Células tronco embrionárias

Histórico das células tronco embrionárias


Arquivado em: Bioética — Prof. Felipe Aquino at 10:33 pm on Quarta-feira, Março 5, 2008


Estará no Programa Escola da Fé de amanhã – 06 março – na tv Canção Nova, Dra. Alice Ferreira, Profa. Dra. da Universidade Federal de São Paulo, UNIFESP, formada em Medicina, pela Escola Paulista de Medicina, em 1967; Doutora em Biologia Molecular pela Escola Paulista de Medicina em 1971. Pós-Doutorado na “Research Division of Cleveland Clinic Foundation,  Cleveland, Ohio, Estados Unidos em 1972”. Livre Docente em Biofísica, pela Universidade Federal de São Paulo -EPM em1996.


Veja adiante a matéria de sua autoria.


HISTÓRICO DA PESQUISA COM CÉLULAS EMBRIONÁRIAS HUMANAS 


Por: Dra. Alice Teixeira Ferreira* 


James Thomson relata que, frente aos resultados que obteve com células embrionárias (CE) de macaco, procurou reproduzi-los com CE humanas, que obteve de embriões humanos de clínicas de reprodução assistida. 


 Como havia necessidade de matar embriões humanos para obter estas células e isto causaria má impressão no meio acadêmico e no público em geral, ele consultou um bioeticista. Queria saber o que fazer para conseguir publicar seu trabalho. O “bioeticista” utilitarista sugeriu que Thomson desse uma utilidade a tal experimento. Thomson propôs um objetivo “humanitário”: curar dibetes, doença de Parkinson e Alzheimer. Tratava-se de salvar vidas com o transplante das CE humanas. Fato que não ocorreu até hoje, pois as CE humanas transplantadas são rejeitadas por incompatibilidade imunológica ou dão tumores, os teratomas. 


Quando começaram a sair os bons resultados com o auto-transplante de células tronco adultas(CTAs) obtidas da medula óssea(MO) do próprio paciente, como foi o caso dos 14 pacientes enfartados, tirados da fila de transplante, tratados com CTAs extraídas de suas MO pelo Dr. Radovan Borojevic e Dr. Hans Doham, dos quais estão vivos 13 até hoje, começou-se a dizer que as CE eram melhores porque eram pluripotentes. As CEs poderiam se transformar em qualquer tecido, mas de acordo com McGuckin tal fato não foi demonstrado até hoje por problema metodológico: não existe uma tecnologia que permita distinguir todos os tipos de células do organismo humano. 


 No entanto, a possibilidade de curar doenças degenerativas com CE humanas foi aceita com entusiasmo, pois “parece que se gosta de estórias da carochinha”, de acordo com Dr. Weiss. Desta maneira se propagou entre médicos, alguns pesquisadores e entre não cientistas: os jornalistas e os políticos, a ideologia da cura com CE humanas. 


 As conseqüências da fé em tão falso paradigma foram: 


1) Thomson e sua Universidade de Wiscosin (UW) conseguiram a patente da cultura das CEs humanas. Quando foi aprovada a verba de 3 bilhões de dólares na Califórnia para se pesquisar as CEs humanas a UW exigiu que lhe fosse dado 25% deste valor. 


2) Algumas firmas de biotecnologia resolveram apostar nas CEs humanas. Por exemplo a “Geron Corpoaration” que vendeu milhares de ações à comunidade judia de Nova York. Atualmente a “StemGen” e a “Advanced Cell Technology” estão tentando sobreviver, clonando animais e mesmo seres humanos. 


3) Como se trata de eliminar embriões humanos as fundações  abortistas como Rockfeller, Ford, McArthur vem financiando estes projetos de  pesquisa que envolve a morte de embriões. Investe nas revistas  Nature, Science e New England Journal of Medicine (NEJM), que continuamente publicam noticias e artigos falsos da “Advanced Cell Technology” e outras. Por exemplo, o caso escandaloso do coreano Hwang onde a NEJM não se retratou até hoje dos elogios que fez a estes trabalhos falsos. 


