Ele vem “Yeshua”

O que é a fé?

O que é a fé?

A fé católica é coisa absolutamente diversa de uma simples
crença

 Em artigo nosso anteriormente
publicado
, falamos do equívoco que é ver a religião como fenômeno
exclusivamente
sentimental e subjetivo, sem
relevância intelectual e sem referência à realidade das coisas. Dizíamos que
tal equívoco nasce de dois outros erros: (1) um que faz a religião depender somente
da fé, como se não houvesse verdades religiosas que o homem pudesse conhecer à
luz de sua razão natural; (2) outro que consiste numa falsa visão da fé, que é
confundida com mera crença. Ora, como dissemos naquela oportunidade, esses dois
erros são eliminados quando mostramos que: (1) existem verdades religiosas
naturalmente acessíveis ao conhecimento humano; (2) a fé católica, como virtude
teologal, é coisa diferente de uma simples crença.

E vamos começar
desenvolvendo o segundo desses pontos: a fé católica é coisa absolutamente
diversa de uma simples crença
. É importante frisar isso,
porque, hoje em dia, as pessoas parecem já não mais saber o que é fé, acham que
ter fé é acreditar em qualquer coisa. Porém, como sublinhou o atual Papa Bento
XVI, quando ainda era o Cardeal Ratzinger, responsável pela Congregação da
Doutrina da Fé (órgão que assessora o Santo Padre na defesa da fé), na famosa
declaração Dominus Iesus: «Deve-se
manter firmemente a distinção entre a fé teologal e a crença nas outras religiões»
(n. 7 do documento).

Precisamos, portanto, retomar o sentido da fé. Para isso, podemos recorrer ao
significado primitivo e etimológico da palavra. Fé (do latimfides) significa a
confiança que depositamos na palavra de alguém. Este sentido ainda está bem
presente em expressões legais, como “boa-fé” ou “má-fé”. Um oficial de justiça,
por exemplo, quando atesta algum acontecimento, escreve “certifico e dou fé”;
com isso ele quer dizer que é verdade o que ele está atestando e que as pessoas
podem confiar no que ele está falando. Dos documentos lavrados em cartório
também se diz que têm “fé pública” – é mais uma aplicação do mesmo sentido.

Quando confiamos na palavra de um
homem, temos o que se chama “fé humana”. A
fé humana é um meio de conhecimento
, grande parte dos conhecimentos que
temos de história, geografia ou de ciências naturais chega a nós por meio da fé
humana. São conhecimentos que não podemos verificar por nós mesmos; todavia,
nós os aceitamos confiando na palavra dos que nos ensinaram. Por exemplo, só
sabemos que a Independência do Brasil foi proclamada em 1822 porque confiamos
nos documentos que nos relatam isso e acreditamos no magistério dos
historiadores – nenhum de nós já havia nascido àquela época e poderia verificar
tal fato por si mesmo.

Como afirmei acima, quando
aceitamos como verdade o que nos diz determinado homem, digno de confiança,
temos o que se chama fé humana. Porém, quando aceitamos como verdadeira a
Palavra revelada de Deus, temos o que se chama “fé divina”. É por isso que o
Catecismo da Igreja Católica, nos seus parágrafos 142 e 143, define a fé como
«a resposta do homem ao Deus que se revela».

Ter fé, portanto, não é
acreditar em qualquer coisa;
 ter fé é aceitar como
verdadeira a Palavra revelada de Deus, é aderir
voluntariamente às verdades que Deus comunicou à humanidade, sem as aumentar
nem as diminuir.

Isso, por si só, já mostra
o quão distante está a fé católica de uma simples crença. A fé é um
conhecimento, mas uma simples crença não é conhecimento. Uma crença pode ser
puro fruto da imaginação, da fantasia e da subjetividade do crente. No entanto,
a fé está baseada no fato histórico e objetivo da Revelação. A fé é um
conhecimento sobrenatural historicamente transmitido por Deus à humanidade.
«Deus, tendo falado outrora muitas vezes e de muitos modos a nossos pais pelos
profetas, ultimamente, nestes dias, falou-nos por meio de seu Filho» (Hb
1,1-2).

