Continuo com Bento


CONTINUO COM BENTO



por Dartagnan da Silva Zanela


“Tem ânimo, pois, e sê corajoso para cuidadosamente observares toda a lei que Moisés”. (Josué, I: VII)



Só pra variar um pouco, mais uma vez temos a imprensa em sua idiotia a atormentar a figura do Sumo Pontífice. Desta vez, a bola cantada seria o texto da Exortação Apostólica SACRAMENTUM CARITATIS. O pomo da discórdia seria o fato de termos presente nas linhas deste documento a condenação à dissolução do casamento e bem como o uso da alcunha para as sucessivas separações de casais de “praga” dos dias hodiernos.


Mas espera aí: a que o Vigário de Cristo está se referindo como sendo uma praga neste texto? Não é com relação aos casais que se separam por razões plausíveis (como o fim do amor que dá lugar a um clima de discórdia), mas sim, com relação a esta descomunal onda de casamentos que se dissolvem literalmente da noite para o dia, como se o casamento fosse similar a brincar de papai e mamãe.


Casos patéticos que ilustram bem esta situação são as uniões conjugais de algumas celebridades da grande mídia. Ora, que eu saiba, casamento não é espetáculo nem brincadeira. É coisa séria. É o prelúdio para a formação de uma família e, a desestruturação das famílias modernas seria, esta sim, a grande chaga aberta por esta praga, segundo as palavras do Papa e não a dissolução em si mesma.


Tal é que, se volvermos nossas vistas para o referido documento, perceberemos que Bento XVI chama a atenção para que todas as Dioceses tenha sempre um Tribunal Eclesiástico preparado para apreciar os pedidos de dissolução de matrimônios, quando permeados pelos problemas que acabam tolhendo o sentido mesmo de uma Família.


Aos casais que estão a viver em uma segunda união (como é o caso de muitos) é apenas vetado o acesso à comunhão, sendo permitido a participação de todas as outras atividades da Igreja Católica Apostólica Romana, reforçando apenas o que até então era vigente.


Mas, o que a mídia chique desejava que o Papa declare-se na referida Exortação Apostólica? Que relaxasse esses preceitos milenares só por quê nos dias atuais estamos mais e mais com a presença de casamentos relâmpagos? Com certeza esta seria a resposta desejada. Todavia, lembramos aqui alguns pequenos detalhes um tanto impertinentes. Em primeiro lugar, a Igreja Católica, enquanto uma Tradição Religiosa milenar, não é de modo algum similar a um programa de auditório que tem a sua forma e conteúdo mudados o tempo todo conforme as flutuações do índice de audiência. Se assim fosse, a Igreja não teria dois milênios.


Em segundo lugar, a Igreja não surgiu para se adaptar ao mundo e as suas exigências mundanas, mas sim, para fazer o contrário. Ela surgiu fundada na Verdade Revelada pelo Verbo Divino encarnado para anunciá-la através dos tempos para converter o mundo, não se curva diante dele. E, defender a Verdade Eterna da “verdade” de todos os tempos é a sua grande missão.


Alguns podem perguntar-se sobre as inúmeras mudanças sofridas no correr destes vinte séculos de história e com razão. Entretanto, lembramos aqui que tais mudanças não foram fruto de uma atitude intempestiva e impensada, mas sim, algo devidamente amadurecido através de um longo período de reflexão.


Ao contrário do que muitos pensam, o papel do Sumo Pontífice não é o de mandar e desmandar dentro da Igreja, mas sim, antes de tudo, de preservar a Tradição e não de mudá-la de acordo com os seus interesses como deseja o mundo moderno.


Alias, todos nós, Cristãos Católicos, de maneira diminuta, também devem lutar a BONNA PUGNA de preservar esta tradição, visto que, não devemos esquecer nunca que nós somos anões sobre os ombros de gigantes, como ponderava no século XII Bernardo de Chartres.


Nunca devemos nos esquecer que os porta-vozes da mídia atual entendem bagatela alguma sobre questões desta seara. Prova disso seria uma outra celeuma gerada em torno de uma declaração realizada pelo Papa por ocasião da rememoração do fim da Segunda Guerra Mundial, quando este indagava: “Senhor! Onde estavas que permitiu que isso ocorresse?”, se referindo aos Campos de Concentração. Logo vieram inúmeras especulações sobre a suposta declaração ateia feita pelo Bispo de Roma.


Ora, então pergunto aos “entendidos” do assunto: o que foi que Cristo Jesus declarou pouco antes de vir a morrer na Cruz? Ele suplicou: “Senhor! Por que me abandonas-te?” Bem, obviamente que nossa casta de jornalistas e (de)formadores de opinião são autoridades maiores e mais confiáveis que a Sagra Escritura, que sempre se sente totalmente autorizados a opinarem sobre assuntos que não compreendem, não é mesmo?