4) A mídia anuncia os sucessos das pesquisas com CTAs referindo  como CTs simplesmente, querendo que seja assumido que são CEs. Interessante que tem um deputado  candidato a reeleição que afirma categoricamente a favor das pesquisas com CTs. Afinal também somos, mas não com as CEs humanas! 


A mídia brasileira atualmente está muda relativo aos resultados com CTAs. Não divulgou que Jaenish conseguiu curar anemia falciforme em camundongos, com células iPSC, das quais retirou o oncogene c-Myc. Não deu noticia da visita de Dr. Paul Sanberg, autoridade mundial em CTAs. Tem 25 patentes de tratamento de doença de Parkinson e Alzheimer com auto-transplante de CTAs de MO e com CTAs de sangue de cordão umbilical. 


A falácia das CEs humanas terminou com os resultados do Dr. Shynia Yamanaka que conseguiu transformar células adultas da pele humana em células com características embrionárias, as iPSC. Os pesquisadores que estavam envolvidos com CEs humanas já mudaram para CTAs e iPSC. É o caso do próprio Thomson, de Wilmut e Jaenisch. 


5) Com as pesquisas com CEs humanas, que para serem obtidas é necessário matar embriões humanos,  foi retirado o status moral do embrião humano. Com isto a Igreja se viu na obrigação de defender esta pessoa humana no seu estado desenvolvimento em que se encontra mais vulnerável, mais indefesa. Esta posição firme levou os defensores de tais pesquisas com CEs humanas a questionarem fatos como o inicio da vida humana, com propostas absurdas e inverdades. Em resumo, desumanizaram o embrião humano. Passaram a atacar a Igreja com argumentos já usados pelos abortistas. Atacam a religião de um modo geral, pois agora não é só a Igreja que defende a dignidade do embrião humano, mas a religião e afirmam que existe um confronto entre ciência versus religião. O que não é verdade, mas é uma tentativa de desqualificar a defesa do embrião humano por qualquer credo.Usam de chavões, todos importados dos EUA, onde todo embate se iniciou: 


1) Queremos salvar vidas. 


2) Só com CEs humanas poderemos ter cura de doenças incuráveis. 


3) Vamos ter de pagar royalties(quem não entende do assunto até acredita). 


4) O SUS vai ter de pagar tratamento no exterior. 


5) A Igreja é retrógrada, quer atrasar o desenvolvimento científico. 


 Tenho dito, 


 ROMA  20 de fevereiro de 2008


 

2008 Ato em Defesa da Vida em São Paulo


Ato em Defesa da Vida em São Paulo





Prof. Felipe Aquino at 1:31 pm on Terça-feira, Fevereiro 26, 2008


 29 de março de 2008*
Praça da Sé (SP)


 
Em defesa da vida, milhares de pessoas estarão reunidas, no dia 29 de março de 2008,  sábado, às 10 horas, na Praça da Sé,  cidade de São Paulo, pelo segundo ano consecutivo, em um grande ato de cidadania, suprapartidário, supra religioso, para reafirmar que a população brasileira, em sua esmagadora maioria, é contra a legalização do aborto no país. Continua tramitando no Congresso o projeto de lei 1135/91 que legaliza o aborto até o nono mês da gravidez.


O Ato Público em Defesa da Vida é organizado pelo Comitê Estadual do Movimento Nacional em Defesa da Vida – Brasil sem Aborto, e contará com o apoio e participação de diversas entidades representativas da sociedade civil e lideranças religiosas.

2008 Jornada da juventude


‘Jornada da Juventude do Brasil com o Papa’  
 
 


A cidade de Aparecida, no interior de São Paulo, mais uma vez foi escolhida pelo Papa Bento XVI para sediar um evento de grande importância para os cristãos, principalmente para os jovens universitários: a “Jornada da Juventude do Brasil com o Papa”, cujo tema será: “Europa e Américas juntas pela construção da Civilização do Amor”.


