Ele vem “Yeshua”

2014 Papa pede aos migrantes para que não percam a esperança

Papa pede aos migrantes para que não percam a esperança

No dia Mundial do Migrante e do Refugiado, celebrado ontem, 19, o papa Francisco pediu, ao final da Oração do Ângelus, para que os migrantes não percam a esperança de um mundo melhor. “Desejo que vivais em paz nos países que os acolhem, guardando os valores de vossas culturas de origem”, disse Francisco aos peregrinos presentes na Praça de São Pedro.

 

O papa também agradeceu às pessoas que trabalham com os migrantes, “acolhendo-os e acompanhando-os em seus momentos difíceis, para defende-los daqueles que o beato Scalabrini definia como ‘os mercadores de carne humana’, que querem escraviza-los”.

O papa agradeceu, em particular, à Congregação dos Missionários de São Carlos, aos padres e religiosas scalabrinianos, “que tanto bem fazem à Igreja e se ‘fazem migrantes entre os migrantes’”.

“Neste momento, pensemos em tantos migrantes e refugiados, em seus sofrimentos, em sua vida muitas vezes sem trabalho, sem documentos… em tanta dor”, disse o papa ao convidar os fiéis para rezar uma Ave Maria.

O deserto nos ajuda a compreender nossa missão

Procura-se um deserto

É preciso que se estude, um dia, o papel do deserto na vida do ser humano ou, ao menos, na vida de certas pessoas. Para uma legião de monges, ele se tornou um ideal, quase uma obsessão. Achavam impossível viver longe dele e, por isso, deixaram tudo e partiram para um mosteiro. Ali, na oração e no trabalho, não tinham em mente fugir do mundo, mas compreendê-lo melhor e colocá-lo em sua oração. Charles de Foucauld († 1916), nascido numa família aristocrática francesa, fez do deserto, no norte da África, o seu lar. Saint-Exupéry compreendeu melhor a terra dos homens depois que seu avião teve uma pane, vendo-se obrigado a passar dias e dias no deserto do Saara, completamente isolado de tudo. 

A lembrança desse silêncio o fez, um dia, escrever: “Eu sempre amei o deserto. A gente se senta numa duna de areia. Não se vê nada. Não se escuta nada. E, no entanto, no silêncio, alguma coisa irradia”. Claro que ninguém ama o deserto por ele mesmo, pois “o que o torna belo é que ele esconde um poço em algum lugar”. Quem nunca teve um avião não sabe o que é se sentir, de repente, num deserto, como Saint-Exupéry. Mas isso não nos impede de fazer essa experiência tão importante e renovadora, que foi escolhida pelo Senhor para preparar o coração de Seu povo antes da entrada na Terra Prometida: “Guiou o seu povo no deserto: pois eterno é seu amor” (Sl 136,16).

Cada pessoa tem condições de criar um deserto em torno de si mesma e, principalmente, em seu coração. Ali, na rica solidão de seu interior, saberá dar à sua vida, às pessoas que a cercam e a ela própria o devido valor. Aliás, nunca uma pessoa poderá compreender tais realidades se não se encerrar em si mesma.

O deserto é feito de silêncio. Não de um silêncio estéril, marcado apenas pela falta de barulho, mas de um silêncio que nasce dentro da própria pessoa, feito de reflexão e paz. Um silêncio feito de amor.

É necessário, de quando em vez, fazermos uma parada na vida. Parada semelhante à daqueles que, andando pelo deserto, ficam algum tempo no oásis que encontram. Saem dali refeitos, enriquecidos e animados. Também nós sairemos enriquecidos dos momentos de deserto que criarmos. Depois disso, teremos melhores condições de enfrentar a vida de cada dia, com seus problemas, desafios e solicitações. Sairemos de nossos desertos convictos de que, nesses tempos que periodicamente nos concedemos, longe de nos isolarmos num egoísmo estéril, criaremos melhores condições para estabelecer um encontro leal, profundo e sincero com nós mesmos, com os outros e com Deus.

Na vida de Cristo há vários momentos que testemunham o quanto Ele amava o deserto: “Logo em seguida, Jesus mandou que os discípulos entrassem no barco e fossem adiante dele para o outro lado do mar, enquanto ele despediria as multidões. Depois de despedi-las, subiu à montanha, a sós, para orar. Anoiteceu, e Jesus continuava lá, sozinho” (Mt 14,22-23). Sua vida não era tranquila: as multidões O procuravam a toda a hora e em todos os lugares; pediam curas, exigiam Sua presença e Sua palavra. Ele atendia a todos com uma paciência que a outros conquistava. À noite, cansado, deixava os apóstolos descansando e retirava-se para longe. Suas noites de oração eram o Seu “deserto”.

Numa época e num mundo marcados pela agitação (ou pela dispersão), é urgente seguirmos o exemplo de nosso Mestre, procurando criar espaços de deserto. Justamente, porque as atividades nos absorvem, porque todos solicitam nossa presença e nossas responsabilidades se multiplicam; por isso precisamos de “desertos” em nossa vida, o qual nos dará maior unidade, nos tornará mais amigos de nós mesmos, e fará com que cumpramos melhor nosso papel no plano que o Pai tem para nós. Tempos de deserto não são de fugas, mas multiplicadores de nossas forças, tornando-nos mais eficazes.

Só quem já fez a experiência de deserto é capaz de valorizá-lo devidamente e de lhe dedicar um tempo que a eternidade recompensará.

Dom Murilo Krieger, scj 
Arcebispo de Salvador (BA)

Oração da Campanha da Fraternidade de 2014

Oração da Campanha
da Fraternidade de 2014

 

Ó Deus, sempre ouvis o clamor do
vosso povo

e vos compadeceis dos oprimidos e
escravizados.

Fazei que experimentem a libertação da cruz

e a ressurreição de Jesus.

Nós vos pedimos pelos que
sofrem

o flagelo do tráfico humano.

Convertei-nos
pela força do vosso Espírito,

e tornai-nos sensíveis às dores destes nossos
irmãos.

Comprometidos na superação deste mal,

vivamos como vossos filhos e filhas,

na liberdade e na paz.

Por Cristo nosso Senhor.

AMÉM!