Sofrimento, desafio para gigantes



Sofrimento, desafio para gigantes


 



 O amor do outro me torna maior, porque, quando amo e sou amado, fico maior. Por isso sentimos tantas saudades das pessoas que são especiais em nossa vida. Saudade de mãe é uma das coisas mais doidas.


Imagine a sua vida sem aquela pessoa. É o quanto você a ama. Quanto mais amamos, mais sofremos. Amar é tocar no limite; não tem como não sofrer se amamos. É possível viver sem o envolvimento do amor. O tempo todo precisamos de alguém ao meu lado  que segure a nossa mão no tempo difícil. Por sermos amados é que sofremos. Sofremos por grandes causas e Jesus nos convida a viver a experiência do amor.


O sofrimento de Jesus foi porque Ele nos amou. O momento em que Ele mais sofreu foi porque mais amou. É a sua riqueza. Desejo que você tenha a coragem de abrir sua caixa de sofrimento e ver que ela está embrulhada em papéis estranhos. Isso porque aquela pessoa extraiu uma coisa diferente de você.


Não há como deixar de sofrer, porque não há como deixar de amar. As melhores coisas da vida é termos alguém ao nosso lado. Precisamos das pessoas nos momentos ruins e bons; precisamos delas ao nosso lado dizendo que estão conosco.


Não posso mudar. Se vou sofrer nesta vida, então, tenho que descobrir como sofrer, não porque sofrer. Nem sempre encontramos respostas para os sofrimentos.


Se alguma coisa ruim acontece conosco, sempre perguntamos o por quê. Para muitas coisas encontramos respostas, pois são científicas ou matemáticas; mas há momentos em que não há respostas. O que fazemos? Sofremos. É nosso limite. Há momentos que não combinam com perguntas, principalmente na tragédia; porque, quanto mais perguntamos, mais distantes do consolo da vida ficamos.



Não há como deixar de sofrer porque não há como deixar de amar.
Foto: Wilson Martins A partir do momento em que me recuso a viver o sofrimento, as pessoas ao meu lado sofrem. Vamos organizar nosso luto e nossa tragédia, mas continuar vivendo. Vamos descobrir os motivos que nos ajudam a viver a vida. Muitas vezes, a incapacidade de organizar o sofrimento nos desestrutura.


Ninguém nos prometeu que seria simples e fácil, mas por que nunca estamos pronto a dar a volta para cima? Porque somos imaturos. Nós crescemos no tamanho, mas não no pacto com a vida. Maria foi grande porque estava de pé na cruz e não permitiu que a vida a sepultasse; ela superou a morte. Não permita que a morte de alguém sepulte a sua vida.


O que interessa é o que podemos fazer com a nossa vida. O que a vida fez não temos como mudar, pois já é passado e não temos como fazer o tempo voltar. Muitas vezes, não chegamos à resposta, porque não encontramos a pergunta certa. A sabedoria nos ensina que, ao invés de perguntar o porquê, devemos nos perguntar como passar por este sofrimento. É desafio de gigantes e ninguém nos prometeu que seria fácil. Chega de gente fracassada e indisposta para assumir a vida.


Quem não foi traído? Mas a misericórdia prevalece acima de qualquer coisa. Se alguém o traiu, expulse esse sofrimento de você. Se você foi traído, saiba que o mundo não acabou, por isso, levante a cabeça e deixe de chorar “pelo leite derramado”. Nada de ‘espírito de coitadinha’ e ‘coitadinho’. Todo mundo que anda curvado fica corcunda. Precisamos de pessoas que saibam viver a vida.

Padre Fábio de Melo
Padre que evangeliza como cantor, compositor, escritor e apresentador do programa “Direção espiritual” na TV Canção Nova