O evento será realizado no dia 1º de março na Sala Paulo VI, no Vaticano, e terá a participação – por meio de videoconferência – das cidades de Avinhão (França), Edimburgo (Reino Unido), Minsk (Bielorussia), Bucarest (România), Toledo (Espanha), Nápoles (Itália), Nova Iorque (Estados Unidos), Havana (Ilha de Cuba), Cidade do México (México), Loja (Equador) e APARECIDA (BRASIL).


A juventude de Aparecida e de todo o Brasil estará reunida no Santuário Nossa Senhora Aparecida, participando deste encontro com o Papa Bento XVI, via satélite. Segundo Dom Raymundo Damasceno Assis, Arcebispo de Aparecida, essa jornada com os jovens universitários é comum na Europa e agora decidiram estendê-la para as Américas. “É necessário que a Igreja fale com os jovens porque o mundo precisa de jovens bem orientados – não só profissional, mas também espiritualmente”.


A jornada será realizada das 13h às 15h (horário brasileiro). “Será uma celebração presidida pelo Papa Bento XVI e acompanhada por um telão no Santuário Nacional. Mas durante a manhã, nós também vamos ter uma programação especial para esses jovens universitários” informa o arcebispo.


Segundo a comissão de organização no Brasil, a programação começa às 10h na Tribuna do Papa, no pátio João Paulo II, no Santuário Nacional, com a apresentação de bandas católicas. Na seqüência, o professor e ex-secretário de Educação Gabriel Chalita ministrará uma palestra com o tema: “Juventude chamada a construir a civilização do amor: afetividade, cidadania e ecologia”. Também haverá depoimentos de jovens universitários envolvidos em movimentos e pastorais da Igreja.


Após o intervalo para o lanche, os universitários vão se reunir no interior da Basílica para a celebração com o Papa Bento XVI. A programação termina com uma Santa Missa celebrada por Dom Raymundo Damasceno Assis, às 16h, no Santuário.


 


fonte: Arquidiocese de Aparecida (SP).
 

Caminho para defender a vida é zelar pela verdade, diz cardeal

“Caminho para defender a vida é zelar pela verdade”, diz cardeal



Zenit


De acordo com o Cardeal Eusébio Scheid, o caminho para defender a vida é zelar pela verdade.

O arcebispo do Rio de Janeiro explica, em mensagem aos fiéis difundida na semana passada, que a verdade é uma só e definitiva. “Não posso buscar meios-termos para acomodar situações condenáveis como, por exemplo, a defesa do tal “aborto terapêutico”, em casos de suspeita de malformação fetal. Isto é repudiável”, destaca.

Dom Eusébio recorda primeiramente que a estratégia da Igreja Católica no Brasil para levar uma mensagem comum da defesa da vida neste tempo de Quaresma é a colegialidade eclesial: “Desde o Norte até o Sul, de Leste a Oeste, em todos os quadrantes do nosso país, a Igreja Católica fala sobre a Campanha da Fraternidade, em plena harmonia de fé e vida”.

“Mas quando se deve defender a vida?”, questiona o arcebispo do Rio de Janeiro. De acordo com Dom Eusébio, a temática da Campanha da Fraternidade destaca a defesa da vida em cada etapa de seu desenvolvimento: “Contra o crime do aborto, contra o menosprezo pela promoção humana, contra a insegurança diante da violência hodierna e, finalmente, contra a eutanásia, a chamada “morte assistida” que, além de grave ofensa a Deus, é crime”.

Para o cardeal, “sem dúvida alguma”, o maior crime é o aborto, pois trata-se do assassinato de inocentes indefesos. “E não nos venham com argumentos forjados e absurdos, afirmando que a mulher tem direito ao seu corpo. Jamais uma criança por nascer pode ser considerada “parte” do corpo da mãe, ainda que dependa vitalmente dela para se desenvolver”, afirma.

