Como você tem rezado?

Como você tem rezado?

Aprenda a rezar para fazer a vontade de Deus

 

Os conteúdos da oração, como os de todo
diálogo de amor, podem ser múltiplos e variados. Cabe, no entanto, destacar alguns especialmente significativos:
 

Petição 
 É frequente a referência à oração impetratória ao longo de toda a Sagrada
Escritura; também nos lábios de Jesus, que nos convida a pedir, encarecendo o
valor e a importância de uma prece singela e confiada. A tradição cristã
reiterou esse convite, pondo-a em prática de muitas maneiras: petição de
perdão, petição pela própria salvação e pela dos demais, petição pela Igreja e
pelo apostolado, petição pelas mais variadas necessidades, etc. 

De fato, a oração de petição faz parte da experiência religiosa
universal. O reconhecimento, ainda que em ocasiões difusas da realidade de Deus
(ou mais genericamente de um ser superior), provoca a tendência a dirigir-se a
Ele, solicitando Sua proteção e Sua ajuda. Certamente, a oração não se esgota na
prece, mas a petição é manifestação decisiva da oração, assim como
reconhecimento e expressão da condição criada do ser humano e de sua
dependência absoluta de um Deus cujo amor a fé nos dá conhecer de maneira plena
(cf. Catecismo, 2629.2635). 

Ação de
graças O reconhecimento dos bens
recebidos 
e, através
deles, da magnificência e misericórdia divinas, impulsiona a dirigir o espírito
a Deus para proclamar e lhe agradecer seus benefícios. A atitude de ação de
graças, cheia desde o princípio até o fim a Sagrada Escritura e a história da
espiritualidade. Uma e outra põem de manifesto que, quando essa atitude arraiga
na alma, dá lugar a um processo que leva a reconhecer como dom divino todos os
acontecimentos, não somente aquelas realidades que a experiência imediata
acredita como gratificantes, mas também as
aparentemente negativas ou adversas. 

Consciente de que o acontecer está situado sob o desígnio amoroso
de Deus, o fiel sabe que tudo redunda no bem de quem – a cada homem – é objeto
do amor divino (cf. Rm 8,28). São José Maria Escrivá ensina que: “Habitua-te a
elevar o coração a Deus em ação de graças muitas vezes ao dia. – Porque te dá
isto e aquilo. – Porque te desprezaram. – Porque não tens o que precisas, ou
porque o tens. Porque fez tão formosa a sua Mãe, que é também tua Mãe. – Porque
criou o Sol e a Lua e este animal e aquela planta. – Porque fez aquele homem
eloqüente e a ti te fez difícil de palavra… Dá-Lhe graças por tudo, porque
tudo é bom.”


Adoração e louvor 

É parte
essencial da oração reconhecer e proclamar a grandeza de Deus, a plenitude de
seu ser, a infinitude de sua bondade e de seu amor. Ao louvor pode-se desembocar a partir da consideração da
beleza e magnitude do universo, como acontece em múltiplos textos bíblicos
(cf., por exemplo, Sal 19; Se 42, 15-25; Dn 3, 32-90) e em numerosas orações da
tradição cristã; ou a partir das obras grandes e maravilhosas que Deus opera na
história da salvação, como ocorre no Magnificat (Lc 1, 46-55) ou nos grandes
hinos paulinos (ver, por exemplo, Ef 1, 3-14); ou de fatos pequenos e inclusive
miúdos nos que se manifesta o amor de Deus. 

Em todo caso, o que caracteriza o louvor é que nele o olhar vai diretamente a
Deus mesmo, tal e como é em si, em sua perfeição ilimitada e infinita. O louvor é a forma de oração que reconhece o mais imediatamente
possível que Deus é Deus! Canta-o pelo que Ele mesmo é, dá-lhe glória, mais do
que pelo que Ele faz, por aquilo que Ele é. (Catecismo, 2639).

Está, por isso, intimamente unida à adoração, ao reconhecimento, não só
intelectual, mas existencial, da pequenez de tudo criado em comparação com o
Criador e, em consequência, à humildade, à aceitação da pessoa indignada ante
quem nos transcende até o infinito; à maravilha que causa o fato de que esse
Deus, ao que os anjos e o universo inteiro rendem homenagem, dignou-se não só a
fixar seu olhar no homem, mas habitá-lo; mais ainda, a se encarnar. 

Adoração, louvor,
petição e ação de graças resumem as disposições de fundo, que informam a
totalidade do diálogo entre o homem e Deus. Seja qual for o conteúdo concreto
da oração, quem reza o faz sempre, de uma forma ou de outra, explícita ou
implicitamente, adorando, louvando, suplicando, implorando ou dando graças a
esse Deus ao qual reverencia, ao qual ama e no qual confia. Importa reiterar,
ao mesmo tempo, que os conteúdos concretos da oração poderão ser muito
variados.
 

Em ocasiões se irá à oração para considerar passagens da Escritura, para
aprofundar em alguma verdade cristã, para reviver a vida de Cristo, para sentir
a proximidade de Santa Maria. Em outras, iniciará a partir da própria vida para
participar a Deus das alegrias e os afãs, das ilusões e dos problemas que o
existir comporta; ou para encontrar apoio e consolo; ou para examinar ante Deus
o próprio comportamento e chegar a propósitos e decisões; ou, mais
singelamente, para comentar com quem sabemos que nos ama as incidências da
jornada. 

Encontro entre o que crê e Deus em quem
se apoia
 e pelo que se sabe
amado, a oração pode versar sobre a totalidade das incidências que conformam o
existir e sobre a totalidade dos sentimentos que pode experimentar o coração.
Escreveste-me: “Orar é falar com Deus. Mas de quê?” – De quê? D’Ele e de ti:
alegrias, tristezas, êxitos e fracassos, ambições nobres, preocupações diárias,
fraquezas; e ações de graças e pedidos; e amor e desagravo. Em duas palavras:
conhecê-Lo e conhecer-te – ganhar intimidade!”, ensinou São José Maria Escrivá. 

Seguindo uma e outra via, a oração será sempre um encontro íntimo e filial
entre o homem e Deus, que fomentará o sentido da proximidade divina e conduzirá
a viver a cada dia da existência de cara a Deus. 

 José Luis Illanes 

http://www.opusdei.org.br