Eis o Coração que tem amado tanto aos homens




“Eis o Coração que tem amado tanto aos homens”




Desde a antiguidade, muitos povos consideraram o coração como o símbolo máximo dos sentimentos de amor, bondade, pureza, afetividade e principalmente de misericórdia.



Com Cristo não é diferente, Ele é o exemplo completo e incomparável. No seu Sagrado Coração, encontramos a mais perfeita e inesgotável fonte de amor, do Amor Infinito que se doou inteiramente por todos e cada um de nós!



No próprio Evangelho de São João, encontramos uma referência ao Coração de Cristo como símbolo do seu amor, quando está dito “Do seu seio jorrarão rios de água viva” (Jo 7,37).



Durante a Idade Média, muitos santos, como São Boaventura, Santa Matilde e Santa Margarida, difundiram a idéia de que, além de ser o modelo do nosso amor, deveria inspirar a nossa gratidão, levando-nos a entregar-lhe também o nosso coração.



No transcorrer da Era Moderna, a devoção se expandiu de forma extraordinária. No século XVII, São João Eudes deu início, em 1672, ao primeiro culto público do Sagrado Coração.



As revelações recebidas por Santa Margarida Maria Alacoque, no ano de 1673, podem ser consideradas um importante marco na expansão da devoção ao Sagrado Coração, dando início a uma verdadeira corrida apostólica com a divulgação de livros, imagens, medalhas e principalmente com a fundação de inúmeras congregações e instituições criadas especialmente para honrar o Sagrado Coração.



Entretanto, nem tudo foi tão fácil quanto parece. Desde seu início, paralelamente à aceitação popular, houve uma oposição ferrenha a esta devoção. Na Espanha, foram proibidos os livros que difundissem a devoção ao Sagrado Coração; na Áustria, o imperador ordenou que todas as imagens fossem retiradas das igrejas e capelas, e, por fim, toda a Europa rejeitou oficialmente o Coração de Jesus. Infelizmente não se davam conta de que a devoção ao Divino Coração, era o único meio de se evitar os males que pouco depois atingiriam toda a Europa com os horrores da Revolução Francesa e das Guerras Napoleônicas.



Mas, o Coração de Cristo abarca, em sua misericórdia, todos os seres humanos, de maneira que jamais abandonaria seus filhos. Em 1856 o Papa Pio IX, num esforço para reavivar esta devoção, estendeu sua festa a toda a Igreja. E, finalmente em 1899, Leão XIII consagrou o mundo todo ao Sagrado Coração de Jesus.



Deste momento até os dias de hoje, a devoção cresceu e expandiu-se cada vez mais, atraindo uma grande quantidade de fiéis ávidos por encontrarem em Jesus e em seu Sagrado Coração o refúgio seguro nos momentos difíceis.



Como disse o Papa Bento XVI em outra ocasião, “todos nós precisamos de uma fonte de verdade e de bondade, da qual beber nas diversas situações do dia-a-dia” e é somente no Sagrado Coração de Jesus – a verdadeira fonte da Misericórdia – que encontraremos tudo o que precisamos para nossas vidas!



Portanto, ofereçamos sem reservas nosso coração e todo o nosso ser a Cristo, e de forma muito especial ao seu Sagrado Coração, assim como Ele fez com cada um de nós!


http://www.fatima.org.br/biblioteca/artigos/sagradocoracao/sagradocoracao.asp

Jesus nos pede a fidelidade nas pequenas coisas, afirma Papa


“Jesus nos pede a fidelidade nas pequenas coisas”, afirma Papa


 



Bento XVI saúda os milhares de fiéis – a maioria da Alemanha – reunidos na Praça de São Pedro, no Vaticano, para a ROMA 2010 CIM


Bento XVI retomou nesta quarta-feira, 4, a tradicional Catequese, suspensa desde que iniciou seu período de descanso no Palácio Apostólico de Castel Gandolfo, localidade próxima de Roma, no dia 7 de julho.

O Pontífice encontrou-se com cerca de 50 mil coroinhas – entre crianças, adolescentes e jovens-, provenientes de 17 países europeus, que participam da
10ª peregrinação europeia promovida pelo Coetus internationalis ministrantium (CIM), cujo tema deste ano é “Beber da verdadeira fonte”.



Aludindo ao exemplo de São Tarcísio, patrono dos coroinhas e que morreu martirizado, o Santo Padre afirmou:

“A nós, provavelmente, não é pedido o martírio, mas Jesus nos pede a fidelidade nas pequenas coisas, o recolhimento interior, a participação interior, a nossa fé e o esforço de manter presente este tesouro na vida de todos os dias. Pede-nos a fidelidade nas tarefas diárias, o testemunho do Seu amor, frequentando a Igreja movidos por uma convicção interior e pela alegria da Sua presença”.