O católico, portanto, não é um crente, mas
um fiel, que guarda na inteligência e no coração o conhecimento sobrenatural transmitido aos homens por Deus. Este conhecimento
sobrenatural em que consiste a fé está depositado nas duas fontes da Revelação
divina, a Sagrada Escritura e a Tradição Apostólica, e nos é transmitido por
intermédio do magistério da Igreja. Entretanto, existe um conhecimento natural
de Deus que, de certo modo, consiste num preâmbulo da fé e do qual pretendemos
falar, com a ajuda do Altíssimo, no próximo artigo.

 

Rodrigo
R. Pedro

Palavra aos jovens sobre sexo

Palavra aos jovens sobre sexo

Castidade: sem ela não se alcança a firmeza

 Tenho recebido muitos e-mails de jovens que me perguntam como
viver a castidade no namoro
; como vencer o vício da masturbação, entre
outros.Certamente para o
jovem cristão hoje, no meio deste mundo erotizado,
viver a castidade é uma conquista heroica; pois tudo o convida a manter vida
sexual antes do casamento. 
 Os filmes pornográfico são abundantes nas locadoras, nos
canais de TV por assinatura; as músicas estão repletas de letras excitantes; os
rebolados indecorosos de moças seminuas na TV, etc., lançam pólvora no sangue
dos rapazes e das moças.

 Então, para viver na castidade hoje, como Deus manda no Sexto
Mandamento (Não pecar contra a castidade), o jovem precisa ter muito amor ao
Senhor. Só trocamos um amor por outro maior, diz o ditado. Só o amor a Jesus
Crucificado por nós poderá ser para o jovem de hoje um forte motivo para ele
ser casto e aceitar o que o Papa Bento XVI tem chamado de “martírio da
ridicularização”, diante dos que zombam de nossa fé.

 A gravidade do pecado da impureza, luxúria, é que com ele se
mancha o Corpo de Cristo. “Ora, vós sois o corpo de Cristo e cada um de sua
parte, é um dos seus membros” (I Cor 12,27).  “Não sabeis que vossos
corpos são membros de Cristo?” (I Cor 6,15). 
 “Fugi da fornicação. Qualquer outro pecado que o homem comete é
fora do corpo, mas o impuro peca contra o seu próprio corpo” (I Cor 6,18). São
Paulo ensina que devemos dar glória a Deus com o nosso corpo: “O corpo, porém
não é para a impureza, mas para o Senhor e o Senhor para o Corpo” (I Cor 6,20).

 Jovem, se você quer viver a castidade, então, antes de tudo,
precisa saber o seu valor; para isso escrevi um livro “O BRILHO DA
CASTIDADE”, mostrando toda a sua importância e beleza. Quanto mais for
difícil vivê-la, tanto mais bela e mais importante ela será. Vejo o jovem casto
hoje como aquele lírio branco que nasce no meio da podridão do lodo. Serão
esses jovens que sustentarão a civilização que hoje desliza para o abismo.
 



Para
haver a castidade nos nossos atos
 é
preciso que antes ela exista em nossos pensamentos e palavras. Jamais será casto aquele que permitir que os seus pensamentos, olhos e
ouvidos vagueiem pelo mundo do erotismo. É por não observar esta regra que a
maioria pensa ser impossível viver a castidade. Não se iluda. Não brinque com
fogo!

 “A castidade é a virtude
que nos eleva da natureza humana à natureza angélica”, afirmou o santo Padre
Pio de Pietrelcina. Victor Hugo disse que: “A mais forte de todas as forças é o
coração puro”.
 O Papa Bento XVI, no Campo de Marte, São
Paulo, em 11/05/2005, declarou aos jovens: “É preciso dizer ‘não’ àqueles meios
de comunicação social que ridicularizam a santidade do matrimônio e a
virgindade antes do casamento”.

 Jesus proclamou no Sermão da Montanha: “Bem-aventurados os de
coração puro porque verão a Deus”. “Para o homem de coração puro, tudo se
transforma em mensagem divina”, disse São João da Cruz, doutor da Igreja
espanhol. Santo Efrém, também doutor da Igreja,
ensinava que a castidade nos faz
semelhantes aos anjos
. Enfim, a castidade é uma
virtude dos fortes que se dominam. Paul Claudel disse que “a juventude não foi
feita para o prazer, mas para o desafio”.

