Bebê anencéfala completa 58 dias de vida

Quinta-feira, 18 de janeiro de 2007, 10h25

Bebê anencéfala completa 58 dias de vida



Marcela de Jesus Galante Ferreira, de Patrocínio Paulista, completou ontem 58 dias de vida. A bebê anencéfala – nasceu sem parte do cérebro – segue com o quadro de saúde estável, desde que teve a última parada cardíaca no dia 22 de dezembro. Marcela respira com a ajuda de um capacete de oxigênio, passa períodos de até 10 minutos no colo da mãe, Cacilda Galante, e é alimentada com leite por sonda.


O tempo de sobrevivência de Marcela não é recorde entre bebês com anencefalia no Brasil, segundo a Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). O último caso de vida prolongada de anencéfalo ocorreu no interior de Goiás, há cinco anos, onde o bebê viveu três meses. Bebês com anencefalia geralmente sobrevivem poucas horas após o nascimento. Cacilda Galante Ferreira, agricultora de 35 ano de idade, está sendo “treinada” pela equipe médica da Santa Casa de Patrocínio Paulista, onde sua filha está internada, para poder cuidar sozinha da menina em casa na possibilidade dela ter alta.


A saída de Marcela do hospital voltou a ser cogitada pela pediatra Marcia Beani Barcellos, já que a bebê mantém quadro clínico estável há 20 dias. Testemunho da Mãe Cacilda escreveu uma carta falando de sua experiência com Marcela, quando a bebê tinha apenas 11 dias de nascida (nasceu em 20/11/2006). A carta foi lida em todas as paróquias da Diocese de Franca (SP), por ordem do bispo Dom Diógenes.


Segundo Padre Luiz Carlos Lodi da Cruz, que acompanha o caso de perto, “sem saber, a pequena Marcela já está salvando vidas. Em Anápolis, no dia 12 de janeiro, uma gestante de um bebê anencéfalo de 5 meses, pressionada por médicos a fazer aborto, emocionou-se ao assistir ao vídeo de Marcela. A gestante também leu a carta de Cacilda.


Para assistir o Vídeo, acesse:
http://www.providaanapolis.org.br/marcelasom.mpg


Carta de Cacilda sobre sua filha Marcela, Anencéfala


“Patrocínio Paulista, 30 de Novembro de 2006. Hoje, minha filha está com 11 dias de vida, embora eu considero que ela começou a viver quando foi concebida dentro de mim. Vida esta que é abençoada por Deus. Sabe, meu Deus, ela é muito linda, sorri, mexe muito até aprendeu a dar gritinhos, enfim ela é perfeita, às vezes dá um susto na gente, mas logo passa, e volta a sorrir novamente.


Ela é uma princesinha, uma rosa que veio enfeitar a minha vida, uma jóia de muito valor que o Senhor me confiou para eu cuidar até que venha buscar. Sabe, meu Deus, sei que vou sofrer, mas tenho a certeza que o Senhor vai me consolar, pois amo muito a minha filha, desde quando ela estava em meu útero. Quando ela estava em meu útero, os médicos não davam esperança nenhuma, pois acreditavam que ela não sobreviveria, mas ela está aqui até quando o Senhor quiser.


Todas as vezes que eu vinha ao médico, saía triste, mas logo ficava feliz novamente por sentir o bebê mexendo e chutando a minha barriga, não sabia o sexo, mas já a amava mesmo assim. Ao mesmo tempo, parecia que ela estava me conformando, conversando comigo através dos chutes que ela me dava. Como se estivesse me agradecendo por não ter tirado a vida dela.
Cacilda Galante”