Como a maior parte do público presente na Praça de São Pedro era da Alemanha, o Papa proferiu a Catequese em sua língua materna. Bento XVI expressou sua alegria pelo encontro, que lhe fez recordar o tempo em que ele mesmo era coroinha.

“Sois numerosos! Já sobrevoei a Praça de São Pedro com o helicóptero e vi todas as cores e a alegria que está presente nesta Praça! Então, vós não somente criais um ambientes de festa na Praça, mas tornais ainda mais alegre o meu coração! Obrigado!”, disse.


Eucaristia

Ao narrar as informações conhecidas acerca da vida de São Tarcísio, que viveu no terceiro século da era cristã e possuía um grande amor a Jesus Eucarístico, o Papa explicou que o testemunho desse jovem santo ensina o profundo amor e grande veneração que se deve ter pela Eucaristia:

“Que todos possam olhar para este jovem corajoso e forte e renovar o compromisso de amizade com o Senhor mesmo, para aprender a viver sempre com Ele, seguindo o caminho que nos indica com a Sua Palavra e o testemunho de tantos santos e mártires, dos quais, por meio do Batismo, nos tornamos irmãos e irmãs”.

Por fim, Bento XVI dirigiu-se aos coroinhas do mundo todo, pedindo que eles desempenhem com amor, devoção e fidelidade os seus compromissos, preparando-se interiormente para a participação na Santa Missa.

“Servi com generosidade a Jesus presente na Eucaristia. É uma tarefa importante, que vos permitis estar particularmente próximos ao Senhor e crescer em uma amizade verdadeira e profunda com Ele. […] Vós emprestais a Jesus as vossas mãos, os vossos pensamentos, o vosso tempo. Ele não deixará de recompensá-los, dando-vos a verdadeira alegria e fazendo-vos sentir onde está a felicidade mais plena. São Tarcísio mostrou-nos que o amor pode levar-nos até mesmo o dom da vida por um bem autêntico, pelo verdadeiro bem, pelo Senhor”.


Estátua

O Santo Padre também abençoou uma estátua de São Tarcísio, construída e apresentada na Suíça, em 2008,  e que peregrinou por Luxemburgo e Hungria até chegar à Praça de São Pedro.

“A estátua será colocada junto às Catacumbas de São Calisto, onde São Tarcísio foi sepultado. O desejo que dirijo a todos é de que aquele lugar, ou seja, as catacumbas de São Calisto e esta estátua, possam se tornar um ponto de referência para os coroinhas e para aqueles que desejam seguir Jesus mais de perto através da vida sacerdotal, religiosa e missionária”, disse Bento XVI.

O primeiro encontro do Papa teve a presença de mais de 85 mil pessoas, de acordo com o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, padre Federico Lombardi.

O Pontífice deve permanecer em Castel Gandolfo até o final de agosto, de onde profere a oração mariana do Angelus, aos domingos, deslocando-se até o Vaticano apenas para as catequeses das quartas-feiras.


Leonardo Meira

Padre, o canal da misericórdia de Deus

Padre, o canal da misericórdia de Deus


Dia do Sacerdote, rezemos por eles


4 de agosto, dia em que a Igreja celebra São João Maria Vianney, celebramos também o Dia do Padre. O Padre – como está escrito em Hb 5: “Um homem tirado por Deus do meio do povo e colocado a serviço desse mesmo povo nas coisas de Deus!” – é em tudo e em primeiro lugar um homem de Deus, alguém que foi escolhido por Ele para ser o sinal visível da Sua presença no meio do mundo.




Na divulgação da misericórdia o padre tem um papel fundamental, inclusive porque ele é o primeiro ministro da misericórdia de Deus já que administra o sacramento da misericórdia, que é a confissão. No segundo dia da Novena da Misericórdia ditada por Jesus a Santa Faustina, Ele mesmo declarou: “Hoje, traze-me as almas dos sacerdotes […] e mergulha-as na minha insondável misericórdia. Elas me deram força para suportar a amarga paixão. Por elas, como por canais, corre sobre a Humanidade a minha insondável misericórdia!” (Diário 1212).



O sacerdote é aquele que é um canal pelo qual corre, sobre a humanidade, a misericórdia de Deus.


De fato, o padre é aquele que, melhor que ninguém, é utilizado por Jesus Misericordioso para distribuir ao povo de Deus o Sangue e Água que jorraram do Seu Coração, que são os sacramentos da Igreja. Cristo deseja que os sacerdotes anunciem Sua misericórdia: “Desejo que os sacerdoetes anunciem essa Minha grande Misericórdia para com as almas pecadoras”.



Assim sendo, neste Dia do Padre, reze por nós sacerdotes para que possamos ser estes distribuidores da Misericórdia de Deus para o mundo e para que vivamos com fidelidade nosso chamado.