 O Mahatma Gandhi, libertador da Índia, que não era católico,
afirmou: “A castidade não é uma cultura de estufa […]. A castidade é uma das
maiores disciplinas, sem a qual a mente não pode alcançar a firmeza necessária.
A vida sem castidade me parece vazia e animalesca. Um homem entregue aos
prazeres perde o seu vigor e vive cheio de medo. A mente daquele que segue as
paixões baixas é incapaz de qualquer grande esforço. Deus não pode ser compreendido
por quem não é puro de coração”. (
Toschi
Tomás, “Gandhi, mensagem para hoje”, Ed. Mundo três, SP, 1977, pg. 105s
).

 Uma vida lutando pela castidade dá ao jovem o autodomínio sobre as
paixões e as más inclinações do coração e o prepara, com têmpera de aço, para
ser um verdadeiro homem, e não um frangalho humano que se verga ao sabor dos
ventos das paixões, da influência da mídia e dos cantos das sereias deste
mundo. Eu entendi que a castidade é o esteio que sustenta o equilíbrio de um
homem. Os homens e mulheres casados traem seus cônjuges porque não souberam
exercitar a força de vontade na luta da castidade.
 Um
casamento forte só pode existir quando ambos aprenderam a se dominar no namoro
e no noivado.
 Mais
importante que dominar uma cidade é dominar-se a si mesmo, diz o livro dos
Provérbios.

 Por tudo isso, jovem cristão, não desanime
nem desista de lutar
; cada um de nós tem a sua cruz nesta vida; mas com a
graça de Deus é possível carregá-la até onde E
le
quer. Tenha uma vida de “vigilância e oração”, como Jesus mandou; esse é o
grande remédio para não pecar. Não se entregue a maus pensamentos eróticos nem
aos filmes, revistas e coisas do tipo; fuja disso heroicamente. Suplique sempre
a graça de Deus. Consagre-se todos os dias a Nossa Senhora e peça sua ajuda.
Participe da Missa e da comunhão sempre que puder, e se confesse sempre que
pecar, para ter forças de não cair novamente.

 Jamais dê ouvidos a quem lhe disser que “a masturbação não é
pecado”, e que o sexo no namoro também não o é; pois o Catecismo da Igreja
Católica afirma a desordem existente nessa prática. Ainda que você caia, se
continuar a lutar, se continuar a dizer “não” ao pecado no seu
coração, levante-se, confesse-se com um sacerdote e continue sua luta e sua
caminhada. Não importam quantas vezes você cai; importa que se levante. Jesus
sabe que você está numa guerra e que numa guerra, às vezes, o soldado pode cair
e ser até baleado, mas nem por isso deve desistir de lutar.

 Muitos são os psicólogos não cristãos, e também outros
“orientadores”, e a mídia de modo geral, que induzem o jovem à masturbação, ao
relacionamento sexual no namoro e fora dele, etc.
 O namoro não existe para que vocês
conheçam os seus corpos, mas sim as suas almas. Alguns querem se permitir um
grau de intimidade “seguro”, isto é, até que o “sinal vermelho seja aceso”; aí
está um grave engano. Quase sempre o sinal vermelho é ultrapassado e, muitas
vezes, acontece o que não deve. Quantas namoradas grávidas…

 Um namoro puro só será possível com a graça de Deus, com a oração, com a vigilância e,
sobretudo quando os dois
quiserem se preservar um
para o outro. Será preciso, então, evitar todas as ocasiões que possam
facilitar um relacionamento mais íntimo. O provérbio diz que “a ocasião faz o
ladrão”, e que, “quem brinca com o perigo nele perecerá”. É você quem decide o
que quer.

 

O jovem casto é hoje a esperança de Deus e da Igreja para renovar
esse mundo apodrecido pelo pecado do sexo desregrado, que profana a mais
sagrada criatura, templo do Espírito Santo. São Paulo diz que: “de Deus não se
zomba. O que o homem semeia, isto mesmo colherá” (Gl 6,7); a castidade que o
jovem semear na juventude será transformada em frutos doces na sua futura vida
familiar.

Felipe
Aquino


felipeaquino@cancaonova.com

 

Você é teimoso ou persistente?

Você é teimoso ou persistente?