Dom Eusébio enfatiza que o útero materno é o sacrário da vida de uma pessoa por nascer.

O purpurado recorda que a Igreja declara-se em favor da pessoa humana, que começa a existir no momento em que o óvulo é fecundado. “Qualquer legislação que a contrarie, configura-se como atentado à vida, destaca.

Ameaça à família é ameaça à humanidade


Ameaça à família é ameaça à humanidade



Entrevista com o Prof. Dr. Daniel Serrão, membro da Pontifícia Academia para a Vida




PORTO, sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008 (ZENIT.org).- «A Vida é um dom de Deus» e «a vida humana é uma responsabilidade dos homens, face a Deus. São os homens, nos seus atos concretos de todos os dias, que devem salvar a vida uns dos outros», afirma um renomado militante pró-vida.

Zenit entrevistou o Prof. Dr. Daniel Serrão, médico português, membro da Pontifícia Academia para a Vida, no contexto dos preparativos do I Congresso Internacional em Defesa da vida, que acontece de 6 a 10 de fevereiro, no Santuário Nacional de Nossa Senhora da Conceição Aparecida (São Paulo, Brasil).


–A família, a primeira de todas as instituições (que antecede a todas e é a principal de todas elas, base e suporte para o pleno desenvolvimento da pessoa humana), encontra-se hoje seriamente ameaçada, por inúmeros ataques, medidas legislativas que querem impor novos modelos, que contrariam, em tudo, a lei natural. Como o Sr. vê essa problemática?


–Prof. Dr. Daniel Serrão: Como um desafio, talvez o maior desafio colocado à humanidade, porque ameaça mesmo a sua sobrevivência. Pior que o das armas nucleares. Se os homens e mulheres, no seu conjunto, não arrepiarem caminho, estarão a cavar a sepultura da vida. Esta tomada de consciência de todos e de cada um de nós é mais importante que as leis dos governos, porque estas dependem da vontade das pessoas, nos regimes democráticos. A mesma energia, com a qual tantos combatem, também no Brasil, a degradação da vida natural de animais e plantas, deverá ser canalizada para a defesa da vida humana.


A família irá resistir a todos esses ataques? Como? Quais as iniciativas que devem ser tomadas para isso?


–Prof. Dr. Daniel Serrão: Como católico, acredito que a “vontade” de Deus é que a família se salve de todas as ameaças. Mas Deus atua, no mundo que Ele criou, por meio dos homens aos quais entregou esta tarefa. Quando no Gênesis está escrito que “concluída, no sétimo dia, toda a obra que havia feito, Deus repousou, no sétimo dia, do trabalho por Ele realizado”, a mensagem a receber é a de que o repouso de Deus são os homens que Ele criou à Sua imagem e semelhança. Portanto é aos homens que está entregue a guarda do mundo e a salvação da vida. Sem família a humanidade não terá futuro. O Congresso irá, seguramente, dar oportunidade a que sejam sugeridas muitas iniciativas para a salvação da vida. O próprio Congresso é já uma iniciativa de grande efeito. A seguir, há que mobilizar em permanência, unir com rigor e segurança e motivar a fundo, todos os movimentos e iniciativas que estão no terreno a defender e louvar a família.


Em sua exposição, no I Congresso Internacional em Defesa da Vida, a realizar-se no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, de 6 a 10 de fevereiro, o Sr. irá falar sobre o tema: “Família: futuro da humanidade”. Poderia nos apontar, em linhas gerais, os pontos mais importantes de sua apresentação?


