EM QUEM VOCÊ VAI VOTAR?

 EM QUEM VOCÊ VAI VOTAR?

 Com os programas eleitorais pelo rádio e a TV, inicia a fase
decisiva na campanha eleitoral para as eleições municipais de 2012. É a hora de
conhecer melhor os candidatos, os programas e propostas de seus partidos e de fazer
o discernimento para a escolha dos candidatos.

 Estas eleições são importantes e merecem toda a atenção,
pois nos municípios está a base da vida política nacional: ali está o povo que
vota; vereadores e prefeitos darão, depois, o apoio aos candidatos a deputados
estaduais, federais e governadores e à própria escolha do mandatário supremo do
país. Sua importância maior, porém, está na gestão do poder local: escolher bem
o prefeito e os vereadores é fundamental para a comunidade municipal.

 Os candidatos farão a sua parte, nessas próximas semanas,
para se apresentarem aos eleitores e para obter o seu voto. Também os eleitores
deverão fazer a sua parte; vale a pena recordar alguns critérios para
acompanhar a campanha eleitoral e para discernir sobre as escolhas a fazer.
Abster-se de toda informação, votando em branco, ou escolhendo apenas na última
hora não seria a coisa mais aconselhável.

 É fundamental o conhecimento dos candidatos, sua história
pessoal e seu preparo para assumir o cargo que pretendem exercer. E é
necessário conhecer suas propostas e as de seus partidos, para avaliar se elas
levam em conta as reais necessidades da população e do município. O Legislativo
e Executivo municipal devem estar atentos às grandes questões que interessam à
vida da cidade: educação, saúde, segurança pública, transporte, habitação,
cuidado do meio ambiente, limpeza pública, saneamento básico; atenção especial
merecem os pobres e as camadas sociais mais vulneráveis da cidade. Propostas
com soluções mirabolantes e irreais devem receber a desconfiança do eleitor.

 Infelizmente, a campanha eleitoral tem mostrado, com
frequência, maior preocupação doscandidatos em “demolir” os
adversários do que em apresentar aos eleitores propostas de governo dignas de
fé e adequadas para o exercício do mandato pretendido. Os eleitores têm o
direito de cobrar propostas dos candidatos e de esperar que eles estejam
atentos às necessidades das comunidades locais.

 Os bons políticos não podem estar atrelados apenas ao
interesse de algum grupo, mas comprometidos com a promoção do bem comum. É
necessário desconfiar de quem pede o voto, mas, depois de eleito, nunca mais se
interessa pelas necessidades da população, em geral, e fica apenas a serviço de
algum grupo de interesse. Nesse particular, vale a pena avaliar o desempenho
político de quem pede para ser reeleito.

 A corrupção na vida política é um grande mal e deve merecer
uma atenção especial dos eleitores; a eleição é a grande chance de manter longe
do poder quem não tem “ficha limpa”, ou já esteve envolvido em
desonestidade, ou tem histórias pouco claras na gestão do poder público. Mais
uma vez, é preciso conhecer os candidatos e conferir: ficha limpa e
“cheia” de credibilidade…

 A corrupção política pode começar na própria campanha
eleitoral, quando há o abuso do poder econômico, ou se o candidato tenta
“comprar” o voto dos eleitores, em troca de pequenos benefícios. Mas
também os eleitores não devem “vender” seu voto, nem trocá-lo por
favores, mas votar com liberdade e responsabilidade; o voto representa a
dignidade pessoal, que nenhum preço paga. A compra de votos e outras formas de
pressão sobre o eleitor devem ser denunciadas, com base na lei 9.840, como
“crimes eleitorais”, cuja pena pode levar à perda do mandato.

 Religião e política devem ficar distantes? Depende. O
critério religioso não deve ser o mais importante; trata-se de escolher pessoas
honestas e dignas, capazes de governar e legislar. Mas é bom verificar, se os
candidatos respeitam a liberdade de consciência, as convicções religiosas e
morais dos cidadãos, seus símbolos religiosos e a livre manifestação da fé; não
vote em quem vai criar depois, de alguma forma, problemas para esses direitos.
E apoie candidatos que protejam e amparem a família diante das ameaças à sua
identidade e missão natural. A cidade que descuida ou abandona a família
herdará muitos problemas.

 Cardeal Odilo Pedro Scherer

Arcebispo de São Paulo (SP)

 Fonte: www.cnbb.org.br