É fácil identificar a diferença entre os dois

 O teimoso
é fechado às opiniões alheias, é rebelde e intransigente, faz tudo contrário ao
que lhe é pedido. Por vezes, chega a ser avesso, simplesmente pelo prazer de
contrariar. A Palavra de Deus nos apresenta 
os fariseus e escribas no tempo de Jesus como exemplo de teimosia. Já o persistente tem a mente aberta às
visões diferentes, por isso mesmo tem mais propriedade e sensibilidade para
crer em sua intuição. Ele acata ordens, age com humildade
e, quando não prevalece sua “certeza”, confia que as coisas se
resolverão no tempo de Deus, e não segundo sua urgência. A tenacidade que ele
manifesta não é sinal de obediência cega e irracional, mas fruto da esperança
evangélica, pois, ele acredita que a verdade prevalecerá.

Realmente não é fácil nos dobrarmos a um direcionamento que,
a princípio, nos parece absurdo e infundado, como aquelas ordens que recebemos
e sabemos que não tratam da verdade, mas sim da vontade, do bel-prazer de quem
detém o poder. A
teimosia leva à incoerência e ao descrédito; já a persistência gera constância
e solidez nos propósitos que trazemos no coração.
 Se você tem razão, se o que faz
é, verdadeiramente, de qualidade, não se preocupe, porque,
em algum momento, você será justificado, pois tudo provém de Deus e “Deus é
verdade”. (cf. Catecismo da Igreja Católica nº. 214)

São Francisco de Assis é um grande exemplo de persistência.
Em atenção à Palavra do Senhor, ele corrigiu os erros de muitos religiosos de
sua época, não por força de argumentos ou de acusações, mas por seus atos
coerentes, por meio de uma fidelidade inabalavél a Deus e à Igreja. Sua
convicção do que deveria ser mudado foi combustível, primeiramente, de seu
próprio carisma de vida: “viver a radicalidade da pobreza”. Assim, por meio de
seu testemunho, demonstrou que as igrejas deveriam, urgentemente, rever muitos
de seus conceitos aplicados naquele tempo. 

Entretanto, diante das dificuldades e dos julgamentos, São Francisco podeira
ter virado as costas para a Igreja Católica e fundar sua própria, como fizeram
tantas pessoas ao longo dos séculos. Porém, preferiu se manter obediente, pois,
se assim procedesse, estaria acatando o pedido do
Senhor: “Francisco, reconstrua a minha Igreja”. 

“A Igreja não precisa de reformadores, mas de
santos”,
 afirmava o saudoso
beato Papa João Paulo II. Desta forma, para
vivermos a vontade de Deus devemos ter persistência, “esperança”,
principalmente nos relacionamentos, no trabalho, na escola… Enfim, em todos
os momentos de nossa vida.

Possamos assim, mesmo diante das injustiças ou
simplesmente do não reconhecimento dos dons que trazemos, sermos fiéis àquilo
que Deus nos pede ou confia a nós.  

Acredite que a intuição
e o talento que lhe são dados pelo Senhor terão mérito um dia. Mas para isso é
preciso ser persistente, mas não teimoso!


São Francisco de Assis, rogai por nós!

 Sandro
Ap. Arquejada

blog.cancaonova.com/sandro

 

Como você tem rezado?

Como você tem rezado?

Aprenda a rezar para fazer a vontade de Deus

 

Os conteúdos da oração, como os de todo
diálogo de amor, podem ser múltiplos e variados. Cabe, no entanto, destacar alguns especialmente significativos:
 

Petição 
 É frequente a referência à oração impetratória ao longo de toda a Sagrada
Escritura; também nos lábios de Jesus, que nos convida a pedir, encarecendo o
valor e a importância de uma prece singela e confiada. A tradição cristã
reiterou esse convite, pondo-a em prática de muitas maneiras: petição de
perdão, petição pela própria salvação e pela dos demais, petição pela Igreja e
pelo apostolado, petição pelas mais variadas necessidades, etc. 

De fato, a oração de petição faz parte da experiência religiosa
universal. O reconhecimento, ainda que em ocasiões difusas da realidade de Deus
(ou mais genericamente de um ser superior), provoca a tendência a dirigir-se a
Ele, solicitando Sua proteção e Sua ajuda. Certamente, a oração não se esgota na
prece, mas a petição é manifestação decisiva da oração, assim como
reconhecimento e expressão da condição criada do ser humano e de sua
dependência absoluta de um Deus cujo amor a fé nos dá conhecer de maneira plena
(cf. Catecismo, 2629.2635). 