–Prof. Dr. Daniel Serrão: Certamente. Falarei, primeiro da família como uma estrutura biológica e natural que assegurou, nos tempos primitivos, a sobrevivência da nossa espécie. Depois direi como a família se tornou uma estrutura que permitiu aos seres humanos cobrirem toda a Terra. Esta história de sucesso teve a sua base na família. A família passou, assim, a ser uma estrutura cultural, garantia da sobrevivência e fortemente implantada nos diversos grupos humanos, em todo o mundo. Por estas características, progressivamente adquiridas, a família foi assumida, por todas as religiões ao longo de milênios, como a verdadeira via de salvação. A tradição hebraica deu-lhe um lugar central entre todas as outras estruturas sociais. Mas foi Cristo quem a elevou à dignidade suprema de ser um sacramento. Celebrado pelo par biológico: homem e mulher. Analiso depois as dificuldades de celebrar este Sacramento e todas as manobras para o tornar numa banalidade nos tempos pós-modernos que nos estão a querer impor. Termino com um apelo a todos nós para que transformemos em realidade as palavras do Papa Bento XVI lançadas a mais de dois milhões de pessoas que se reuniram nas praças e ruas de Madrid: “Vale a pena trabalhar em favor da Família e do Matrimônio, porque vale a pena trabalhar pelo ser humano, o ser mais precioso criado por Deus.”


Que políticas públicas o Sr. considera imprescindíveis serem implementadas para proteger a família e dar à pessoa humana as condições adequadas ao seu verdadeiro desenvolvimento?


–Prof. Dr. Daniel Serrão: A primeira política pública é a que reconheça que a Nação, que o poder político governa, é constituída por famílias. Boas ou más, ricas ou pobres, são as famílias que formam a Nação e justificam a existência de Estado e de Governo. Daqui que o primeiro dever da política é reconhecer esta realidade e o segundo é o de que todas as medidas políticas – na educação, na saúde, na economia e impostos, nos transportes, na habitação, etc, etc – sejam sempre a favor das famílias e nunca contra elas. O Governo governa, de fato, famílias, não governa indivíduos isolados.


Como enfrentar o equívoco da educação sexual hedonista, que leva os jovens em direção contrária ao auto-domínio, à responsabilidade e à solidariedade, para estilos de vida individualistas e, portanto, anti-sociais? Que alternativas e que argumentos oferecer para convencê-los da coerência e da sabedoria da moral cristã, que visa acima de tudo a felicidade da pessoa humana?


–Prof. Dr. Daniel Serrão: A educação para a sexualidade saudável só pode ser feita na família e pela família, porque a família é uma estrutura sexuada, é construída sobre a união sexual de homem e mulher. Uma família que realiza, no seu viver quotidiano, uma sexualidade tendencialmente perfeita, é o melhor educador da sexualidade dos seus membros. O exemplo simples da vida real é mais valioso do que mil palavras. Mas porque a família tem este subtil poder de ensinar pelo exemplo, uma família disfuncional na sua expressão da sexualidade, vai provocar, nos seus membros mais jovens, uma sexualidade também disfuncional e, muitas vezes, perversa. É então que outras estruturas podem e devem intervir na formação dos jovens para uma sexualidade saudável. Os professores, fora do espaço pedagógico, que não é adequado, e os cristãos, em tempo e lugar apropriados, podem atuar nestas situações individuais, sabendo bem que estão a intervir e a entrar num espaço pessoal de intimidade que tem de ser respeitado. Não há educação sexual “coletiva”. A educação para o amor, que a moral cristã propõe aos jovens, é o mais sedutor de todos os ensinamentos e deve ser apresentada assim, como uma sedução, e não numa perspectiva de proibições, culpas e castigos.


Na sua opinião, por que não foi possível evitar a legalização do aborto em Portugal? Que fatores contribuíram para isso? E quais têm sido as conseqüências disso?


