Com Cristo, os medos se desfazem e se aprende a respeitar a criação



Com Cristo, os medos se desfazem e se aprende a respeitar a criação



Na audiência geral o Santo Padre retomou a sua catequese paulina. De fato, de há muito o pontífice tem dedicado a sua catequese à vida e aos escritos do Apóstolo dos Gentios.


A audiência geral, realizada na Sala Paulo VI, no Vaticano, foi dedicada às Cartas escritas por São Paulo aos Colossenses e aos Efésios, concluindo-a com uma saudação aos participantes do VI Encontro Mundial das Famílias, que se inicia hoje em Cidade do México.


Em sua catequese, o papa ressaltou que Cristo é superior a qualquer forma de poder que possa “humilhar o homem” e, portanto, fazer parte de seu Corpo, isto é, a Igreja, significa ser protegido de toda adversidade.


O Santo Padre observou que mais de um terço das palavras escritas por Paulo à comunidade dos Colossenses se encontra de modo praticamente idêntico na carta enviada aos cristãos de Éfeso. Daí, o motivo pelo qual são também chamadas de “Cartas gêmeas”.


Bento XVI observou que, sobretudo, essas duas cartas dão substância a alguns conceitos basilares do bimilenário magistério da Igreja: Cristo “chefe” da Igreja – no sentido de guia, mas também no sentido de força vivificadora –, como também Cristo Senhor do cosmo, e a Igreja esposa de Cristo. Desenvolvendo esses pontos nodais do ensinamento paulino, Bento XVI afirmou:


“As duas Cartas nos trazem uma mensagem altamente positiva e fecunda. Cristo não tem porque temer nenhum eventual concorrente, porque é superior a toda e qualquer forma de poder que tenha a presunção de humilhar o homem. Somente Ele \’nos amou e deu a si mesmo por nós\’. Por isso, se estamos unidos a Cristo, não devemos temer nenhum inimigo e nenhuma adversidade; mas isso significa, portanto, que devemos nos manter firmemente ligados a Ele (…) Parece-me que isso seja importante também para nós, que devemos aprender a afrontar todos os medos, porque Ele está acima de toda dominação, é o verdadeiro Senhor do mundo.”


Enquanto “pegada de Deus”, Cristo é o Senhor também do cosmo, disse o papa, recordando a iconografia bizantina que muitas vezes o apresenta como Pantokrátor (todo poderoso), “sentado no alto sobre o mundo inteiro”. Uma visão que, por dois motivos, “é concebível somente pela Igreja” – observou:


“Seja na medida em que a Igreja reconhece que, de certo modo, Cristo é maior do que ela, vez que a sua senhoria se estende também para além de seus confins, seja na medida em que somente a Igreja é qualificada como Corpo de Cristo, não o cosmo. Tudo isso significa que nós devemos considerar positivamente as realidades terrenas, porque Cristo as recapitula em si; e, ao mesmo tempo, devemos viver plenamente a nossa específica identidade eclesial, que é a mais homogênea à própria identidade de Cristo.”


A senhoria de Cristo sobre a Igreja – sua “real esposa” – e sobre o cosmo é, em última análise – prosseguiu o papa – o sinal “do imperscrutável desígnio divino sobre as sortes do homem, dos povos e do mundo. Numa simples palavra – que São Paulo usa reiteradas vezes -, um “mistério”, sobre o qual o papa convidou os presentes a abrirem os olhos do coração mais do que os da mente.


O Santo Padre dirigiu, por fim, uma saudação especial aos participantes do VI Encontro Mundial das Famílias, que hoje se abre em Cidade do México:


“Possa esse importante evento eclesial manifestar mais uma vez a beleza e o valor da família, suscitando em todos novas energias em favor dessa insubstituível célula fundamental da sociedade e da Igreja.”


Concluída a catequese, o papa saudou, em várias línguas, os diversos grupos de fiéis, peregrinos e turistas presentes. Eis a sua saudação aos de língua portuguesa:


“Aos peregrinos portugueses vindos de Lisboa e aos brasileiros, professores, alunos e familiares do Colégio de São Bento do Rio de Janeiro, por ocasião das festas jubilares deste estabelecimento de ensino, como penhor de abundantes dons divinos que sirvam de estímulo para a sua vida cristã, concedo benevolamente minha Bênção Apostólica.”


Bento XVI concluiu a audiência geral concedendo a todos a sua Bênção apostólica.


Fonte: Radio Vaticano