, por que os homens não se envolvem também com a causa?


Maria José Rosado -Nos últimos anos, nós tivemos muitos avanços significativos nesse sentido de ter os homens como companheiros, porque havia outros homens que acompanhavam o movimento feminista e que eram favoráveis ao aborto, mas que não se posicionavam publicamente, não vinham a público discutir isso, porque para o senso comum, isso era problema das mulheres. O nosso livro tem vários artigos escritos por homens: cientista, médico, teólogo e ex-padre católico, que se dispôs a escrever para a história e se engajaram nessa luta. Além destes, que estão nos livros, temos atualmente uma ampliação muito grande dos parceiros, como chamamos. São homens que se dispõe a irem um Congresso e a uma Audiência Pública para defender o direito das mulheres. São homens como o ministro Temporão (José Gomes Temporão, da Saúde) que entendem que a questão do aborto não está relacionada somente às mulheres, mas que é uma questão nacional. Eu digo que agora nós estamos num outro patamar nessa luta e discussão. Porque, de fato, agora o aborto passou a ser um tema nacional, de discussão com outros paradigmas, outra força e outra significação, porque nós temos atores políticos importantes, defendendo o aborto.


Como se encontra hoje no Congresso, o encaminhamento do projeto de legalização do aborto?


Maria José Rosado -Como houve uma mudança de legislatura, os projetos são zerados e voltam a sofrer todo o processo novamente. Neste segundo semestre, nós teremos quatro audiências públicas na Câmara para discutir o Projeto de Legalização, retomando assim, toda a discussão. Primeiro, nas Comissões de Seguridade e da Família, e em seguida, vai para a Câmara e Senado, seguindo o trâmite normal.
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