–Prof. Dr. Daniel Serrão: Estive envolvido, até aos ossos, no debate sobre a transformação do abortamento num ato banal e “pronto-a-vestir”. Perdemos este referendo, depois de termos ganho o anterior, basicamente por não termos sabido explicar bem às pessoas que, os que defendiam o sim ao aborto livre, gritavam contra o aborto clandestino, de “vão de escada”, com mulheres a sofrer e a morrer, etc., não por serem contra o aborto mas por ele ser clandestino. O desenvolvimento da aplicação da lei veio mostrar que tudo está a ser feito para que haja muitos abortamentos nos hospitais e nas clínicas privadas com acordos com o Serviço Nacional de Saúde. Os números dos primeiros meses já conhecidos são aterradores e desmentem esses propagandistas do sim que diziam que, com a legalização, os atos de abortamento iriam diminuir. E tudo indica que continuam os abortamentos clandestinos, em privados, muitos certamente para além do prazo legal que é de dez semanas. A lógica é: se pode ser feito até às dez semanas e este prazo não tem qualquer fundamento, porque não se há-de fazer-se depois desse tempo?


Por que o continente europeu tem se voltado às costas para sua rica tradição cristã?


–Prof. Dr. Daniel Serrão: A Europa “sofre de fartura”, como comentou Eça de Queiroz a propósito dos queixumes de um homem rico. Foi a evolução, no século XX, para um grande projeto de enriquecimento, como benefício da paz entre as nações européias, que levou ao desaparecimento do que chamo a “classe média das virtudes”. Este desaparecimento, ou a sua corrupção, levou ao desprezo dos valores sociais como a honestidade, a solidariedade, o respeito pela verdade, a procura de uma felicidade tranquila. Como a religião, em especial o cristianismo, ensinavam estes valores como forma de amar a Deus, da rejeição dos valores resultou a rejeição da religião que os ensinava. Contudo o apelo à transcendência permanece e justifica o aparecimento de seitas do mais diverso modelo. Algumas orientam este apelo profundo para roubarem dinheiro aos crentes ingênuos, que pagam a felicidade ilusória que lhes prometem.


Que esperanças o Sr. têm dos resultados do encontro internacional de especialistas em bioética e lideranças pró-vida a realizar-se em Aparecida?


–Prof. Dr. Daniel Serrão: A minha grande esperança, que vai ser uma certeza, é que o I Congresso Internacional em Defesa da Vida seja o motor poderoso de um grande e ativo movimento da autoconsciência dos homens, no Brasil e lá fora, porque este Congresso irá ter significativa repercussão mundial. Desse movimento das consciências a favor da família e da vida, nascerá em todos nós e nos que nos ouvirem, virem e lerem, um novo impulso para a alegria da ação junto das pessoas e, por estas, nos governos. A mensagem é simples: Defendam e apóiem a Família, porque estarão a defender e a apoiar a Vida. Acabar com a Vida é acabar com o futuro da humanidade.


O que o Sr. poderia destacar como relevante conter na “Declaração de Aparecida em Defesa da Vida”?


–Prof. Dr. Daniel Serrão: Que a Declaração afirme, claramente, que a Vida é um dom de Deus e que a vida humana é uma responsabilidade dos homens, face a Deus. São os homens, nos seus atos concretos de todos os dias, que devem salvar a vida uns dos outros, para salvarem a Vida. Matar um ser humano vivo, seja um embrião que já é vida, seja um doente terminal que ainda é vida, é o mais abominável ato contra a Vida.


O que o Sr. poderia destacar como relevante conter na “Declaração de Aparecida em Defesa da Vida”?


–Prof. Dr. Daniel Serrão: Praticando a “cultura da vida”, sempre e em todos os tempos, lugares e situações. Dizer e praticar um não absoluto e coerente à morte do homem pelo homem, à guerra e à sua indústria criminosa de armamentos, à pena de morte, ao assassinato insidioso de idosos dependentes e de doentes terminais, à hecatombe de milhões de crianças, em todo o mundo, mortas antes de nascerem, porque são abortadas, ou mortas depois de nascerem, pela violência, por doenças evitáveis ou pela fome. Quando estas situações que estão à nossa volta, desaparecerem desta Terra que Deus criou para os homens nela viverem felizes, então triunfará a “cultura da Vida”.


[Por Hermes Rodrigues Nery]