Ação de
graças O reconhecimento dos bens
recebidos 
e, através
deles, da magnificência e misericórdia divinas, impulsiona a dirigir o espírito
a Deus para proclamar e lhe agradecer seus benefícios. A atitude de ação de
graças, cheia desde o princípio até o fim a Sagrada Escritura e a história da
espiritualidade. Uma e outra põem de manifesto que, quando essa atitude arraiga
na alma, dá lugar a um processo que leva a reconhecer como dom divino todos os
acontecimentos, não somente aquelas realidades que a experiência imediata
acredita como gratificantes, mas também as
aparentemente negativas ou adversas. 

Consciente de que o acontecer está situado sob o desígnio amoroso
de Deus, o fiel sabe que tudo redunda no bem de quem – a cada homem – é objeto
do amor divino (cf. Rm 8,28). São José Maria Escrivá ensina que: “Habitua-te a
elevar o coração a Deus em ação de graças muitas vezes ao dia. – Porque te dá
isto e aquilo. – Porque te desprezaram. – Porque não tens o que precisas, ou
porque o tens. Porque fez tão formosa a sua Mãe, que é também tua Mãe. – Porque
criou o Sol e a Lua e este animal e aquela planta. – Porque fez aquele homem
eloqüente e a ti te fez difícil de palavra… Dá-Lhe graças por tudo, porque
tudo é bom.”


Adoração e louvor 

É parte
essencial da oração reconhecer e proclamar a grandeza de Deus, a plenitude de
seu ser, a infinitude de sua bondade e de seu amor. Ao louvor pode-se desembocar a partir da consideração da
beleza e magnitude do universo, como acontece em múltiplos textos bíblicos
(cf., por exemplo, Sal 19; Se 42, 15-25; Dn 3, 32-90) e em numerosas orações da
tradição cristã; ou a partir das obras grandes e maravilhosas que Deus opera na
história da salvação, como ocorre no Magnificat (Lc 1, 46-55) ou nos grandes
hinos paulinos (ver, por exemplo, Ef 1, 3-14); ou de fatos pequenos e inclusive
miúdos nos que se manifesta o amor de Deus. 

Em todo caso, o que caracteriza o louvor é que nele o olhar vai diretamente a
Deus mesmo, tal e como é em si, em sua perfeição ilimitada e infinita. O louvor é a forma de oração que reconhece o mais imediatamente
possível que Deus é Deus! Canta-o pelo que Ele mesmo é, dá-lhe glória, mais do
que pelo que Ele faz, por aquilo que Ele é. (Catecismo, 2639).

Está, por isso, intimamente unida à adoração, ao reconhecimento, não só
intelectual, mas existencial, da pequenez de tudo criado em comparação com o
Criador e, em consequência, à humildade, à aceitação da pessoa indignada ante
quem nos transcende até o infinito; à maravilha que causa o fato de que esse
Deus, ao que os anjos e o universo inteiro rendem homenagem, dignou-se não só a
fixar seu olhar no homem, mas habitá-lo; mais ainda, a se encarnar. 

Adoração, louvor,
petição e ação de graças resumem as disposições de fundo, que informam a
totalidade do diálogo entre o homem e Deus. Seja qual for o conteúdo concreto
da oração, quem reza o faz sempre, de uma forma ou de outra, explícita ou
implicitamente, adorando, louvando, suplicando, implorando ou dando graças a
esse Deus ao qual reverencia, ao qual ama e no qual confia. Importa reiterar,
ao mesmo tempo, que os conteúdos concretos da oração poderão ser muito
variados.
 

Em ocasiões se irá à oração para considerar passagens da Escritura, para
aprofundar em alguma verdade cristã, para reviver a vida de Cristo, para sentir
a proximidade de Santa Maria. Em outras, iniciará a partir da própria vida para
participar a Deus das alegrias e os afãs, das ilusões e dos problemas que o
existir comporta; ou para encontrar apoio e consolo; ou para examinar ante Deus
o próprio comportamento e chegar a propósitos e decisões; ou, mais
singelamente, para comentar com quem sabemos que nos ama as incidências da
jornada. 

Encontro entre o que crê e Deus em quem
se apoia
 e pelo que se sabe
amado, a oração pode versar sobre a totalidade das incidências que conformam o
existir e sobre a totalidade dos sentimentos que pode experimentar o coração.
Escreveste-me: “Orar é falar com Deus. Mas de quê?” – De quê? D’Ele e de ti:
alegrias, tristezas, êxitos e fracassos, ambições nobres, preocupações diárias,
fraquezas; e ações de graças e pedidos; e amor e desagravo. Em duas palavras:
conhecê-Lo e conhecer-te – ganhar intimidade!”, ensinou São José Maria Escrivá. 