Padre Antônio Aguiar

O papel da Virgem Maria na Igreja



O papel da Virgem Maria na Igreja


A Igreja experimenta continuamente a eficácia da ação de Mãe


São Bernardo, doutor da Igreja, disse que “Deus quis que recebêssemos tudo por Maria”. De fato, por ela nos veio o Salvador e tudo o mais. Sem dúvida, o papel preponderante da Santíssima Virgem na vida da Igreja é o de Mãe.



A Igreja, como o Cristo, nasce no seu regaço:“Todos unidos pelo mesmo sentimento, entregavam-se assiduamente à oração, em companhia de algumas mulheres, entre as quais Maria, a Mãe de Jesus e de Seus irmãos” (At 1,14).



Neste quadro de Pentecostes São Lucas destaca a pessoa de Nossa Senhora, a única que é recordada com o próprio nome, além dos apóstolos. Ela promove, na Igreja nascente, a perseverança na oração e a concórdia no amor. É o papel de mulher e de Mãe. São Lucas também faz questão de apresentá-la explicitamente como “a mãe de Jesus” (cf. At 1,14), de forma a dizer que algo da presença do Filho, que subiu ao céu, permanece na presença da Mãe. Ela, que cuidou de Jesus, passa agora a cuidar da Igreja, o Corpo Místico do Seu Filho. Desde o começo a Virgem Maria exerce o seu papel de “Mãe da Igreja”.



Com essas palavras pronunciadas na Cruz: “Mulher, eis aí o teu filho” (Jo 19, 26), Cristo lhe dá a função de Mãe universal dos crentes. Entregando-a ao discípulo amado como Mãe, Nosso Senhor Jesus Cristo quis também indicar-nos o exemplo de vida cristã a ser imitado. Se Cristo no-la deu aos pés da Cruz, é porque precisamos dela para a nossa salvação. Não foi à toa que o Resssuscitado nos deu a Sua Mãe…



Esta missão materna e universal da Santíssima Virgem Maria aparece na sua preocupação para com todos os cristãos, de todos os tempos. Sem cessar ela socorre a Igreja e os seus filhos. Os cristãos a invocam como “Auxiliadora”, reconhecendo-lhe o amor materno que socorre os seus filhos, sobretudo quando está em jogo a salvação eterna. A convicção de que Nossa Senhora está próxima dos que sofrem ou se encontram em perigo levou os fiéis a invocá-la como “Socorro”. Nossa Senhora do Perpétuo Socorro!



A mesma confiante certeza é expressa pela mais antiga oração mariana, do século II, na época das perseguições romanas, com as palavras: “Sob a vossa proteção recorremos a vós, Santa Mãe de Deus: não desprezeis as súplicas de nós que estamos na prova, e livrai-nos sempre de todos os perigos, ó Virgem gloriosa e bendita!” (Do Breviário Romano).



Na sua peregrinação terrena, a Igreja experimenta continuamente a eficácia da ação da “Mãe na ordem da graça”. Ela tem um lugar especial no coração de cada filho. Não é um sentimento superficial, mas afetivo, real, consciente, vivo, arraigado e que impele os cristãos de ontem e de hoje a recorrerem sempre a ela, para entrarem em comunhão mais íntima com Cristo.



Nossa Senhora une não só os cristãos atuantes, mas também o povo simples e até os que estão afastados. Para esses, muitas vezes, a Virgem Maria é o único vínculo com a vida da Igreja. Ela nos educa a viver na fé em todas as situações da vida, com audácia e perseverança constante. A sua maternal presença na Igreja ensina os cristãos a se colocarem na escuta da Palavra do Senhor. O exemplo da Virgem Maria faz com que a Igreja aprenda o valor do silêncio. O silêncio de Maria é, sobretudo, sabedoria e acolhimento da Palavra.



A Igreja aprende a imitá-la no seu caminho cotidiano. E assim, unida com a Mãe, conforma-se cada vez mais com seu Esposo.


Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com

40 dias de reflexão

40 dias de reflexão


Vivemos no mundo, mas sem seguir suas orientações

Em um mundo dessacralizado, distante da prática religiosa, percebe-se a influência dos tempos litúrgicos. Embora deformados, o Natal, a Páscoa e outras festividades têm ressonância no ambiente humano. Ainda que seja débil sua repercussão na consciência dos indivíduos, devem ser utilizadas em favor dos objetivos de evangelização, que é levar aos homens a Mensagem de Cristo.


As semanas que antecedem as comemorações da Morte e Ressurreição do Salvador, denominadas “tempo quaresmal”, nos proporcionam ricos ensinamentos, farta e bela semeadura, capaz de, uma vez aproveitada, produzir abundantes frutos espirituais.