Seguindo uma e outra via, a oração será sempre um encontro íntimo e filial
entre o homem e Deus, que fomentará o sentido da proximidade divina e conduzirá
a viver a cada dia da existência de cara a Deus. 

 José Luis Illanes 

http://www.opusdei.org.br

 

Livres para quê?

 

Livres para quê?

A crise de liberdade do homem

 

Embora a
modernidade tenha aberto muitas possibilidades ao homem, poucos se comprometem,
verdadeiramente, com um ideal que valha a pena. O homem moderno parece ter-se libertado de muitos obstáculosque
entravavam a sua liberdade de fora, mas não consegue libertar-se das suas
limitações internas.

Livres para quê?

Grande
parte da atual confusão acerca da liberdade se deve ao fato de pensarmos que
ela consiste na ausência de restrições externas, esquecendo-nos de que são mais
importantes as limitações internas, procuradas ou aceitas, que impedem o
desenvolvimento da nossa verdadeira personalidade. Trata-se essencialmente de
possuir e de saber exercer um potencial interior que inclui – em íntima relação
– o domínio de si, a posse de si e a realização pessoal.
“Tornas livre um homem – dizia James Farmer, destacado líder da campanha
em favor dos direitos civis do negro americano –, mas ele ainda não é livre.
Falta ainda que se liberte a si mesmo”. E Nietzsche escreveu: “Julgas
que és livre? Fala-me da raiz dos teus pensamentos, não de como te livraste do
jugo. Achas que foste capaz de livrar-te dele? Muitos abandonaram todos os seus
valores ao rechaçarem as suas servidões. Livre de quê? Que
importa isso a Zarathustra? Olha-me nos olhos e responde-me: livre para
quê?…”

O homem moderno quer ser livre, mas o seu problema consiste em não saber para quê deve ser
livre.
 Como resultado, há o
perigo de perder ou abandonar a sua liberdade, nem que seja pela simples razão
de que é, cada vez menos, capaz de propor-se uma meta que valha a pena, para a
qual possa orientar essa mesma liberdade.

Em última
análise, de pouco serve a liberdade
a um homem
 que careça
de valores ou de ideais e, menos ainda, a quem tenha medo de comprometer-se.
Ora, não há dúvida de que o homem moderno está inseguro dos seus ideais e nada
disposto a comprometer-se com eles.


De pouco serve a liberdade àquele que carece de valores ou ideais, porque, não
tendo, na sua vida, metas que valham a pena, as suas opções têm pouco ou nenhum
valor real. Fundamentalmente, o seu problema é que não é capaz de respeitar as
coisas que escolhe, porque escolheu coisas sem valor. Mesmo na hipótese de que
haja mais liberdade no mundo de hoje, de que ela serve a um mundo que perdeu
grande parte dos seus critérios de valor? É muito triste orgulhar-se de se ter,
finalmente, aberto
todos os caminhos
, de se ter varrido todas as restrições que o
entulhavam e, ao mesmo tempo, ter a crescente convicção de que são caminhos que
não levam a parte alguma.

 De que
serve ter aberto todos os caminhos se, no fundo, há o medo de escolher um
dentre eles ou, até mesmo, de fazer um pouco mais do que tímidas tentativas se,
quando muito, ensaiam-se uns passos por determinado caminho, mas logo se está
inclinado a desandá-lo por tédio ou por cansaço, para depois experimentar outro
caminho (outro trabalho, outro homem, outra mulher…) e outro e outro?

 

O homem
de hoje contempla com tanto receio à possibilidade de se comprometer que está
em perigo de paralisar, voluntariamente, o seu poder de escolha, a sua própria liberdade. Escolher é
comprometer-se. Toda escolha é um compromisso. Por isso, aqueles que têm medo
de escolher ou se limitam às tentativas que abandonam rapidamente, contradizem
e anulam a sua própria liberdade.

 O
homem moderno, como o homem de todas as épocas, está na encruzilhada de vários
caminhos, mas enquanto tiver medo de se comprometer, ficará estancado na
encruzilhada.

Cormac Burke 

http://www.quadrante.com.br/