Recordam outra “quaresma”, os quarenta dias de Jesus no deserto, preparando-se para sua missão salvífica. Ensina-nos o evangelista Marcos (1, 12-13): “E logo o Espírito o impeliu para o deserto. E ele esteve no deserto quarenta dias, sendo tentado por Satanás e vivia entre as feras e os anjos o serviam”. E Lucas (4, 1-13) completa a descrição mostrando a vitória de Jesus sobre as tentações. Esse fato é revivido pela Igreja a cada ano e isso ocorre, entre outros motivos, pela sua própria natureza. Diz o Vaticano II em “Lumen Gentium” nº8: “A Igreja, reunindo em seu próprio seio os pecadores, ao mesmo tempo santa e sempre na necessidade de purificar-se, busca sem cessar a penitência e a renovação”. Queremos uma Igreja sem mancha nem rugas, embora composta de homens. Isso somente será possível através de uma verdadeira conversão. Exatamente é este o alvo do tempo litúrgico da quaresma.


São seis semanas de preparação para a Páscoa. Ela une profundamente cristãos e judeus. A mesma Sagrada Escritura serve de elemento constitutivo para uns e outros. A diferença é que nós celebramos o que já aconteceu – a vinda do Messias esperado – e vivemos na esperança da vida definitiva no paraíso; os israelitas, na expectativa do Salvador prometido ou o Reino de Deus.


Uma eficaz e condigna celebração da Páscoa se obtém, sobretudo, pela lembrança das exigências do Batismo, a frequência em ouvir a Palavra de Deus, a oração, o jejum e a esmola. A penitência é uma característica desta época. Lamentavelmente, hoje em dia, os cristãos, arrefecidos em sua Fé, esquecem-se desses compromissos.


O Concílio Ecumênico, na Constituição “Sacrosanctum Concilium”, adverte: “A penitência no tempo quaresmal não seja somente interna e individual, mas também externa e social” (nº110). São recomendados também “os exercícios espirituais, as liturgias penitenciais, as peregrinações em sinal de penitência, as privações voluntárias, como o jejum e a esmola, a partilha fraterna (obras caritativas e missionárias)” (Catecismo da Igreja Católica, nº1438).


Esse quadro nos indica o caminho da perfeição, que passa pela Cruz. E lembra o dever da santidade, que, para ser cumprido, exige o esforço. Em consequência, a ascese e a mortificação, fazem parte do plano de Deus a respeito de seus filhos.


O quinto mandamento da Igreja prescreve o jejum e a abstinência. Eles são um meio de dominar os instintos e adquirir a liberdade de coração. Estão presentes também no Código de Direito Canônico (cc 1249 a 1253). O primeiro começa: “Todos os fiéis, cada qual a seu modo, estão obrigados pela lei divina a fazer penitência”. E no seguinte: “Os dias e tempos penitenciais em toda a Igreja são todas as sextas-feiras do ano e o tempo da Quaresma”. No Brasil, a abstinência das sextas-feiras – exceto na Semana Santa – pode ser comutada por “outras formas de penitência, principalmente obras de caridade e exercícios de piedade”.


Este período do ano litúrgico coloca diante de nossos olhos, como imperativo da vida cristã, a conversão – através da penitência. Ora, nós respiramos uma atmosfera visceralmente contrária. Tudo em torno de nós sugere o prazer sem limites, isento de compromisso, um comportamento à margem das exigências oriundas das determinações do Evangelho. Essa maneira de ser penetrou os umbrais sagrados. Assim, pouco se fala do pecado, dos deveres que são substituídos por direitos sem barreiras, de um Cristo despojado de seus ensinamentos, que constrangem a sede ilimitada de liberdade sem peias.


Esta época litúrgica tem muita semelhança com o apelo dos profetas à conversão, e esta, a partir do coração. Tanto é assim que usamos os textos do Antigo Testamento na escuta da Palavra de Deus, dirigida a cada um dos fiéis em nossos dias.


O apelo de Pedro deve repercutir em nossos ouvidos: “Salvai-vos, dizia ele, dessa geração perversa” (Atos 2,40). Vivemos no mundo, mas sem seguir suas orientações. O cristão será sempre alguém que “rema contra a corrente”. Quando encontramos um pregador ou um agente pastoral que teme ensinar a mesma Doutrina de Jesus Cristo ou prefere amenizá-la para não afastar os fiéis, sabemos que não são verdadeiros pastores.


A Quaresma é um tempo propício à reflexão cristã, a uma conversão do coração, a uma prática de penitência, tão distanciada de uma mentalidade moderna à margem do Evangelho, mas que penetrou até nas fileiras dos seguidores de Cristo.


Vivendo os ensinamentos da Igreja neste tempo litúrgico, nos dispomos a receber as graças da Páscoa da Ressurreição.


Dom Eugênio Sales
Arcebispo Emérito do Rio de Janeiro